Uma
análise do Jornal do Tocantins
A
eficiência comunicacional
na relação texto-legenda/fotografia
Por
Angélica Mendonça e Carlos Franco*
De
maneira lata, quando se fala em fotografia jornalística
ou fotojornalismo, fala-se, na atualidade, de fotografias que
representem fatos e/ou eventos, e mais do que isto que disponibilizem
um recorte desses acontecimentos, da realidade e que, dentre
outras sensações e impressões que possibilitem
ao seu receptor o ''testemunho dos fatos''.
A
fotografia é um dos campos da informação
que possibilita inúmeras subdivisões de gênero,
dentre eles, o próprio fotojornalismo que, também
abrange inúmeras variedades fotográficas, como
por exemplo, o fotodocumentarismo, cuja característica
principal está na escolha e no planejamento estratégico
prévios, do que e como se pretende fotografar.
Sousa
(2004) considera que as fotografias produzidas com diferentes
fins, que não o de serem veiculadas na mídia impressa,
podem também se tornar fotografias jornalísticas.
O autor define estas fotografias como sendo aquelas que possuem
valor jornalístico [1] ''(...) e que são
usadas para transmitir informação útil
em conjunto com o texto que lhes é associado" (SOUSA,
2004, p. 11).O mesmo autor ainda ressalta que:
O
fotojornalismo é, na realidade, uma atividade sem fronteiras
claramente delimitadas. O termo pode abranger quer fotografias
de notícias, quer as fotografias dos grandes projetos
documentais, passando pelas ilustrações e pelos
features (as fotografias intemporais de situações
peculiares com que o fotógrafo depara), entre outras
(SOUSA, 2004, p. 11).
Porém,
mesmo considerando a afirmação de Sousa de que
não há fronteiras delimitadas para o fotojornalismo,
existem manuais que trazem algumas orientações
que caracterizam a fotografia jornalística por meio de
alguns critérios, em especial o da informatividade. O
manual de estilo do jornal O Público, por exemplo,
orienta que as fotografias produzidas para o veículo
devem seguir os seguintes critérios:
(...)
Como critério básico deve prevalecer a valorização
de uma fotografia, que constitui um centro de atração
visual, em detrimento da disseminação de fotografias,
cuja carga informativa ou dramática tende a ser repetitiva
e retórica. O diálogo dinâmico que deve
existir entre fotos e texto não admite, porém,
contradições flagrantes entre ambos. (...) O
PÚBLICO privilegia a dimensão informativa e
dramática das fotografias, mas não prescinde
da sua utilização simbólica e de sinalização
gráfica (...) (Manual de estilo do Jornal O Público;
Disponível em: <http://www.publico.clix.pt/nos>
Acesso em: 13 de fevereiro de 2006)
Já
a editora de fotografia do Jornal do Tocantins (JTO),
Chirlis de Souza, aponta o poder de síntese da imagem
como um dos principais elementos que uma fotografia deve conter
para ser publicada na primeira página do jornal ''A foto
tem que falar. A foto complementa o texto. Hoje a fotografia
é o que chama atenção (...)" (Chirlis
de Souza, entrevista realizada na 1º quinzena de agosto
de 2005).
Partindo
do pressuposto de que a informação jornalística
deve ser objetiva e eficiente, entende-se, no caso específico
dos jornais e periódicos, que os textos e fotografias
precisam necessariamente conter informações complementares,
ou seja, que se valorizem mutuamente, possibilitando um diálogo
entre esses suportes, oferecendo informações sem
''ruídos'', sem confusões; por uma leitura fluida
e a própria compreensão do leitor/receptor. Sousa
mais uma vez aponta o que uma fotografia precisa ter para atrair
leitores:
Uma
imagem fotojornalística, para ter sucesso, geralmente
precisa de juntar a força noticiosa à força
visual. Só assim conseguirá, no contexto da
imprensa, juntar uma impressão de realidade a uma impressão
de verdade. (...) Numa fotografia jornalística, os
elementos representativos devem ter um posicionamento tal
que o observador consiga atribuir claramente à mensagem
fotográfica um determinado sentido (SOUSA, 2004, p.
115).
