MONOGRAFIAS
Papa
João Paulo II clama por socorro:
a semiótica plástica em capas da Veja
Por Marielle Sandalovski Santos*
Resumo
Este
artigo analisa o ambiente gráfico apresentado pela
revista Veja, na edição de
06 de abril de 2005, quando esta expôs a "agonia"
final do papa João Paulo II. O
debate público provocado pelo material suscitou
o interesse do mesmo ser pesquisado. A Semiótica
Plástica de Jean-Marie Floch é utilizada
como base teórica.
Para
auxiliar na contextualização da discussão,
são apresentadas outras capas já publicadas
por Veja com a temática de João Paulo
II, de 1968 a 2005. Percebe-se
a tendência negativa das abordagens sobre o pontífice,
fato que pode ser observado do texto ao emprego de cores
e imagens.
Palavras-chave
Ambientes Midiáticos; Semiótica Plástica;
Design da Comunicação.
|
Imagens:
Reprodução

|
Introdução
A
morte de João Paulo II - em Roma, às 21h37 (16h37
em Brasília) do sábado, 02 de abril de 2005 -
ainda que esperada, devido ao seu delicado estado de saúde,
estremeceu parcela considerável da população
que acompanhava a cobertura feita pela mídia a respeito
da "agonia final" do pastor.
O
Papa, que ganhou popularidade em todo o mundo, dado o seu carisma
frente às massas e devido à super exposição
por que passou nos variados meios de comunicação,
foi vítima do jornalismo de consumo no final dos seus
dias. Como
se não bastassem a notícia da morte e as imagens
naturais de um papa debilitado que haviam se fixado na mente
da população ao longo dos anos, era necessário
chocar.
Em
06 de abril, a revista Veja, veículo de
circulação nacional, chamou a atenção
dos leitores para o "sofrimento terminal" de João
Paulo II. A referida edição trazia na capa uma
foto do pontífice. Aquele que em tom manso falava à
multidão, na capa da revista parecia bradar por socorro.
Ao observar a imagem, era impossível não sentir
algo, como que um cisco no olho.
Consternadas
com o tipo de exploração feito pela mídia,
diversas pessoas, católicas ou não, enviaram cartas
e e-mails de protesto para diversas publicações.
Imerso nesse contexto, este texto procura analisar a referida
capa publicada pela revista Veja, do Grupo Abril,
que recebeu quase 700 mensagens reclamando da foto publicada.
Contanto
que o próprio veículo, na seção
Cartas da edição de 13 de abril, abriu espaço
a manifestações como a do arcebispo metropolitano
de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti:
A
matéria de capa da edição 1899 realmente
só poderia apresentar como tema João Paulo II.
Consternada está a Arquidiocese de Curitiba com a imagem
exposta na capa da revista. Os fiéis cristãos
católicos sentem-se chocados com a exploração
da imagem de dor e sofrimento do pontífice que contribuiu
de maneira extraordinária para a transformação
do mundo. (VITTI in Veja, 2005b, p. 31).
Nas
rodas de leitores, a maioria das manifestações
era contra o fato de a Veja ter exibido tal cena, tanto
que na mesma edição e seção em que
foi publicada a opinião de Dom Moacyr Vitti, e de outros
leitores que emitiram tanto mensagens positivas como negativas,
a revista defendeu-se, afirmando:
A
imagem da capa de Veja em que o papa João Paulo
II é mostrado em sua última aparição
pública com vida causou em muitos de nossos leitores
um efeito negativo e absolutamente não desejado pelos
editores da revista. [...] Veja não quis chocar
ou ser sensacionalista. Ao escolher a foto em questão,
a revista estava - e está - certa de agir com correção
jornalística e, até, em concordância com
a vontade do próprio papa. (Veja, 2005b, p.
31, grifo do autor).
O
texto continua apresentando a justificativa de que o próprio
pontífice, ao aparecer pela última vez à
multidão, da janela de seu apartamento, no dia 30 de
março, desejava expor seu estado terminal. Segundo Veja
(2005b, p. 31), "manifestamente, o papa quis que aquele
momento de dor se tornasse público."
E
foi justamente devido ao debate público gerado pela capa
da revista que a Semiótica Plástica de Jean-Marie
Floch foi utilizada na tentativa de compreender aquele ambiente
gráfico apresentado por Veja. Para contextualização
da discussão, foram analisadas outras capas já
publicadas pela revista que fazem referência a João
Paulo II.
