Resenhas
O
vigor da retórica
Por
Elvis Wanderley
Este
livro vem para contribuir no processo histórico do
desenvolvimento da comunicação, dando destaque
desde Aristóteles aos dias atuais, enfatizando o sistema
comunicacional latino-americano e brasileiro, e colocando
perspectivas para o plano futuro da Comunicação
da América do Sul. A obra foi dividida em dois títulos:
Cenários e Personagens.
No
primeiro momento quando o autor fala sobre o campo da comunicação,
ele mostra a política e a comunicação
como duas faces da mesma moeda, colocando a partilha do mesmo
território sobre os diferentes grupos humanos. Ele
ainda acrescenta "os grupos humanos substituíram
o poder da violência pela força do argumento,
obtendo o consenso duradouro ou negociando tréguas
estratégias entre competidores aguerridos", mostrando
o papel importante da comunicação. Como explicou
Aristóteles: "o homem é, por natureza,
um animal político", este seu atributo o autor
já coloca como o papel fundamental da comunicabilidade.
No
caso da retórica o processo readquire um grande vigor,
tomando em primeiro plano o papel da política, que
vem transformar o ciclo das revoluções burguesas,
provocando assim um grande exercício na habilidade
comunicacional dos seus agentes, que o autor descreve como: "mass
media", transformando o cotidiano das decisões
políticas. Tomando assim o estudo da nova retórica
cientifica, em um triângulo cooperativo entre Política,
Psicologia e Comunicação.
Logo
depois o autor fala do estudo do Paradigma de Lasswell, que
evidencia "a Propaganda Tecnhique in the World War (New
York, Knopf, 1927) o credenciaria para liderar o novo campo
acadêmico das ciências da comunicação
nos Estados Unidos". Dito isto se cria os paradigmas
comunicacionais lasswelliano: canais, comunicadores, conteúdo
e efeitos. Passando pelos estudos da propaganda empregada
durante a I Guerra Mundial e também no período
da Guerra fria. "Os objetos não se restringem
necessariamente aos episódios da comunicação
de guerra, embora seja perceptível um certo espírito
belicoso".
O
autor ainda retrata de forma bem enfática no campo
da comunicação política, quatro grupos
de destaque que se manterão legitima internacionalmente:
a memória do campo; a comunicação bélica;
a comunicação utópica; e finalmente
a comunicação utilitária. No que diz
respeito à natureza do conhecimento midiológico,
no livro se destaca o papel da práxis e da teoria,
e ainda se acrescenta três fluxos que determinam a
eclosão de tal fenômeno, que aí serão
aceitas pelas universidades com o aparecimento das primeiras
instituições destinadas a formar comunicadores.
Os fluxos são: industriais, profissionais e cívicos.
Ainda podemos destacar o valor que a Igreja vem dar a imprensa
a partir dos Papas Leão XIII e Pio XI, considerado
um marco para á época.
Depois
podemos evidenciar no livro a importância dos primeiros
passos da comunicação para se integrar ao papel
cientifico e social, emergindo ao bloco das ciências
aplicadas e depois passando pelo campo da "ciência
em crise", onde afirma o autor, através da explicação
de Kuhn: "reconhecer a crise é o prelúdio
apropriado ao surgimento de novas teorias. Ele argumenta
que o nascimento de uma nova teoria rompe com uma tradição
de prática científica e introduz outra nova
que se completa com regras diferentes e de acordo com o marco
referencial também distinto...". Ainda se pode
afirmar dar importância de Miége e Newcomb para
o processo comunicacional.
No caso dos Países Latino-americanos, o autor delineia uma importante
descrição do nascimento e a ampliação do campo
da comunicação nos anos 70, com a legitimação nos
30 na Argentina e Brasil e nos anos 60 com a Ciespal, através da disciplina
de Jornalismo. Ele explica ainda de vários momentos da Difusão
dos paradigmas da Escola Latino-Americana de Comunicação, e também
cita os importantes e primeiros seminários na área, como por
exemplo, o Seminário de La Catalina, em 1973, promovido pelo Ciespal,
este ciclo vai se completar nos anos 80, até o período de 1992,
quando aconteceu em São Paulo, o I Congresso Latino- Americano de Ciências
da Comunicação.
Daí o
autor faz uma abordagem na perspectiva para o novo século,
onde ele afirma as riquezas das idéias comunicacionais
na América Latina, com o surgimento nos anos 80 da
Asociación Latinoamericana de Investigadores de la
Comunicación - Alaic, dando o resgate a memória
investigativa lançada pioneiramente pelo Ciespal,
em 1977. Com este alcance cada vez mais das iniciativas dos
trabalhos em comunicação, nos anos 90, o autor
focaliza quatros iniciativas protagonizadas em São
Paulo, Lima, Buenos Aires e La Paz, como por exemplo, o inventário
crítico da produção comunicacional latino-americana.
