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Manchetes


À professora e amiga

Por Profa. Dra. Ruth Vianna

Na Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação 1, pudemos encontrar um texto brilhante de Gisela Ortriwano sobre a presença do Rádio na Copa do Mundo, na França, em 1938, conforme Box colocado ao pé desta página.

Nesta pequena matéria de Adeus a Gisela publicada pela Revista Digital do Pensamento do Jornalismo Brasileiro, pessoalmente gostaria de dizer que conheci a Gisela em 1976, na Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, quando ela foi minha professora de Radiojornalismo e Telejornalismo e, mais do que professora ela foi uma grande amiga, como costumava ser de todos os seus alunos. Para mim ela foi muito mais que amiga, pois pudemos conviver muitas passagens importantes de minha vida profissional e pessoal, na qual ela esteve presente sempre com uma palavra de ânimo e orientação positiva.

Aprendi muito com a Gisela sobe jornalismo radiofônico e televisivo e posso dizer que ela foi uma das grandes responsáveis de minha paixão por esta área, pois em 1979 nos levou a conhecer as produções de jornalismo na TV Cultura, onde realizamos um documentário sobre a produção de telejornalismo e radiojornalismo desta emissora, que naquela época ainda era feita em suporte de película cinematográfica e tinha que ser revelado e editado aos moldes do cinema.

Os equipamentos que utilizamos para a gravação e captação de imagens eram gigantescas câmeras muito pesadas, com muitos cabos e fios; equipamento de áudio, iluminação, baterias e carregadores elétricos, não havia nada digital, mas sim uma mistura de analógico e mecânico, envolvendo um grupo grande de profissionais para podermos realizar apenas um documentário ou um telejornal, por exemplo. A TV Cultura funcionava assim naquele ano de 1978, 1979 e creio que muitas das emissoras brasileiras também, embora a Globo já tivesse dado seus saltos tecnológicos bastante significativos.

O importante de tudo isto era a magia de se produzir audiovisual e conhecer a filosofia e conceito de captação, produção, montagem e veiculação, após ter-se trabalhado o roteiro. Em 1980, quando de nossa formatura ela foi a nossa Patrona, pois era uma das mestra mais querida de todos nós.

Fiquei sem ver a Gisela por uns dez anos, quando em 1992 ela participou de minha banca examinatória no Concurso para o Magistério Superior na UFMT, em Cuiabá. Lá estava ela, como sempre: amiga, mas rigorosa em seus princípios e sabedorias. Depois deste ano a vi algumas poucas vezes na ECA, mas ao me ausentar por mais cinco anos quando fui viver em Barcelona não falei mas com ela. Não obstante, reencontrei velhos amigos seus como o professor Emilio Prado e Armando Balsebra na UAB- Barcelona, que se recordaram com carinho e respeito da Gisela. Fui aluna deles e lembrei que estudei com Gisela através dos livros deles.

De volta ao Brasil e ao realizar o Pós- Doutorado no Departamento de Jornalismo e Editoração, em 2002, a reencontrei e como sempre amável, gentil e amiga.

Tive o prazer de revê-la e poder dizer pessoalmente como ela foi uma das professoras de minha graduação considerada a mais importante na minha formação e de muitos de meus colegas de classe. Ela agradeceu. Não obstante, a Gisela ficava sempre em uma sala ao lado da sala 32, sala na qual fui acolhida pelos professores do Núcleo de Jornalismo Comparado. Ela sempre ficava só, muito só e parecia não querer conversar com ninguém.

Vez por outra aprecia no corredor e sorria. Nestas oportunidades eu lhe dizia que queria fazer uma entrevista com ela, mas ela sempre fugia desta entrevista pessoal. Gisela me passou sim informações sobre como fora o início do Departamento de Jornalismo, e também da primeira geração de alunos do DJE, mas sobre ela mesma, discretamente ela não gostava de falar. Respeitemo-la.

Fiquei muito triste ao saber que a Gisela estava internada no HU. Fui visitá-la e ela se despediu de mim e do professor José Marques de Melo, nos dizendo "que estava partindo", enquanto uma funcionária da ECA, amavelmente lhe alimentava, semanas depois ela nos deixaria para sempre, em 19 de outubro de 2003, em plena Primavera no Brasil.

Desta forma somente posso deixar o meu muito obrigada e um abraço para esta professora e amiga.

2 França 1938, III Copa do Mundo:
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O rádio brasileiro estava lá

....Por Gisela S. Ortriwano

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