O
site oficial de Veja foi utilizado para essa busca. Conseguiu-se
recuperar em sua base de dados, denominada "Busca capas
1968 - 2005", a maioria das antigas capas da revista tendo
o papa como tema central.
Por
meio desse procedimento metodológico, foram localizadas
dez edições que cumpriam com a exigência
exposta. Seguem as reproduções dessas capas. [1]
Fig.
1 Capa publicada em 25 out. 1978.
|
Fig.
2 Capa publicada em 31 jan. 1979.
|
Fig.
3 Capa publicada em 02 jul. 1980.
|
Fig.
4 Capa publicada em 09 jul. 1980.
|
Fig.
5 Capa publicada em 20 mai. 1981.
|
Fig.
6 Capa publicada em 22 jun. 1983.
|
Fig.
7 Capa publicada em 22 mai. 1996.
|
Fig.
8 Capa publicada em 01 out. 1997.
|
Fig.
9 Capa publicada em 24 abr. 2002.
|
Fig.
10 Capa publicada em 06 abr. 2005.
|
Ao
observar textos e imagens, percebe-se que das dez capas, sete
induzem o leitor a pensar em dificuldade, em sofrimento. Será
que o papa, autoridade máxima da Igreja Católica,
sofreu por todos nós pecadores, assim como o Cristo?
Qual seria a real intenção dessas fotografias?
É evidente que podem ser muitas as interpretações.
A
seguir, a análise é realizada com base na semiótica
plástica de Jean-Marie Floch. Após essa contextualização,
será estudada a capa que versa sobre os últimos
momentos e a morte de João Paulo II.
A semiótica plástica e as capas de Veja
Com
o intuito de disponibilizar material diversificado a pesquisadores
da área, o Centro de Pesquisa Sociossemióticas
em São Paulo republicou "Alguns conceitos fundamentais
em semiótica geral", de Jean-Marie Floch. Logo no
primeiro parágrafo desse material, o autor afirma:
Para
a semiótica, o sentido resulta da reunião, na
fala, na escrita, no gesto ou no desenho, de dois planos que
toda linguagem possui: o plano da expressão e o plano
do conteúdo. O plano da expressão é o
plano onde as qualidades sensíveis que possui uma linguagem
para se manifestar são selecionadas e articuladas [...]
O plano do conteúdo é o plano onde a significação
nasce [...]. (FLOCH, 2001, p. 09, grifo do autor).
Ao
partir desse pressuposto, pode-se inferir que, ao recortar a
forma do plano da expressão [2], ou seja,
os atributos sensíveis presentes nas imagens hora mostradas,
tais atributos provocam o olhar do leitor. No plano do conteúdo,
esses atributos, com base no repertório de cada indivíduo,
passam à instância da significação.
Caso Saussure fosse convocado, este entenderia o plano da expressão
como significante e o plano do conteúdo enquanto
significado.
Portanto,
ao ter o olhar sensibilizado pelas imagens e demais componentes
gráficos que constituem as capas da Veja mostradas
anteriormente e buscando no repertório acumulado ao longo
da vida uma possível compreensão daqueles elementos
pictóricos, chega-se à idéia de sofrimento
associada ao papa João Paulo II.
Visualiza-se
nas seguintes capas: "O papa na América", de
31 jan. 1979; "O atentado contra o papa: o tiro que feriu
o mundo", de 20 mai. 1981; "O apóstolo do fim
do século", de 22 jun. 1983; "O sofrimento
do papa", de 22 mai. 1996; "O papa", de 01 out.
1997; "O calvário da igreja", de 24 abr. 2002;
e, "A grandeza da fé", de 06 abr. 2005, que
o pontífice está associado a uma imagem ou texto
conotativamente negativo. Floch (2001, p. 12, grifo do autor)
descreve o fenômeno da conotação da seguinte
forma:
Ao
mencionar acima o referente [...] fez-se alusão às
atitudes que cada sociedade adota frente às suas linguagens,
consideradas como "fiéis" à realidade
ou não, profanas ou sagradas, nobre ou vulgares etc.
Utilizar uma linguagem é, desde então, expor-se
ao julgamento individual ou coletivo dos outros. Este fenômeno
é o fenômeno da conotação.
Ao
nível da interpretação do enunciado, a
conotação negativa a qual as capas em estudo estão
ligadas deve-se à seleção, muitas vezes
intuitiva e inconsciente, dos componentes gráficos operada
pelo leitor e posterior compreensão desse plano da expressão.