O autor dá uma grande visibilidade quando ele referencia aos cursos
pioneiros de formação profissional, ao papel das universidades,
e ainda a transplantação dos modelos europeus ou norte-americanos
para o ensino de comunicação, indo ainda a liberdade curricular
para as universidades, determinando o campo comunicacional em duas variáveis:
a indústria midiática e os serviços midiáticos;
pode-se dizer, "que o campo comunicacional é um campo vocacionado
para a interdisciplinaridade", explica o autor. Daí ele vai ainda
mais longe quando define os cursos da área de comunicação,
dando ênfase a grade curricular e as suas dimensões que devem
compor em cada curso, evidenciando o processo de mudanças do universo
ocupacional acelerado em decorrência as inovações tecnológicas,
das mudanças econômicas e das transformações culturais,
transformando como um sinal de alerta.
Podemos acrescentar da importância que o autor coloca o passado, o presente
e o futuro das Escolas de Comunicação na América latina,
passando pelo panorama histórico sobre a pesquisa, onde se destaca o
papel do Instituto Brasileiro de Opinião Pública - Ibope, no
que diz respeito a um trabalho de sondagem eleitoral, para depois vir o debate
sobre os temas da comunicação política. No que diz respeito às
Universidades ele faz uma linha condutora das escolas de comunicação.
Logo depois vem o processo da criação dos primeiros cursos de
mestrados e doutorados em ciência da comunicação em algumas
universidades latino-americanas, onde se destaca as grande inovações
aos processos comunicacionais.
Quanto à projeção brasileira, o autor afirma seu destaque
nos anos 90, como top dos países com maior produção científica,
ao lado da Inglaterra, Canadá, França, Dinamarca e mais recentemente
Alemanha e Austrália, ele ainda explica que tal situação é explicada
pela situação da industria da comunicação, que é responsável
hoje por um terço do Produto Interno Bruto. Se destaca ainda as grandes
publicações de revistas científicas, onde teremos como
grande menção a Revista Brasileira de Comunicação,
publicada semestralmente pela sociedade científica da área: Intercom
- Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação,
com mais de 20 anos de atuação permanente.
Ainda
o autor menciona o prêmio Wayner Danielson 1997, onde
se simboliza a intensificação do intercâmbio
USA - América Latina, para os mútuos benefícios
para a comunidade dos communication scholars. Ainda identificamos
o capitulo onde se passa o projeto neoliberal, liberdade
de imprensa, democracia, opinião pública, e
ainda a comunicação utilitária, tomando
também aspectos sobre as formulações
políticas comunicacionais, a instrumentalização
da mídia, onde hoje se colocam no estado de atomização,
defasagem e assimetria.
Podemos dizer que é um verdadeiro marco para a comunicação
poder se situar em fatores históricos que vem com as contribuições
brasileiras no cenário latino americano, onde se destacam alguns autores
como o Muniz Sodré, Sergio Caparelli, e ainda o grande papel da Intercom.
Depois passamos para uma formação no contexto nacional, com Luiz
Beltrão, Barbosa Lima Sobrinho, Danton Jobim, para depois ver a consolidação.
O autor ainda cita algumas das principais instituições que deram
o ponta pé inicial para o caminho da pesquisa em comunicação:
Unicap, UnB, Cásper Líbero, mas depois vem em destaque a Escola
de Comunicações da USP, assumindo a liderança nacional,
lançando novos paradigmas pedagógicos ou científicos.
Dentro deste processo comunicacional, vale destacar alguns projetos de mestrados
citados pelo autor, onde se evidencia alguns defendidos por alunos da Universidade
Metodista de São Paulo, tendo como orientador o professor José Marques
de Melo, dando uma grande relevância para o universo de pesquisa em Comunicação.
No
que diz respeito aos personagens, o autor identifica alguns
grupos comunicacionais brasileiros como: grupo gaúcho;
grupos do centro oeste - que aí se destaca com a iniciativa
de resgatar a memória das Ciências da Comunicação
na América Latina, nasce então a própria
Cátedra Unesco de Comunicação, instalada
em 1996 na Unimesp -; grupo de São Bernardo; e depois
com os pioneiros da comunicação no Brasil:
Frei Caneca (Precursor da Teoria da Comunicação);
Costa Rego (Pioneiro do Ensino da Comunicação);
Luiz Beltrão (Pioneiro das Ciências da Comunicação);
e depois com o pioneirismo comunicacional americano com Raymond
Nixon (Artífice da Comunidade Mundial); Elihu Katz
(Inovador da Escola Norte Americana).
Fontes
bibliográficas
MARQUES
DE MELO, José. História do pensamento comunicacional.
São Paulo: Paulus, 2003
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