Um
telejornal folclórico:
Os critérios de noticiabilidade que
justificam o noticiário temático
Por
Patrícia
Lopes Santiago Silva e Valquíria
Passos Kneipp*
Resumo
Este
trabalho refere-se a uma única edição
do telejornal regional JM - Jornal do
Maranhão Primeira Edição,
exibido pela TV Mirante, no dia 8
de julho de 1997. Todas as matérias
exibidas no noticiário estavam relacionadas
a um único tema: a eleição
da cidade de São Luís Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO - Organização
das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura. O objetivo deste
trabalho é analisar a abordagem superficial
característica da televisão
que deixa transparecer o aspecto regional
único do Maranhão como sendo
a principal justificativa para a escolha
feita pela UNESCO e para a produção
de um telejornal temático. Analisar
os critérios de noticiabilidade considerados
nesse caso e levantar os aspectos culturais
e folclóricos como o bumba-meu-boi
apresentados no telejornal folclórico
também estão entre as preocupações
das autoras. Investigar o que mudou na cidade,
na indústria do turismo maranhense
e na vida das pessoas da cidade quase dez
anos depois da eleição de
São Luís Patrimônio
da Humanidade também são inquietações
que ocorrem às pesquisadoras. À
época a escolha da Unesco gerou grande
expectativa na população quanto
às possibilidades de desenvolvimento
do Estado em função do fortalecimento
da tímida indústria do turismo
maranhense.
Palavras-chave
[Bumba-meu-boi
/ UNESCO / Telejornalismo]
Introdução
Em
8 de junho de 1997 a TV Mirante,
afiliada Globo no Maranhão,
exibiu um jornal raro de se ver nas emissoras
de televisão brasileiras e, principalmente,
na grade de programação da
própria Rede Globo,
emissora de maior cobertura geográfica
do país. No lugar de um jornal, predominantemente,
factual com notícias divididas nas
clássicas editorias de polícia,
economia, esportes, política e cidades,
entre outras, a edição do
JM - Jornal do Maranhão Primeira
Edição, foi composta por
matérias culturais, a maioria, não
factuais e todas elas relacionadas a um
único tema: a eleição
da cidade de São Luís, capital
do Maranhão, Patrimônio da
Humanidade por um júri da Organização
das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO).
Este
trabalho busca fazer uma reflexão
a respeito do conteúdo desse telejornal
temático a partir dos critérios
de noticiabilidade que devem ser respeitados
no jornalismo. O que pode parecer pouco
comum para a maioria dos espectadores, jornalistas
e fontes não é novidade na
emissora de televisão pertencente
à família do ex-presidente
da República, José Sarney.
Segundo
a chefe do Núcleo da Globo
no Maranhão, Eveline Cunha, a emissora
já exibiu jornais temáticos
em diversas oportunidades. Cunha cita como
exemplos uma edição exibida
em dezembro de 1996 em homenagem a João
do Vale por ocasião da morte do cantor
e compositor maranhense e outra que teve
como tema central o assassinato do delegado
de polícia Stênio Mendonça.
A única diferença entre essas
duas edições temáticas
e o telejornal objeto desse estudo, que
agora passaremos a chamar de telejornal
folclórico, é que as edições
anteriores tratavam de assuntos factuais
relatou Cunha.
Sobre assuntos previsíveis, como
foi o caso do telejornal folclórico
em questão, a Chefe do Núcleo
da Globo no Maranhão citou
um outro exemplo: "sobre assuntos programados
tivemos também um sobre o Marafolia
(uma micareta, carnaval fora de época,
que acontece, em São Luís
em outubro). O jornal foi todo apresentado
do Corredor da Folia, na Avenida Litorânea",
relembrou Cunha.
Para
a jornalista deixar de cobrir assuntos factuais
de cunho não cultural no telejornal
folclórico não pode ser considerada
uma omissão dos principais fatos
jornalísticos do dia: "não
houve uma troca de notícias por folclore
ou cultura popular; achamos que estes assuntos
também eram notícias, afinal
o reconhecimento da UNESCO se deu também
por causa da cultura, do folclore, da culinária;
então, naquele dia, estes assuntos
eram notícias de grande interesse
da comunidade".
A
opção pelo telejornal folclórico
teve seus riscos relembra Cunha. Havia uma
preocupação de que algo de
maior repercussão pudesse acontecer
e derrubar o projeto do telejornal folclórico
do ar naquele dia. "A gente tinha a
idéia de que caso acontecesse algum
factual importante teria que entrar no telejornal;
mas, para sorte nossa, naquele dia o que
tinha de mais importante era o orgulho dos
maranhenses em ter uma capital que não
era mais só deles, era Patrimônio
de toda a Humanidade", explicou Cunha.