O
manual do jornal O Público acrescenta ainda que
neste veículo ''(...) fotografia e texto estabelecem
uma relação dinâmica, permanente (...) Por
isso, a fotografia não é (...) um gênero
menor ou um mero suporte ilustrativo, mas um contraponto informativo
e dramático do texto.'' (Disponível em: <http://www.publico.clix.pt>
Acesso em: 13 de fevereiro de 2006)
Os
planos fotográficos
A
análise da fotografia, neste estudo, basear-se-á
na descrição dos elementos presentes nos planos
da imagem. Desta maneira, torna-se conveniente e necessária
uma breve conceituação sobre o que vem a ser o
plano fotográfico.
Ressalta-se,
contudo, que essa definição tem o objetivo de
apenas tornar a leitura e a compreensão desta pesquisa
mais acessível.
A
imagem fotográfica é constituída por diversos
elementos (cores, texturas, iluminação, ângulos
e planos, dentre outros) que lhe conferem diferentes características
tais como beleza, impacto e informatividade. Todos estes elementos
são importantes para a compreensão da imagem,
contudo, neste estudo, que objetiva identificar os tipos de
relações entre legendas e fotografias nas capas
do Jornal do Tocantins, os planos fotográficos serão
o ponto de partida para a realização da análise
e descrição das fotografias.
A
seleção de ângulos, tonalidades e iluminação
em uma foto ficam sob a tutela de quem fotografa. Desta maneira,
um mesmo evento pode ser registrado de diferentes modos, enfatizando
diferentes informações e, conseqüentemente,
causando diferentes impactos no receptor, o que justifica dizer
que a fotografia não é um espelho da realidade
e, sim um recorte dessa realidade sob um ponto de vista, o do
fotógrafo.
Toda
imagem fotográfica se materializa em um ou vários
planos fotográficos. De maneira generalista, o plano
fotográfico pode ser definido como as seqüências
de representações de elementos (pessoas, objetos
paisagens e afins) dentro da fotografia.
Existem
inúmeros tipos de planos, que recebem diferentes denominações
conforme o ângulo de tomada da imagem, ou seja, conforme
a posição do fotógrafo em relação
à cena e/ou objeto fotografado. Os planos se organizam
dentro do enquadramento da imagem que ''corresponde ao espaço
visível representado na fotografia'' (SOUSA, 2004, p.
67).
Texto
jornalístico: legenda e fotolegenda
É
função do jornalismo informar, pois ''os discursos
jornalísticos incidem sobre o real. [S]endo assim, que
se concretiza sua função informativa" (SOUSA,
2004, p. 66). Para noticiar acontecimentos e/ou eventos, o jornalista
pode recorrer a diversos tipos de textos, podendo ser argumentativos,
narrativos, descritivos, expositivos, etc.
Os
tipos de textos também são categorizados quanto
ao gênero jornalístico, os quais são correntemente
tipificados em: notícia, entrevista, crônica, editorial,
artigo etc. Porém, esses gêneros jornalísticos
variam e evoluem conforme os momentos e contextos sócio-histórico-culturais.
As fotolegendas e as próprias legendas, por exemplo,
são gêneros jornalísticos largamente utilizados
nos dias atuais.
Esta
evolução dos gêneros jornalísticos
é pertinente e natural, pois os jornais impressos, hoje,
se destinam a um público muito variado, composto por
diferentes classes sociais, com níveis de escolaridade
e econômicos distintos. Esta variedade de alvos também
faz com que a linguagem e a estruturação dos textos
jornalísticos primem pela objetividade, tornando-se acessíveis
a todos os tipos de classes sociais alfabetizadas.
Porém,
não se deve confundir clareza com imparcialidade, posto
que, dentro da comunicação, este conceito, é
impraticável. Somente possível, lembra Eulálio
Ferrer Rodriguez (19??) citado por Erbolato (1991) ''(...) quando
se refere a fatos inquestionáveis, como o estado do tempo,
os resultados esportivos, os horários de transporte e
o anúncio de espetáculos." (ERBOLATO, 1991,
p. 91)
Neste
estudo nos detemos à análise das legendas e textos-legenda,
bem como das fotografias que as acompanham, publicadas nas capas
do Jornal do Tocantins. Desta maneira, também
para proporcionar uma leitura mais confortável, apresentamos,
a seguir, os conceitos sobre essas duas categorias de textos
informativos, segundo o ''Manual de redação e
estilo do jornal O Estado de S.Paulo'' e outros autores.