A conotação propriamente dita realiza-se no plano
do conteúdo, por meio do julgamento individual ou coletivo
do enunciado exposto.
Ao
continuar o percurso que este texto pretende, qual seja da relação
entre o plano da expressão e o plano do conteúdo,
passa-se a distinguir os sistemas simbólicos, semióticos
e semi-simbólicos. Por sistemas simbólicos, entende-se
a relação conforme entre o plano da expressão
e o plano do conteúdo, ou seja, onde um está para
o outro, não ocorrendo distinção entre
eles para que a enunciação ocorra.
São exemplos desses sistemas os símbolos tradicionais.
Como sistemas semióticos entendem-se a relação
não amarrada entre os planos da expressão e do
conteúdo. São representantes desses sistemas as
línguas naturais. Por sua vez, os sistemas semi-simbólicos
trabalham com uma "amarração provisória"
ente os planos da expressão e do conteúdo. Neles
se enquadram o discurso publicitário, a poesia, as artes
plásticas, entre outros.
As
capas de revistas - composições sincréticas
- pertencem aos sistemas semi-símbolos. Mas, o que seria
o sincretismo? "No sincretismo, a imagem mais o texto formam
um terceiro texto." (NASCIMENTO, 2005, informação
verbal). Dessa forma, no estudo em tela, para que uma capa seja
compreendida, deve-se analisar desde a foto, passando pela manchete
e demais chamadas que possam figurar no espaço gráfico
em questão. A compreensão desses elementos se
dá enquanto um sistema semi-simbólico.
Lúcia
Teixeira, em "A práxis enunciativa num auto-retrato
de Tarsila do Amaral", busca na Semiótica Plástica,
mais especificamente nas obras de Greimas, base para a investigação
e possíveis perspectivas de compreensão da pintura
de auto-retratos.
Essa
discussão é pertinente ao debate proposto por
este texto, pois tanto um quadro quanto uma capa de magazine
semanal podem ser percebidas como composições
sincréticas, ou seja, formadas pela mistura de múltiplas
linguagens, como a tátil, a visual e a textual. Teixeira
(2004) destaca que a realidade está associada à
maneira que cada pessoa interpreta uma obra.
(...) no discurso pictórico, no desenho,
ou no discurso verbal, a credibilidade das representações
está submetida à densidade das conexões
estabelecidas entre as figuras. Multiplicando os procedimentos
de integração delas, o discurso cria mecanismos
de referencialização interna [...]. A realidade
não é mais o objeto, mas a transfiguração
que sofre no contato com o sujeito. (Ibidem, p. 232).
Assim,
os sistemas semi-simbólicos permitem que cada um produza
um texto particular. Quanto maior for o número de possibilidades
de intersecção entre os elementos que compõe
a peça, mais rico será o plano do conteúdo.
Ou seja, a compreensão sobre aquele material tende a
ser diversa e a não se esgotar rapidamente, uma vez que
se constitui em um discurso sincrético.
Um quadro, como Auto-retrato, de Tarsila do Amaral, em exposição
no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, é
uma obra rica em interações, contrastes, sombreamentos,
uma obra aberta à interpretação, à
reinterpretação, uma peça sincrética,
composta por "amarras provisórias" entre o
plano da expressão e o plano do conteúdo.
Assim,
se for considerado o que se explicitou até o momento,
a leitura das capas da Veja também acaba por ocorrer
mediante a perspectiva dos sistemas semi-simbólicos,
porque elas, assim como um quadro, guardadas as devidas proporções,
constituem-se em um discurso feito de "amarras provisórias"
entre os planos da linguagem.
Metodologicamente,
a partir desse momento, opera-se um recorte nos exemplos exposto
até aqui. Opta-se por analisar a última capa publicada
pela revista Veja sobre o papado de João Paulo
II, mediante embasamento teórico já apresentado
e contando, ainda, com a participação de outros
autores, que à frente serão apresentados. Tal
recorte deve-se à atualidade e à repercussão
social do referido material jornalístico.
A
grandeza da fé
A
justificativa exposta pelos editores de Veja para a publicação
do trabalho do fotógrafo italiano Pier Paolo Oto, da
agência noticiosa AP, na capa da edição
de 06 abril de 2005, está explícita no próprio
texto apresentado abaixo da manchete: "Ao expor seu sofrimento
terminal, o papa João Paulo II mostrou a coragem dos
grandes pastores e o significado original do sacrifício
cristão".