Para
analisarmos este telejornal folclórico
é importante tentar compreender quais
foram os critérios de noticiabilidade
adotados pela emissora. Algumas definições
comentadas por Mauro Wolf podem ser perfeitamente
ajustadas ao caso em questão.
A
noticiabilidade é constituída
pelo conjunto de requisitos que exigem
dos acontecimentos - do ponto de vista
da estrutura do trabalho nos órgãos
de informação e do ponto
de vista do profissionalismo do jornalista
- para adquirirem a existência pública
de notícias. Tudo o que não
corresponde a esses requisitos é
excluído, por não ser adequado
às rotinas produtivas e aos cânones
da cultura profissional.
Para
definirmos quais podem ter sido os critérios
de noticiabilidade do Jornal do Maranhão,
que se convencionou a chamar aqui de telejornal
folclórico, especificamente, consideramos
também a reflexão seguinte
a este respeito do autor:
Pode
também dizer-se que a noticiabilidade
corresponde ao conjunto de critérios,
operações e instrumentos
com os quais os órgãos de
informação enfrentam a tarefa
de escolher, cotidianamente, de entre
um número imprevisível e
indefinido de fatos, uma quantidade finita
e tendencialmente estável de notícias.
Ainda
com relação à noticibilidade,
Wolf faz uma ligação com a
perspectiva da notícia (newspaperspective),
dando a idéia de uma resposta que
os meios de comunicação devem
dar a questão que domina a atividade
dos jornalistas: "quais os fatos que
são importantes?".
Mas,
afinal, é possível definir
objetivamente o que vem a ser notícia?
É possível fechar num único
conceito para uma perspectiva tão
ampla? Para Atheide, um dos adeptos da abordagem
newsmaking, notícias são:
Aquilo
que os jornalistas definem como tal. Ou
ainda que a notícia é o
produto de um processo organizado que
implica uma perspectiva prática
dos acontecimentos, perspectiva essa que
tem por objetivo reuni-los, fornecer avaliações,
simples e diretas, acerca de suas relações,
e fazê-lo de modo a entreter os
espectadores.
É
válida a premissa de Mário
L. Erbolato, quanto a difícil tarefa
de definir o que é a notícia,
quando ele coloca: "não obstante
a importância da notícia, no
chamado império do jornalismo, ninguém
conseguiu defini-la satisfatoriamente. Os
teóricos dizem como ela deve ser,
mas não o que realmente é".
Diante
desta dificuldade, a abordagem teórica
do newsmaking cruza duas perspectivas
com relação à cultura
profissional do jornalista e a organização
do trabalho e dos processos produtivos para
observar a rotina do processo jornalístico.
Para
entendermos o critério de noticiabilidade
do Jornal do Maranhão, é
importante levar em consideração
a pesquisa de Ana Carolina Pessôa
Temer, a respeito dos telejornais da Rede
Globo:
O
telejornalismo veiculado pela Rede
Globo é, em termos quantitativos,
predominantemente, um espaço de
orientação de comportamentos.
Esse espaço é, predominantemente,
ocupado por matérias de serviços
e/ou matérias de denúncias
e matérias de interesse humano,
ou matérias que indiretamente apontem
comportamentos a serem seguidos.
Também
podemos considerar o que concluiu o pesquisador
Alfredo Eurico Vizeu Pereira Jr. ao realizar
um trabalho de acompanhamento e observação
de uma edição do RJTV1
(noticiário carioca exibido no mesmo
horário do Jornal do Maranhão
Primeira Edição cujo formato
deve ser seguido por todas as afiliadas
da Rede Globo no país):
Há
fortes indícios que os critérios
estabelecidos pelos editores do RJTV1,
ao longo de toda a sua atividade, funcionam
no sentido de tornar possível a rotinização
do trabalho jornalístico. Eles passam
a fazer parte dos procedimentos produtivos
dos editores onde ganham significado. Embutidos
no processo informativo, passam a ser considerados
elementos naturais. É o tão
decantado, pelos jornalistas, senso comum
das redações, o faro jornalístico
e o redigir se aprende na prática.
Contextualização
histórica e cultural
Fotos:
<http://portal.iphan.gov.br>.

Imagem
1. Casarões no Centro Histórico.
|
O
Estado do Maranhão possui 217
municípios. Nesse Estado de
640 quilômetros de litoral,
o segundo maior do Brasil, Floresta
Amazônica, cerrados, mangues,
delta em mar aberto e o único
deserto do mundo com milhares de lagoas
de água cristalina.
E
onde é possível desfrutar
também da maior diversidade
de ecossistemas de todo o país
vive um povo festeiro e acolhedor
em sua maioria. De acordo com o Censo
de 2000 a população
total é de 5.651.475 habitantes,
sendo que 60% destes vivem em zona
rural.