É
importante ressaltar que o presente artigo optou por utilizar
o manual de redação e estilo do Estado de S.Paulo
- Estadão, devido à inexistência
de um manual de redação próprio do Jornal
do Tocantins. Segundo o editor-chefe do jornal, Sebastião
Pinheiro, o jornal possui apenas um ''Guia de normas de editoração'',
o qual se baseia principalmente nas normas de estilo do Estadão.
''O jornal não possui seu próprio manual, mas
apenas, um Guia de normas de editoração elaborado
por mim e por outros colegas jornalistas na época da
fundação do jornal em Palmas'' (em conversa via
telefone, no dia 12 de março de 2006)
Sobre
as legendas, podemos dizer que de maneira geral elas vêm
logo abaixo das fotografias e trazem ou deveriam trazer informações
referentes às referidas imagens. Por certo cada veículo,
principalmente os grandes jornais, possuem o seu próprio
manual de redação e estilo, onde estão
descritas todas as normas de conduta gramatical do veículo.
Segundo o Manual de Redação e Estilo do Estadão,
as legendas devem:
(...)
sempre que possível, cumprir duas funções,
simultaneamente: descrever a foto e dar uma informação
ou opinião sobre o acontecimento. O uso de dois pontos
é recomendável, até por ser um elemento
facilitador. A não ser em casos excepcionais, toda
legenda do Estadão tem uma linha de texto (Estadão,
1998 p. 159).
Guran
(1992) por sua vez ressalta que ''no caso do jornalismo, naturalmente,
a legenda deve compreender as informações circunstanciais
que de resto são parte integrante da notícia,
como nomes, locais etc." (GURAN, 1992, p.58).
Todas
as fotos necessitam de epígrafes. São raríssimas
as fotos que se sustentam por si só. Se o primeiro que
atrai ao leitor na página é a fotografia, imediatamente
depois ele quererá saber quem está na foto e por
que foi usada. (a tradução é nossa - CUARTEROLO;
LONGONI, 1996, p 25).
O
texto (legenda ou texto-legenda) que acompanha uma fotografia
é de extrema importância para que o leitor se interesse
pelo conteúdo completo da matéria, a qual estes
elementos representam. É o que diz Peregrino quando afirma
que ''entre a foto e a legenda se estabelece uma relação
mais imediata, que influi na percepção, leitura
e compreensão da imagem fotográfica" (PEREGRINO,
1991, p.46).
Sobre
o texto-legenda, Erbolato define como ''(...) o texto que se
coloca em uma foto, mostrando em poucas linhas, o que ela representa.
Deve-se fugir à explicação do que é
obviamente já se vê no clichê, pois seria
redundância. Nada de lugar-comum'' (ERBOLATO, 1991, p.76).
Já o manual do Estadão traz as seguintes
informações sobre o texto-legenda:
Como
é ao mesmo tempo uma notícia e uma legenda,
deve, por isso, descrever a fotografia e relatar o fato em
linguagem direta e objetiva (...) O ideal é que o texto-legenda
contenha pelo menos duas frases, a primeira descritiva e a
segunda complementar e informativa como título, reproduza
algum pormenor da notícia ou mesmo a sintetize (...)
(Estadão, p. 281)
Com
base nos conceitos expostos sobre fotografia e textos jornalísticos,
leia-se legenda e textos legenda, consideraremos que a eficiência
comunicacional entre texto e imagem no jornalismo impresso está
na correspondência dos elementos apresentados nos planos
fotográficos com as informações contidas
no(s) texto(s) que lhes acompanham.
Metodologia
e objeto de estudo
Nesta
pesquisa trabalhar-se-á partindo da hipótese de
que a eficiência informacional ou comunicacional entre
fotografia e texto ocorre quando os elementos retratados (pessoas,
objetos, locais e afins), presentes nos diferentes planos5 das
fotografias, são complementados [2] pelas informações
contidas nas legendas e/ou textos-legendas e vice-versa.
Porém,
vamos tentar observar a nossa suspeita de que o objeto de estudo
selecionado para a realização desta pesquisa não
apresenta informações suplementares em relação
à imagem, sendo apenas descritivos, em sua maioria.
Os
principais objetivos deste estudo consistem em identificar e
classificar os tipos de relações entre texto,
(leia-se, legendas e textos-legenda) e imagem (leia-se, fotografias)
ocorridos nas capas do Jornal do Tocantins.
