Entrevistas
"Defender
nossas conquistas é lutar por
um ensino de Jornalismo com qualidade"
Entrevista
concedida por Sérgio Murillo de Andrade (presidente
da Federação Nacional dos Jornalistas -
FENAJ) a Roseane
Pinheiro*
Roseane
Pinheiro - A partir do retorno da obrigatoriedade do diploma
universitário para o exercício do Jornalismo,
quais os próximos desafios no sentido de melhorar
a qualidade do ensino nessa área?
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Reprodução
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Sérgio
Murillo - Sem
dúvida é a criação do Conselho Federal
dos Jornalistas. Sempre defendemos que uma das principais missões
do CFJ é zelar pela qualidade do ensino de jornalismo
no Brasil. Papel semelhante que exerce a OAB em relação
ao ensino de Direito.
RP
- De que forma pode ser incrementado o diálogo entre
sindicatos dos jornalistas e as escolas de Comunicação?
SM - É um tema importante para as escolas e estratégica
para os
sindicatos. É uma questão de sobrevivência
do movimento sindical dos
jornalistas. Temos que criar diferentes meios e canais de diálogo
com
professores e, especialmente, estudantes de Jornalismo.
A
FENAJ está empenhada em abrir espaços específicos
nos nossos eventos para o debate da realidade do ensino no País.
O
Sindicato de SP, por exemplo, tem uma diretoria liderada por
estudantes de várias escolas do Estado. O Sindicato do
Paraná tem um prêmio bastante disputado, o Sangue
Novo, voltado somente para as escolas.
Outro
exemplo: quando fui presidente do Sindicato de Santa Catarina,
participava das reuniões do colegiado do curso de Jornalismo
da UFSC.
RP - Qual sua avaliação do projeto
da Cátedra FENAJ no curso de Jornalismo da Universidade
Federal de Santa Catarina?
SM
- Esta é uma das formas mais produtivas e eficientes
de ampliar a relação Sindicatos e escolas. O projeto
também está sendo aplicado na Universidade Federal
de Alagoas desde o ano passado e este mês (novembro de
2005), será implantado no Pará.
Espero
que outras escolas tomem também a mesma iniciativa.
RP - Quais as principais dificuldades enfrentadas
pelo ensino do Jornalismo no Brasil e quais os caminhos para
superá-las?
SM
- As dificuldades principais são as mesmas das demais
áreas do ensino superior no País. Especialmente
o ensino público e gratuito que atravessa uma profunda
crise, alargada nos últimos anos.
Infelizmente,
a Reforma Universitária em discussão no governo
não apresenta nenhuma mudança substantiva deste
quadro.
RP - Em relação ao retorno do Jornalismo
como sub-área da Comunicação na Tabela
da Capes, qual sua avaliação dessa segunda vitória
dos jornalistas?
SM
- O rebaixamento do Jornalismo, na proposta burocrática
anterior, era uma decisão autoritária e que representava
um grande retrocesso.
Mostramos
articulação e determinação. Isso
é importante para o Jornalismo enquanto área de
conhecimento e também como profissão.
RP - Como está a interação da FENAJ
com outros fóruns da área da comunicação,
como a INTERCOM e a SBPJor? Podem ser realizadas mais ações
conjuntas, a exemplo da questão da Tabela da Capes?
SM
- Estamos em sintonia permanente com o Fórum dos
Professores de Jornalismo, a SBPJor e a Intercom. Essa articulação
é importante para a qualidade do ensino com reflexos
evidentes na organização da categoria.
Tenho
dito com freqüência que a melhor forma de defender
nossas conquistas profissionais, como a regulamentação,
é lutar por um ensino de jornalismo com qualidade e associado
a um projeto de nação soberana e emancipada, especialmente
do ponto de vista da ciência, tecnologia e cultura.
*Roseane
Pinheiro é jornalista e mestranda em Comunicação
Social pela Universidade Metodista de São Paulo.
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