Na
capital, São Luís, de
acordo com dados do IBGE de 2004,
existem 959.124 habitantes.
|

Imagem
2. Rua
do Centro Histórico.
|
São
Luís foi fundada em 1612 por franceses,
invadida por holandeses, mas totalmente
construída pelos portugueses. As
ruas do Centro Histórico ainda mantêm
o traçado original e seus casarios
e sobrados são revestidos por coloridos
azulejos trazidos de vários cantos
da Europa. Os mirantes que surgem acima
dos famosos telhados de São Luís,
os postes antigos e as calçadas feitas
com pedras de cantaria trazidas pelos portugueses
nos porões dos navios à época
do Brasil Colônia dão um ar
romântico aos cenários.
O
famoso conjunto arquitetônico de São
Luís com cerca de 5 mil imóveis
datados dos séculos XVII a XIX remetem
a um passado de riqueza, onde barões
e comerciantes ostentavam as fortunas acumuladas.
Nesse conjunto de construções,
tombado em 1997 como Patrimônio da
Humanidade pela Unesco, estão instalados
lojas, pequenos armazéns, cinemas,
museus, teatros, bares, restaurantes e hotéis.
O
Maranhão também tem como uma
de suas características mais marcantes
a efervescência cultural. Bumba-meu-boi
de inúmeros ritmos e sotaques, tambor-de-crioula,
tambor-de-mina, cacuriá, dança-do-coco,
dança do Lelê, dança
do caroço e outras manifestações
folclóricas de influências
indígena, africana e portuguesa são
algumas das principais atrações.
No
carnaval blocos tradicionais, casinha da
roça e o fofão (figura característica
maranhense que brinca vestida com macacão
de chita e máscara, e se diverte
isoladamente ou em grupos assustando e provocando
outros brincantes ganham as ruas da capital)
transformam a cidade numa grande folia.
No
Maranhão também é realizada
a Festa do Divino Espírito Santo
em várias cidades. A de Alcântara
é a mais famosa e cheia de glamour.
Chama à atenção a beleza
cênica do espetáculo, que tem,
entre seus pontos máximos, o cortejo
pelas ruas da cidade histórica ao
som das caixeiras (mulheres que tocam um
instrumento chamado caixa, em som ritmado).
A
presença do reggae também
é marcante no Maranhão, principalmente,
em São Luís que recebeu o
título de "Jamaica Brasileira"
devido à forte influência do
reggae root's - reggae de raiz
- que embala uma nova geração
cultural.
São
Luís também é povoada
por inúmeras lendas e mistérios
perpetuados pela crendice popular. As mais
famosas são a da serpente encantada
e a de Ana Jansen Conta-se que uma serpente
encantada, que não pára de
crescer, destruirá a ilha de São
Luís quando a cauda encontrar a cabeça.
O animal gigantesco habitaria as galerias
subterrâneas que percorrem o Centro
Histórico da capital. A de Ana Jansen
e sua carruagem encantada conduzida por
um escravo sem cabeça e puxada por
cavalos também decapitados é
a mais popular.
Dizem
que a mulher rica, poderosa e, segundo alguns,
muito malvada com seus escravos, teria sido
condenada a pagar seus pecados vagando eternamente
pelas ruas da cidade numa carruagem encantada.
Dizem também que Ana Jansen oferece
uma vela acesa a quem encontra pelo caminho.
Vela que na manhã seguinte estará
transformada em osso de defunto.
A
beleza das praias Ponta D'Areia, Calhau,
Olho D'Água e Araçagy, as
altas temperaturas durante o ano inteiro
e uma culinária saborosa e exótica
também são outros atrativos
de São Luís. Fazem parte da
gastronomia maranhense: arroz de cuxá,
peixadas, tortas de camarão, de caranguejo,
de sururu, de siri, doces frescos, cristalizados
ou em compotas, além de uma infinidade
de sucos de frutas regionais como bacuri
e cupuaçu.
Também
nos pratos típicos estão às
influências dos índios, portugueses,
holandeses, franceses, libaneses, sírios
e, principalmente, dos africanos.
O
artesanato maranhense é diversificado
e bem diferente em função
das matérias-primas utilizadas. Entre
elas destaca-se a palha de buriti. A palmeira,
própria de regiões alagadas,
é facilmente encontrada nos municípios
dos Lençóis Maranhenses. Com
a fibra extraída da palha são
produzidas bolsas, chinelos, chapéus,
entre outros produtos.
Histórico
da TV Mirante
A
TV Mirante, que exibiu um telejornal
folclórico, no dia 8 de julho de
1997 foi fundada em 15 de março de
1987 como afiliada do Sistema Brasileiro
de Televisão (SBT). Atualmente
é afiliada da Globo no Maranhão
e faz parte do Sistema Mirante de
Comunicação de propriedade
da família Sarney. O maior grupo
privado de comunicação do
Estado. Também compõem o grupo,
o jornal O Estado do Maranhão,
o portal de Internet iMirante.com
e as Rádios Mirante FM e AM.