Para
alcançar tais objetivos, esta dissertação
utilizar-se-á dos seguintes procedimentos metodológicos
descritos a seguir.
Para
o desenvolvimento desta monografia, foi realizado um estudo
teórico e prático, sendo este efetuado por meio
de uma pesquisa exploratória, com revisão bibliográfica,
seguida de análise documental e de conteúdo. É
importante ressaltar que a pesquisa foi embasada em uma análise
de conteúdo, que segundo Bardin (1977 apud YOSHIURA)
é:
(...)
um conjunto de técnicas de análise das comunicações
visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições
de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens. (Bardin, 1977 apud YOSHIURA;
SILVA, 2002, p. 8).
Dentro da análise de conteúdo, utilizou-se da
técnica de análise estrutural, que para, Corrêa
e Júnior (2005) ''(...) parte do pressuposto de que todo
texto é uma realidade estruturada, que não se
revela pelo conteúdo manifesto, pois se encontra implícita.
A estrutura é entendida como uma realidade oculta do
funcionamento da mensagem a ser desvelada pelo analista'' (CORRÊA;
JÚNIOR, 2005, p. 302).
Para
tornar a análise dos textos mais delimitada e objetiva,
optou-se, como opção de análise estrutural,
por utilizar a análise sintática, posto que esta
técnica visa a especificar a estrutura interna e o funcionamento
das frases e palavras dentro das línguas naturais. Quanto
à análise das fotografias, baseamo-nos na observação
e descrição dos elementos apresentados na decomposição
geométrica e semântico-imagética de seus
planos.
A
revisão bibliográfica foi realizada com fins de
embasamento teórico quanto à utilização
e às características da fotografia e das legendas
e textos-legenda, em veículos de mídia impressa,
bem como na conceituação e apresentação
das características inerentes aos dados estudados (fotografia
de imprensa e texto jornalístico); visando contextualizar
o leitor sobre o tema tratado nesta produção científica.
Vale ressaltar que o levantamento bibliográfico também
possui o objetivo de apresentar considerações
a respeito do tema aqui tratado a fim de tornar a leitura deste
trabalho mais confortável e esclarecedora.
A
promoção da pesquisa descritiva, como não
poderia deixar de ser, descreve o que foi percebido durante
o processo de estudo e análise desta produção
monográfica. Esta modalidade de pesquisa oportuniza o
esclarecimento de características e fenômenos ocorridos
no objeto de estudo.
A
pesquisa documental se refere à etapa em que se realizou
a seleção das edições do Jornal
do Tocantins a serem analisadas.
Para
que o trabalho fosse completado em seus objetivos propostos,
foi utilizado o método dedutivo, que parte de premissas
e pressupostos teóricos para buscar comprovação
ou negação da hipótese apresentada. A técnica
de análise e síntese também está
presente dentro da realização da análise
sintática.
A
análise está dividida em três etapas. A
etapa primeira consiste na descrição das fotografias
conforme os elementos retratados nos seus planos. Na segunda
etapa, os textos serão analisados a partir da análise
sintática, que pretende identificar a informação
enfatizada no texto, utilizando-se da quantificação
dos elementos sintáticos enfatizados em cada texto.
Por
último, será feita uma comparação
entre os elementos retratados e os elementos enfatizados no
texto para posterior classificação da relação
entre texto e imagem. É importante salientar que essas
classificações serão embasadas nos casos
apresentados por Vanoey (complementação, contradição,
ilustração, ornamento e texto subordinado à
imagem), descritos no capítulo 1 desta dissertação.
Por fim, pretende-se apresentar o tipo de relação
entre texto e imagem com maior índice de ocorrência
nas capas analisadas.
Análise
sintática
É
conveniente ressaltar que, neste estudo, procurou-se desenvolver
a análise sintática de uma maneira elementar,
posto que o objetivo do trabalho está apenas na identificação
da informação enfatizada no texto e não
na realização de um tratado sobre "sintaxe
lingüística no jornalismo impresso".
A
gramática da língua portuguesa pode ser divida
em três partes: fonética, morfologia e sintaxe,
sendo esta última ''(...) a parte da gramática
que se ocupa das combinações e das relações
das palavras na frase'' (MOURA, 1996, p. 222). Ainda segundo
este autor, os conceitos elementares da análise sintática,
dentre inúmeros outros são: frase, período
e oração. Partindo da idéia de que determinados
conceitos nem sempre são memorizados apresentamos a seguir
as definições desses termos.