Se
for retomada a justificativa apresentada pela revista na seção
Cartas da edição seguinte, tal fato se confirma.
Porém, esse realmente era o desejo do pontífice?
A
exposição do "sofrimento terminal"
mostra, realmente, a "coragem dos grandes pastores"
e o "sacrifício cristão"? Isto
seria, como diz a manchete, "A grandeza da fé"?
Para
muitos leitores, a capa em questão, principalmente
no que tange ao aspecto fotográfico, conota agressividade
e conse-qüente sensacionalismo.
Os
questionamentos se estenderam da conversa frente às
bancas de revista e entre amigos aos sites especializados
em comunicação, como Comunique-se e Canal
da Imprensa.
|
|
Rosto
deformado vende revista? Há quem pense que sim. Ninguém
compõe uma capa sem considerar o potencial de venda.
Um papa agonizante vende muito, um papa agonizante, em 'close-up',
vende muito mais. É a tese. Temos aí um caso
típico em que uma imagem vale menos do que mil palavras.
Estas vieram em socorro do que se poderia chamar de bom jornalismo
- o papa sacrificou-se e, heróico, referendou um princípio
basilar: ser cristão é sofrer direitinho até
a redenção. (LANYI, 2005).
Ao
explorar o sofrimento do papa, através do momento que
chamam de "Um adeus com dor" - título da matéria
publicada na edição 1899 - Veja recebeu
695 cartas, número que, segundo o próprio periódico
(2005c), suplantou a quantidade de comentários formais
que chegaram à redação quando do atentado
terrorista que ocorreu em 11 de setembro de 2001. Naquele período,
647 cartas foram recebidas.
Continua
na liderança, com 964 cartas, a edição
que exibia na capa a seguinte temática: "O que querem
os radicais do PT".
Enquanto
uma composição sincrética, percebe-se a
necessidade de observar a capa exposta analisando as diversas
linguagens que a compõe, como a fotográfica, a
textual e a questão da cor. Intuitivamente, os próprios
leitores da revista já realizaram, em grande parte, como
é apreendido da fala de Lanyi, a análise do material.
Dentre
todos os discursos que compõem a capa papal, o fotográfico
parece ser o que despertou a atenção de imediato
dos enunciatários. Além de a Veja dar preferência
a imagens conotativamente negativas do pontífice, dentre
as dez capas nas quais a revista trabalha a temática
de João Paulo II, apenas em quatro há chamadas
secundárias (orelhas) para outras matérias. Pode-se
inferir que o tema papal sustenta-se, sem a necessidade de auxílio
de outro fato jornalístico, ou seja, desperta sobremaneira
o interesse social.
Quanto
ao efeito simbólico das cores, a veste, em tom creme,
é realçada pelo amarelo empregado nas fontes.
Esta cor, mediante a visão popular, pode significar riqueza
(Santa Sé), como, segundo Guimarães (2000), estado
de alerta, loucura, traição e exclusão.
Se a história for remexida, o amarelo figurava na estrela
de Davi, que devia ser aplicada às roupas para a fácil
identificação dos judeus.
Também
distinguia os condenados pela Inquisição, que
eram obrigados a vestir um hábito amarelo. Se a compreensão
pender para as últimas possibilidades, a própria
revista estaria denegrindo sua imagem, devido à presença
do amarelo no logotipo da publicação. Enquanto
semi-símbolo, o entendimento está aberto. Assim,
Guimarães (2000, p. 89-90) questiona:
Cabe-nos
perguntar se uma sociedade recente como a nossa, [...] distante
de fatos históricos como a Inquisição,
não estaria mais próxima da atuação
positiva do amarelo: a cor da alegria, do calor, do ouro,
do fruto maduro e da tropicalidade. [...] A estrela de Davi,
bordada em amarelo, e "uniforme" símbolo
da opressão nazista, teria dado lugar ao uniforme amarelo-canário
da Seleção Brasileira de Futebol, que surgiu
na década de 50?
Como
fundo, optou-se pelo preto, aplicado, inclusive, no vazado da
fonte que constitui o logotipo da revista, com a possibilidade
de significar luto, trevas, tristeza. A própria magazine
estaria em luto?
Para
dar continuidade a análise, Antonio Vicente Pietroforte
é chamado. No livro "Semiótica visual, os
percursos do olhar", entre as discussões do autor
está o semi-simbolismo na pintura. Pietroforte (2004)
afirma que a relação semi-simbólica entre
termos contrários pode ser expressa através da
luz.