A
página do grupo na internet informa
que o mesmo "tem como missão
informar, entreter e oferecer produtos e
serviços com qualidade e identificados
com a história e a cultura do Maranhão
e do Brasil". Também deixa claro
a respeito da sua atuação
como organização empresarial,
pautando-se pela "permanente busca
da satisfação de seus clientes
e das oportunidades de mercado".
A
seguir um breve resumo dos principais programas
regionais jornalísticos exibidos
ao longo dos quase 20 anos de atuação
da TV Mirante no Maranhão.
O
primeiro programa local foi o telejornal
noturno Mirante Notícias,
que trazia um resumo diário dos principais
acontecimentos de São Luís.
Outros novos programas, com enfoques variados,
surgiram na grade, entre eles os telejornais
diurnos Idéia Nova, Stúdio
10 e o esportivo, Camisa 10.
Em 1990, o telejornal Stúdio 10
foi substituído pelo o programa
Maranhão TV.
Em
1991, a TV Mirante passou a ser uma
emissora afiliada da Rede Globo
de Televisão. À época,
os programas da TV Mirante passam
por uma completa reformulação,
evidenciando a constante preocupação
com a qualidade de suas atrações.
Entram no ar os telejornais Jornal da
Manhã e Jornal do Maranhão,
1ª e 2ª Edições.
Em 1992, estréia o programa Jornal
do Meio-Dia com entrevistas de personalidades
maranhenses, nacionais e internacionais
abordando temas de importância cultural,
política, social e econômica
da época.
Em
1993, o universo jovem, a cultura e o comportamento
de São Luís são retratados
no programa "Ação
em Cena".
"Revista
10" entrou no ar em 1996. Era uma
revista eletrônica com assuntos como
música, culinária, comportamento,
entrevistas, moda e utilidade pública.
O
ano 2000 foi marcado por dois novos programas:
"Repórter Mirante"
e "Mirante Comunidade",
que faziam uma cópia dos seus similares
exibidos pela cabeça de Rede no Rio
de Janeiro e em São Paulo.
Em
2001, o jornalismo tornou-se mais intenso,
com a integração de praças
do interior, através de links
nos telejornais. Os telejornais JMTV,
1ª e 2ª Edições,
uniram informação e utilidade
pública também seguindo os
modelos adotados pela cabeça de rede.
De
acordo com o Atlas de Cobertura Rede
Globo, em 18 de abril de2007, a TV
Mirante de São Luís atingiu
182 municípios. A população
alcançada pelo sinal da emissora
é de 5.221.504 habitantes, totalizando
3.628.429 telespectadores potenciais.
O
telejornal folclórico
O
telejornal folclórico exibido no
dia 8 de julho de 1997, no Estado do Maranhão,
retratava a cidade de São Luís
que acabara de ser anunciada como o mais
novo patrimônio da humanidade pela
UNESCO. No Brasil apenas cinco cidades têm
este título. Este foi o motivo mais
forte para que o Jornal do Maranhão
Primeira Edição pautasse
todas as suas reportagens no mesmo assunto.
O
telejornal folclórico começa
com escalada [1] destacando o título
recebido pela cidade e propõe uma
viagem pelas raízes culturais, pelas
riquezas arquitetônicas e, ainda,
alerta para a questão da preservação
do patrimônio.
O
primeiro bloco prossegue com um clipe com
imagens de Gilberto Borba onde vai sendo
mostrada a arquitetura colonial da cidade,
as manifestações culturais
como o bumba-meu-boi e o reggae,
mescladas com pessoas típicas da
região, ao fundo o som da música
regional "Ilha Bela" de autoria
e interpretação de Carlinhos
Veloz. Na seqüência entra um
link [2] com um repórter em
ponto do centro histórico da cidade.
No primeiro momento o repórter Sidney
Pereira chama um VT [3] mostrando os sobrados,
os casarões e algumas manifestações
culturais como tambores africanos.
As
características únicas da
cidade como os mirantes, os beirais e os
azulejos dos séculos XVII e XVIII
são mostrados como responsáveis
para o recebimento do título de patrimônio
da humanidade. Depois o repórter
volta ao vivo no link e entrevista
o vice-governador do Estado à época
José Reinaldo Tavares. O repórter
deixa claro que o título é
devido a muita negociação
e prestígio do governo, dando um
espaço para que o entrevistado inclua
os nomes de José Sarney e Roseana
Sarney, que são os políticos
mais populares da região.
Alguns
compromissos são assumidos pelo vice-governador
como a responsabilidade e o compromisso
de zelar por este patrimônio universal.
Este bloco é encerrado com povo-fala
[4] sobre o amor das pessoas pela cidade.
O
segundo bloco começa com um outro
clipe, que mescla fotos e imagens (de J.