Frase:
palavra ou conjunto de palavras
que têm sentido completo (sintagma);
Período:
é o trecho formado por uma ou mais orações;
podem ser simples (formado por uma oração) ou
composto (formado por duas orações);
Oração:
é uma frase ou parte de uma frase que se organiza
em torno de um verbo ou de uma locução verbal;
Considerando
que o leitor trabalha em um nível mais contextual da
informação, a análise sintática
se dará também de maneira contextual, ou seja,
observando os elementos sintáticos com maior freqüência
de utilização em cada texto. Neste estudo, a análise
dos textos será realizada a partir de uma análise
sintática estruturalista, ou seja, os textos serão
desmontados em sintagmas, que são os elementos mínimos
da enunciação dentro de uma frase e/ou período.
Em
seu livro ''Lingüística aplicada ao português:
sintaxe'', Koch e Souza discorrem sobre o sintagma, que, segundo
as autoras ''(...) consiste num conjunto de elementos que constituem
uma unidade significativa dentro da oração e que
mantêm ente si relações de dependência
e de ordem'' (KOCH e SOUZA, 2001, p.14).
As
autoras apontam que a natureza do sintagma depende do seu núcleo,
podendo ser verbal (quando o verbo é o núcleo);
nominal (quando o núcleo é um elemento nominal);
adjetivais (quando o núcleo é um adjetivo) e os
sintagmas preposicionados (quando são formados por preposição
e sintagma nominal). Ainda segundo a obra ''na estrutura da
oração, em sua forma de base, aparecem como constituintes
obrigatórios o sintagma nominal e o sintagma verbal''.
(KOCH e SOUZA, 2001, p.14)
A
análise sintática das enunciações
escritas será realizada por meio da identificação
dos elementos sintáticos (sujeito, objetos direto e indireto,
advérbios e afins), [7] dessas enunciações.
É importante ressaltar que a análise sintática
pode ser realizada em diferentes níveis e que cada texto
tem uma maneira específica de ser analisado.
Neste
estudo, o objetivo é trabalhar com as funções
sintáticas estruturais do texto, desmontando estes textos
em sintagmas, observando-os em um nível elementar, ou
seja, de maneira objetiva, posto que o texto jornalístico
também se apresenta e, é ou deveria ser construído
de maneira objetiva.
A
escolha de uma análise mais elementar também se
justifica pelo fato de o objetivo desta dissertação
ser o de identificar elementos sintáticos que correspondam
aos elementos apresentados na imagem fotográfica, desconsiderando
os elementos textuais que tendem à adjetivação
ou verbalização. O objetivo e observar os elementos
sintáticos que chamam a atenção em relação
à imagem e se há interação entre
os mesmos.
Amostra
e objeto de estudo
O
material selecionado para realização do presente
estudo constitui-se de seis edições do Jornal
do Tocantins, publicadas no mês de dezembro de 2005,
das quais serão analisadas todas as fotografias acompanhadas
de legendas e textos-legenda.
Trata-se
de uma amostra probabilístico-dedutiva, que, segundo
os autores Corrêa e Júnior (2005), agrega o benefício
da aleatoriedade. A amostra se refere às terças
e sextas-feiras do referido mês.
A
escolha das terças e sextas-feiras é justificada
por estes dias da semana serem, respectivamente, o primeiro
e o antepenúltimo dia de circulação do
jornal, já que não há circulação
do periódico às segundas-feiras. Desta maneira,
acredita-se que tal amostra se torna representativa e suficiente
para realização do presente estudo.
Ainda
sobre a amostra escolhida, vale ressaltar que a mesma se refere
ao período de férias e festas de fim de ano, o
que também possibilita uma breve apreciação
do agendamento e produção jornalística
do veículo neste período.
Breve
histórico do Jornal do Tocantins:
Eelucidando e contextualizando o objeto
O
Jornal do Tocantins (JTO) tem como data de fundação
18 de maio de 1979. Atualmente, o veículo é o
maior jornal impresso, em número de páginas e
tiragem que circula no Estado do Tocantins. O jornal pertence
à Organização Jaime Câmara, fundada
no estado de Goiás.