Demonstra
tal afirmação na prática ao desconstruir
um desenho de Henrique Alvim Correia, expoente brasileiro na
pintura do final do século XIX e início do XX.
Nesse
desenho, considerado uma sátira de costumes, Alvim Correia
retrata, nas palavras de Pietroforte (2004, p. 67), "[...]
a beleza de uma jovem sendo massacrada covardemente pela feiúra
de uma multidão." No plano da expressão,
estariam luz versus sombra e, no plano do conteúdo, respectivamente,
liberdade versus opressão.
Partindo
desse estudo, pode-se chegar a afirmar que o fundo preto que
figura na capa da Veja em estudo, enquanto plano da expressão,
teria seu correspondente no plano do conteúdo como opressão,
sofrimento, morte.
Por sua vez, o tom claro das vestes do pontífice poderia
corresponder, no plano do conteúdo, à liberdade,
quem sabe conquistada por meio de seu calvário. João
Paulo II, portanto, não estaria soltando um "grito
de liberdade"?
Considerações
finais
Ao
associar a imagem de João Paulo II - principalmente as
características faciais - às cores que compõem
a capa da revista Veja de 06 abril de 2005 - especialmente
o preto que perfaz o fundo - arriscaria dizer que a cor preta
embruteceu ainda mais a fotografia grotesca de uma papa que,
admirado por sua força, perseverança e espírito
aguerrido, clamou por socorro.
Quem
sabe o bradar se dirigiria aos céus, já que João
Paulo II parecia estar olhando para o mais alto.
Eis
uma composição gráfica semi-simbólica
aberta a diversas interpretações.
Entende-se
que a leitura aqui empreendida é um dos possíveis
caminhos pelos quais o leitor da Veja pode ter caminhado
quando se deparou com o clamor de João de Deus. Outras
interpretações são perfeitamente cabíveis,
já que o repertório de cada indivíduo constitui-se
de experiências singulares.
Notas
[1]
A Edição Histórica "João Paulo
II 1920 - 2005" também apresenta na capa uma foto
do pontífice, porém, essa edição
foi desconsiderada por se tratar de um número extra editado
por Veja, diferente das dez tomadas para observação.
[2]
Tanto o plano da expressão quanto o plano do conteúdo
são constituídos de forma e substância.
A forma pode ser compreendida como o recorte organizado
de uma substância, a maneira como algo é
apresentado. Tal recorte é passível de produzir
significação. Já a substância
pode ser tomada enquanto suporte variável que articula
a forma, ou seja, a substância é uma base informal.
A relação entre forma e substância é
de pressuposição recíproca.
Referências
Bibliográficas
FLOCH,
Jean-Marie. Alguns conceitos fundamentais em semiótica
geral. In:______. Documentos de estudo do Centro de Pesquisa
Sociossemióticas. São Paulo: Centro de Pesquisas
Sociossemióticas, 2001.
GUIMARÃES.
Luciano. A cor como informação: a construção
biofísica, lingüística e cultural da simbologia
das cores. São Paulo: Annablume, 2000.
LANYI,
José Paulo. 'Veja' não sabe lidar com o
pop. Disponível em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=324ASP011.
Acesso em: 08 mai. 2005.
PIETROFORTE,
Antonio. Semiótica Visual: os percursos do olhar.
São Paulo: Contexto, 2004.
TEIXEIRA,
Lúcia. A práxis enunciativa num auto-retrato
de Tarsila do Amaral. In: OLIVEIRA, Ana Claudia de (Org.).
Semiótica plástica. São Paulo: Hacker,
2004.
Veja.
São Paulo: Ed. Abril, ano 38, n. 14, 06 abr. 2005a.
Veja.
São Paulo: Ed. Abril, ano 38, n. 15, 13 abr. 2005b.
Veja.
São Paulo: Ed. Abril, ano 38, n. 16, 20 abr. 2005c.
Veja
on-line. Disponível em: http://Vejaonline.abril.uol.com.br.
Acesso em: 28 abr. 2005.
Obs.:
Texto originalmente apresentado no V Encontro dos Núcleos
de Pesquisa da Intercom, realizado em setembro de 2005, na UERJ
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
*Marielle
Sandalovski Santos é formada
pela UEPG, mestranda
do Programa em Comunicação e Linguagens da UTP,
integrante do grupo de pesquisa JOR XXI e professora de Jornalismo
da FADEP. E-mail: mariellejornalista@yahoo.com.br.
Voltar
|