R. Lima) da cidade, ao som da música
"Ilha Magnética" de autoria
e com interpretação de César
Nascimento. Em seguida entra outro link
com a repórter Márcia Coimbra
de um ponto da cidade. Ela chama um VT que
conta a história da conquista do
título pela cidade. Durante um ano
e nove meses, comissões técnicas
de 20 países avaliaram a cidade,
e devido ao seu acervo arquitetônico,
a sua cultura popular, a cidade de São
Luís foi eleita.
A
cidade possui 3.500 prédios históricos
dos séculos XVII e XVIII, formando
o maior conjunto arquitetônico de
origem portuguesa da América Latina.
No final deste VT um povo fala com populares,
que não sabem a importância
do título recebido pela cidade. Na
seqüência, a repórter
retorna ao vivo e entrevista o Secretário
de Cultura, Eliézer Moreira. O secretário
também fala da responsabilidade com
o patrimônio da cidade, mas ressalta
que esta responsabilidade é do mundo
e não só dos maranhenses.
Ele também cita a governadora Roseana
Sarney como influenciadora do título.
O
bloco termina com mais um povo fala da população
falando do orgulho de ser maranhense.
No
terceiro bloco a fórmula continua
a mesma: abre com clipe sobre a ilha de
São Luís, mostrando cenas
paradisíacas, com pontos turísticos,
pôr de sol, entre outras belezas,
ao som do refrão: "...sempre
haverá o sol, no amanhecer do seu
farol...", da música "Ilha"
de autoria e com interpretação
de Djalma Chaves, as imagens são
de Marcelo Nazaré. Depois o tema
explorado é o patrimônio histórico
e arquitetônico com a repórter
Carla Georgina que entra ao vivo de um ponto
em ruína e chama um VT.
A
matéria mostra alguns casarões
em ruínas à espera de projetos
de recuperação e preservação.
Na seqüência a repórter
volta ao vivo e entrevista o arquiteto Frederico
Burnet, que é da divisão de
projetos especiais SECMA. Na entrevista
o mesmo fala da existência de vários
projetos de revitalização
que deverão ser desenvolvidos pelo
Governo do Estado. O bloco se encerra com
um povo fala sobre o que existe de mais
belo na cidade.
O
último bloco começa com uma
Nota ao vivo [5] sobre um evento cultural,
onde haverá uma comemoração
pela conquista do título de patrimônio
cultural da humanidade. Depois uma Nota
Coberta [6], com imagens de arquivo ressalta
as manifestações folclóricas
da região como carnaval, São
João, bumba-meu-boi, Festa do Divino,
cacuriá, reggae, tambores-de-crioula
etc.
Para
encerrar um VT com o fotógrafo Dreifus
Azobel, que fotografou a cidade durante
72 anos de profissão. Um mosaico
de imagens e fotografias do arquivo pessoal
dele que conta a evolução
da cidade através de fotos de vários
ângulos. O telejornal se encerra com
um clipe de belas imagens do cinegrafista
Miguel Nery, com a música "Namorada
do Sol", que é de autoria de
Nonato Buzar, com a interpretação
da cantora mais conhecida fora do estado:
Alcione.
Espelho
do Jornal do Maranhão - 08/07/1997
1º
Bloco
PÁGINA |
RETRANCA |
REPÓRTER |
01
|
Escalada |
|
|
VINHETA |
|
02 |
Clipe |
|
03
|
Link
Vice-governador |
Sidney
Pereira |
04 |
Passagem
de bloco |
|
|
VINHETA |
|
[Intervalo
Comercial]
2º
Bloco
|
VINHETA |
|
05 |
Clipe |
J. R. Lima |
06 |
Link
Secretário Cultura |
Márcia
Coimbra |
07 |
VT População/orgulho |
|
08 |
Passagem
de bloco |
|
|
VINHETA |
|
[Intervalo
Comercial]
3º
Bloco
|
VINHETA |
|
09 |
Clipe |
Marcelo
Augusto |
10 |
Link
Arquiteto
Frederico Burnett |
|
11 |
VT
Povo fala da beleza |
|
12 |
Passagem
de bloco |
|
|
VINHETA |
|
[Intervalo
Comercial]
4º
Bloco
|
VINHETA |
|
13 |
Nota |
|
14 |
VT
Manifestações Culturais
|
|
15 |
VT
Evolução/Fotográfica |
Patrícia
Santiago |
16 |
Clipe
Alcione |
|
|
VINHETA |
|
5.
O aspecto cultural do Bumba-meu-boi
Foto:
Patrícia Santiago.

Imagem
3. Apresentação do Boi Barrica
no Festival Vale Festejar (São Luís,
2006).
Um
dos aspectos culturais importantes da região
é o Bumba-meu-boi. A festa do Bumba-meu-boi
é uma tradição que
se mantém desde o século XVII.
Ela arrasta maranhenses e visitantes por
todos os cantos de São Luís
nos meses de junho e julho.