O
Jornal do Tocantins segue a linha editorial do grupo
ao qual pertence, a Organização Jaime Câmara,
composto também por emissoras de tevê (afiliada
da Rede Globo) e rádio. Ou seja, uma linha que
tem como diretrizes centrais a ética, a responsabilidade
e o compromisso social. (Sebastião Pinheiro, entrevista
em 9 janeiro de 2006)
A
primeiras edições do JTO eram quinzenais e em
formato tablóide. Na época da criação
do Tocantins, final da década de 80, o JTO era distribuído
gratuitamente aos órgãos públicos. Pouco
tempo depois, o veículo teve grande índice de
crescimento, o que acarretou mudanças quanto à
sua política de distribuição. Logo, o JTO
passaria a ser vendido em bancas e também por assinaturas.
Assim, a periodicidade do veículo passa a ser semanal.
Em
25 de outubro de 1991, os leitores teriam acesso ao JTO duas
vezes por semana: às terças e sextas-feiras. Seis
anos depois, em março de 1998, a equipe que produzia
o jornal foi transferida para Palmas, disponibilizando o jornal
nas bancas diariamente, de terça a domingo.
Nessa
época o jornal era editado em Palmas, mas impresso em
Goiânia. A partir da edição de nº 2.730,
do dia 5 de fevereiro de 2002, o JTO passa a ser impresso em
Palmas. Porém, só em julho de 2005, a partir da
edição de nº 3.421, de 19 de julho de 2005,
o jornal passa a ser impresso no Parque Gráfico da Organização
Jaime Câmara, em Palmas.
Atualmente
o JTO possui uma tiragem de seis mil exemplares diários
e nove mil exemplares nos fins de semana (sábados e domingos),
distribuídos nos municípios do Estado.
Análise
da eficiência nas capas do jornal
Aqui,
como o próprio título do mesmo sugere, serão
descritos e analisados os conteúdos das fotografias conforme
a apresentação dos seus planos, bem como a ênfase
da informação textual, por meio da organização
sintática das enunciações contidas nas
legendas e textos-legenda que as acompanham.
Os
dois conteúdos serão correlacionados para, por
fim, serem classificadas as relações entre textos
e fotografias conforme os casos apresentados por Vanoey, descritos
no capítulo 2 desta pesquisa.
A
análise se apresenta de maneira descritiva e comparativa
e é iniciada de maneira crescente conforme a data de
publicação (de 13 a 30 de dezembro de 2005) das
edições selecionadas para análise. A amostra
escolhida para a realização deste estudo perfaz
um total de nove fotografias e nove textos (legendas e textos-legenda).
Caso
1:
|
Reprodução

Fig. 1
Recorte da capa da edição nº 3.547,
de 13.12.2005 (terça).
|
Informações
gerais da fotografia: foto pequena (14 cm x 7,9 cm), no
formato retangular, horizontal, localizada na parte inferior
da página
Crédito
da fotografia: Lia Mara
A
fotografia apresenta, em primeiro plano, três homens agachados
à beira de uma avenida, manuseando objetos e ferramentas.
Um desses artefatos, segurado pelo homem da direita, assemelha-se
a um esquadro e o outro apresenta-se como sendo um cilindro
de metal, também manuseado pelo homem da direita.
Em
segundo plano, à esquerda da foto, aparece um caminhão
estacionado.
Ao
fundo, em terceiro e último plano, uma avenida com uma
moto trafegando.
A
legenda da referida imagem é composta por uma frase e
segue transcrita, ''Pardais eletrônicos são reinstalados
na avenida NS-2, em Palmas''.
Conforme
a análise sintática esta frase apresenta um sujeito:
''Pardais eletrônicos (...)''; uma locução
verbal: ''(...) são reinstalados (...)'' e dois adjuntos
adverbiais de lugar: ''(...) na avenida NS-2, em Palmas''.
Com
base na decomposição da frase em sintagmas, pode-se
considerar que, na legenda, predominam os sintagmas (dois) que
se referem ao lugar onde os pardais estão sendo reinstalados,
ou seja, onde a ação está ocorrendo.
Comparando
os elementos sintáticos do texto com os elementos presentes
nos planos da imagem, verifica-se que os primeiros (que dão
ênfase ao local da reinstalação dos pardais)
não correspondem às informações
contidas na imagem.