Durante
a festa os bois se espalham nas periferias
e no centro. Na parte nova ou antiga da
cidade, grupos de todo o Estado se reúnem
em diversos arraiais para brincar até
de madrugada.
O
enredo da festa do Bumba-meu-boi resgata
uma história típica das relações
sociais e econômicas da região
durante o período colonial, marcadas
pela monocultura, criação
extensiva de gado e escravidão. Numa
fazenda de gado, Pai Francisco mata um boi
de estimação de seu senhor
para satisfazer o desejo de sua esposa grávida,
Mãe Catirina, que quer comer língua.
Quando descobre o sumiço do animal,
o senhor fica furioso e, após investigar
entre seus escravos e índios descobre
o autor do crime e obriga Pai Francisco
a trazer o boi de volta. Pajés e
curandeiros são convocados para salvar
o escravo e, quando o boi ressuscita urrando,
todos participam de uma enorme festa para
comemorar o milagre.
Brincadeira
democrática, que incorpora quem passa
pelo caminho, o Bumba-meu-boi já
foi alvo de perseguições da
polícia e das elites, por ser uma
festa mantida pela população
negra da cidade, chegando a ser proibida
em 1861 e 1868.
O
atual modelo de apresentação
dos bois não narra mais toda a história
do 'auto', que deu lugar à chamada
'meia-lua', de enredos simplificados. Hoje
existem mais de trezentos grupos de bumba-meu-boi
no Maranhão, subdivididos em diversos
sotaques. Cada sotaque tem características
próprias, que se manifestam nas roupas,
na escolha dos instrumentos, no tipo de
cadência da música e nas coreografias.

Imagem
4. Brincantes
do bumba-meu-boi.

Imagem
5. Personagem
do bumba-meu-boi.
O
aspecto cultural dos Tambores Africanos
e do Cacuriá
O
Tambor-de-Crioula é uma dança
popular do Maranhão. Uma tradição
mantida pelos negros e descendentes de escravos
africanos, mestiços e crioulos.
Na
dança, as mulheres fazem uma roda
e, no centro dela, só uma delas dança,
em frente do grupo de três tambores,
que não param de tocar.
Cada
um dos tambores tem uma função
bem definida: o pequeno faz repicado, o
médio de meião, ou socador,
marca o ritmo e o grande, ou roncador, faz
a marcação para a umbigada,
que é o ponto alto da dança.
A
umbigada é uma forma de convite para
que outra dançarina vá para
o centro da roda. A dança só
começa depois que o couro dos tambores
é aquecido cuidadosamente na fogueira.
O
Cacuriá é uma dança
regional, que surgiu na Festa do Divino,
em São Luís. No início
era dançada apenas ao som da caixa
do divino. Recentemente foram agregados
outros instrumentos, como violão,
cavaquinho e clarineta.
A
dança do Cacuriá parece uma
ciranda, mas com coreografias diferentes.
As
dançarinas usam saias compridas,
de retalhos, coloridíssimas e cada
participante tem um par.
O
criador do Cacuriá é Alauriano
Campos de Almeida, conhecido popularmente
como Lauro. Segundo ele, a dança
do Cacuriá é uma mistura de
samba, marcha e valsa e "chorado",
o que exige muito esforço físico.
Isto
explica o tempo médio de trinta minutos
para as apresentações dos
grupos.
As
partes, ao dançarem, executam um
ritmo muito engraçado, quando é
formado um cordão circular, com todos
os pares e as caixeiras, saindo um casal
de cada vez para o centro do círculo,
e com um abano na mão, começam
a dançar separado, chegando a se
tocarem apenas com o abano, quando é
feito o punga, e retornam ao cordão,
dando lugar a outro par.
Enquanto
se desenvolve a dança, as caixeiras,
em número de seis, cantam toadas
ou desafio, de improviso, sendo acompanhadas,
em coro, pelos dançantes. Os temas
cantados são quase sempre regionais,
como a seca, os animais nordestinos e a
vegetação.

Imagem
6. Grupo dança o Cacuriá no
centro histórico de São Luís.
O
que mudou neste patrimônio da humanidade?
Uma
outra possibilidade analítica para
este trabalho é agora dez anos depois
do ocorrido, verificar o que realmente mudou
neste patrimônio da humanidade?
Pouca
coisa se conseguiu apurar a este respeito,
em termos de números e dados concretos
sobre a cidade de São Luís.
Os órgãos oficiais não
forneceram informações concretas
sobre:
-
os investimentos para a restauração
do centro histórico de São
Luís;
-
a implementação da infra-estrutura
turística da cidade e da região
em torno;
-
o crescimento oficial do número
de turistas;
-
a preservação das tradições
culturais regionais. O que se sabe é
que nos primeiros 4 anos houve uma ampla
divulgação e se iniciou
o processo de preservação
do centro histórico, com o trabalho
do arquiteto Phelip Andrés, que
estava fazendo uma revitalização,
com o objetivo de trazer o morador de
volta ao local. Mas nos últimos
quatro anos todo este processo foi interrompido.
Mesmo o trabalho que já foi realizado
é muito pouco para o que pode ser
feito na cidade e na região.
De
acordo com o site iMirante.com,
do dia 03 de setembro, foi lançado
um Catálogo com informações
do Inventário dos Azulejos do Maranhão.
A publicação é fruto
da parceria entre a Companhia Vale do
Rio Doce com a Sociedade de Amigos
do Centro de Criatividade Odylio Costa.
De
acordo com o presidente do Convention
Bureau do Maranhão, Nan Souza,
quando São Luís foi eleita
patrimônio da humanidade o número
de turistas não chegava a mil pessoas
por ano. Em 2006 a cidade esperava receber
650 mil turistas. De acordo com Souza para
2007 espera-se um incremento de 10% deste
número. Para ele o crescimento é
devido aos investimentos em divulgação
e ainda: "maior articulação
para trazer grandes eventos e a inauguração
do centro de convenções que
poderá possibilitar a captação
de congressos o ano todo em datas bem definidas".
Em
contrapartida a essa perspectiva para cidade
pudemos observar o abandono e o descaso
dos proprietários dos casarões,
que são a maior atração
em São Luís, em uma matéria
veiculada pelo Jornal Nacional em
5 de maio de 2006. O VT, feito pela repórter
Viviane Medeiros, apontou os estragos causados
pela falta de conservação,
como rachaduras nas paredes, telhados despencando,
fachadas escoradas e alguns sobrados do
século XVII e XVIII que podem desmoronar
a qualquer momento.
Ao
todo eram 106 casarões, que representam
menos de 10% do total das construções
tombadas pelo patrimônio histórico.
De acordo com a lei a responsabilidade pela
recuperação e conservação
é do proprietário do imóvel.
A situação se agravou por
causa da chuva. De acordo com a superintendente
do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional: "ao Iphan
cabe a fiscalização e a orientação
dessas intervenções".
Hoje ainda existem sobrados do centro histórico
em ruínas e muitos sendo deteriorados
pela chuva e falta de conservação.
Outros imóveis da área correm
grande risco de desabar e foram abandonados
pelos proprietários.
Nos
locais encontram-se famílias que
trocaram ruas, calçadas e bancos
de praça pelos casarões em
ruínas que ameaçam desabar
a qualquer momento.
Considerações
finais
De
acordo com a chefe do Núcleo da Globo
na TV Mirante, Eveline Cunha, a emissora
teve como objetivo, ao colocar no ar um
telejornal folclórico, homenagear
a cidade que estava recebendo um título
tão importante quanto o de Patrimônio
Cultural da Humanidade. Esta homenagem,
no entanto, não levou em consideração
alguns princípios básicos
do jornalismo conforme Otto Groth propõe
como a universalidade, a periodicidade,
a atualidade e a difusão coletiva,
pois trocou as notícias do dia, por
um telejornal folclórico, produzido
com muitas matérias frias e de cunho
cultural. Para ele somente com os quatro
princípios básicos se pode
compreender o fenômeno do jornalismo.
Para
justificar essa troca Cunha relata o resultado
obtido com o telejornal na época:
"houve uma repercussão muito
boa; Mauro Wolf coloca entre os critérios
da notícia a proximidade, a localidade,
e que, quando se faz um telejornal valorizando
a terra do telespectador, ele assiste, gosta
e participa".
As
mudanças ocorridas na edição
do dia 8 de julho de 1997 do Jornal do
Maranhão Primeira Edição
podem ser consideradas inéditas
para o grande público, mas não
para a equipe da emissora que já
realizou outras experiências temáticas
deste tipo.
Com
relação ao fato da alteração
total do conteúdo do telejornal,
que normalmente trabalha com notícias
factuais, e naquela edição
optou por matérias frias e de conteúdo
cultural, pode-se caracterizar, que naquele
momento o assunto do dia era aquele, pois
ele fora definido previamente pela equipe
da emissora.
Mas,
podemos encontrar mais do que simples justificativas
para este caso inusitado. Sobrepõe-se
às explicações a questão
das imagens, que transmitem mais informações
do que o próprio texto jornalístico.
De acordo com Vera Íris Paternostro,
"a informação visual
transmite mensagens através de uma
linguagem que independe do conhecimento
de um idioma ou da escrita por parte do
receptor; a TV mostra e o telespectador
vê; ele se informa, está recebendo
a notícia e ampliando o seu conhecimento".
Esta
informação visual foi à
base do Jornal do Maranhão
daquele dia que entrou para a história
da emissora, da cidade e do jornalismo maranhense
graças à ousadia de repórteres,
cinegrafistas, produtores, editores de texto
e de imagem e de diretores, entre outros
membros da equipe que simplesmente decidiram
na reunião de pauta produzir um jornal
especial para um dia especial.
Notas
[1]
Escalada - Frases de impacto sobre
os assuntos do telejornal que abrem o programa.
O mesmo que manchetes. Uma escalada bem
elaborada deve prender a atenção
do telespectador, do começo ao fim
do telejornal. Frases curtas, podem ou não
ter teasers: dois ou três takes
(5 a 7 segundos) das imagens principais.
Paternostro, p. 142.
[2]
Link (conceito abstrato): Éa
ligação entre dois ou mais
pontos para transmissão de sinais
de imagem e som. Essa linha de transmissão
é composta de antenas parabólicas,
ou pelo sistema digital. O mesmo que enlace.
Paternostro, p. 145.
[3]
VT: O mesmo que videotape,
mas também usado para indicar a fita
onde está editada a matéria.
Paternostro, p. 153.
[4]
Povo Fala: Gravação
com várias pessoas sobre um tema
específico de uma reportagem. Pode
ser dona-de-casa fala, criança fala,
mulheres falam, dependendo do tipo de assunto
em que é necessária uma amostragem
de opinião. Recurso muito usado em
telejornalismo para avalizar, levantar um
tema. Paternostro, p. 147 e 148.
[5]
Nota ao Vivo: Quando não se
tem um repórter, mas existe uma notícia
com ilustrações, usa-se nota
coberta, que pode ser ao vivo ou pré-gravada.
As notas cobertas são textos noticiosos
redigidos pelos editores e gravados pelos
apresentadores dos telejornais e que são
cobertos por imagens na ilha de edição.
Prado, p. 41 e 42.
[6]
Nota Coberta: As notas cobertas são
textos noticiosos redigidos pelos editores
e gravados pelos apresentadores dos telejornais
e que mostram imagens ao vivo ou editadas
na ilha de edição. Prado,
p. 41 e 42.
Links
Disponível
em: <http://imirante.Globo.com>.
Acesso em: 15jul2006.
Disponível
em: <http://www.cidadeshistoricas.art.br/saoluis/sl_boi_p.php>.
Acesso em: 15jul2006.
Disponível
em: <http://www.tvcultura.com.br/caminhos/25quebradeiras/raizes-tambor.htm>.
Acesso em: 15jul2006.
Disponível
em: <http://www.puc-rio.br/jornaldapuc/agosto98/comunitaria/cacuria.html>.
Acesso em: 16jul2006.
Disponível
em: <http://jangadabrasil.com.br/revista/agosto69/fe69008c.asp>.
Data de acesso: 16 jul. 2006.
Disponível
em: <http://www.imirante.com.br>.
Acesso em: 01set2006.
Disponível
em: <http://www.citybrazil.com.br/ma/saoluis/folclore>.
Acesso em: 18abr2007.
Disponível
em: <http://comercial.redeGlobo.com.br/atlas2004/index.php>.
Acesso em: 19abr2007.
Disponível
em: <http://portal.iphan.gov.br>.
Acesso em: 20abr2007.
Referências
Bibliográficas
BUENO,
W. C. O jornalismo como disciplina científica:
a contribuição de Otto Groth.
São Paulo: ECA-USP, 1972.
ERBOLATO,
M. L. Técnicas de codificação
em jornalismo. São Paulo: Editora
Ática, 2001.
PATERNOSTRO,
V. Í. O texto na TV - manual de
telejornalismo. Rio de Janeiro: Editora
Campus, 1999.
PEREIRA
JR. A. E. V. Decidindo o que é
notícia - os bastidores do telejornalismo.
Porto Alegre: EDPUCRS, 2000.
PRADO.
F. Ponto eletrônico - dicas para
fazer telejornalismo com qualidade.
São Paulo: Limiar, 1996.
TEMER,
A. C. P. T. Notícias & serviços
nos telejornais da Rede Globo.
Rio de Janeiro: Sotese, 2002.
WOLF,
M. Teorias da comunicação.
Lisboa: Editorial Presença, 1995.
*Patrícia
Lopes Santiago Silva é jornalista,
pós-graduada em Comunicação
e Marketing, correspondente do Portal Terra
e da Revista Leis e Letras e Consultora
em Gestão de Comunicação
no Maranhão. E-mail: patriciasantiagonews@gmail.com.
Valquíria Passos Kneipp é
jornalista formada pela Unesp de Bauru,
mestre em Ciências da Comunicação
- Jornalismo e doutoranda pela ECA/USP,
professora de Introdução ao
Telejornalismo e Técnicas de Telejornalismo
na FGF - Faculdade da Grande Fortaleza e
Editora-Assistente da Revista PJ:Br - Jornalismo
Brasileiro. E-mail: valkneip@usp.br.
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