Na
fotografia, o local de reinstalação dos pardais,
aparece em último e terceiro plano, inclusive, sem qualquer
referência à avenida citada no texto (NS-2 ou Palmas).
Vale ressaltar que mesmo os elementos presentes no primeiro
plano da imagem não correspondem às informações
enfatizadas na legenda.
Desta
maneira, as informações enfatizadas no texto e
na imagem se "contradizem", cada qual evidenciando
elementos distintos, quando deveria existir uma convergência
da informação escrita e visual.
Suporte:
fotografia e legenda |
Fotografia
em relação ao texto: contradição |
Caso
2:
Reprodução

Fig.
2 Capa
da edição nº 3.550,
de 16.12.2005 (sexta).
|
Reprodução

Fig.
3 Recorte da capa da edição
nº 3.550,
de 16.12.2005 (sexta).
|
Informações
gerais da fotografia: Foto média (14,8 cm x 13 cm),
no formato quadrado, localizada ao centro da página
Crédito
da fotografia: Lia Mara
A
fotografia apresenta em primeiro plano dois homens; o da esquerda
com as mãos cruzadas e o da direita segurando um cartaz
que apresenta o seguinte texto: ''PCCV JÁ! DIREITO DO
TRABALHADO''. Neste ponto é conveniente uma observação
sobre o texto do cartaz. Acredita-se que a palavra TRABALHADO
na verdade seja originalmente TRABALHADOR e que a letra ''R''
tenha sido suprimida durante a diagramação da
capa, fato este que não interferirá em nossa análise,
sendo apenas uma ressalva.
No
segundo e terceiro planos, observa-se um número grande
de pessoas sentadas e mais dois cartazes erguidos.
A
composição geral da fotografia, com grande número
de bancos e espaço amplo, faz crer que o local onde estas
pessoas estão seja um auditório. A fotografia
descrita é acompanhada pela legenda: ''Servidores da
saúde fazem protesto pacífico pedindo votação
do PCCV ainda este ano''.
A
legenda é uma frase com período composto, ou seja,
formada por duas orações. A primeira oração
identifica as pessoas retratadas na fotografia como sendo ''servidores
da saúde'', e esclarece o ato praticado por eles, que
é um ''protesto pacífico''. A segunda oração:
''(...) pedindo votação do PCCV ainda este ano'',
acrescenta a informação sobre o prazo em que os
servidores desejam que a reivindicação seja executada.
Desta
maneira, considera-se que o texto descreve e explica a imagem
fotográfica. No final da legenda apenas uma informação
é acrescentada. Entretanto, grande parte do texto serve
para identificar e explicar os elementos retratados na fotografia.
Desta
maneira, considera-se que o texto é subordinado à
fotografia, pois descreve e explica a imagem, não acrescentando
informações suplementares como, por exemplo, o
significado de PCCV, mas apenas a intenção dos
servidores de que a votação seja realizada ainda
em 2005.
Suporte:
fotografia e legenda
Relação
fotografia texto: texto subordinado à fotografia
Caso
3:
Reprodução

Fig.
4 Capa
da edição nº 3.553
de 20.12.2005 (terça).
|
Reprodução

Fig. 5 Recorte
1 da capa da edição
nº 3.553 de 20.12.2005 (terça).
|
Informações
gerais da fotografia: Foto pequena (8,9 cm
x 8,3 cm), no formato quadrado, vertical, localizada à
direita da página
Crédito
da fotografia: divulgação
Em
primeiro plano, no canto direito inferior, a fotografia apresenta
parte do rosto de uma menina; ao centro o Papai Noel e no canto
esquerdo inferior, dois meninos. Em segundo plano, uma multidão
e, em último e terceiro plano, o cenário ou local
do acontecimento retratado.
A
fotografia é acompanhada pelo texto-legenda: ''Casa nova
- Com a presença do Governador Marcelo Miranda (E) e
do Prefeito Raul Filho (D), foi inaugurada ontem, na Praça
dos Girassóis, em Palmas, a Vila do Papai Noel, que terá,
entre outras atrações natalinas, presépios,
igreja, coreto e parque infantil para crianças de até
12 anos''.
O
texto é composto por uma frase que traz duas orações:
''Com a presença (...)'' e ''(...) que terá (...)''.
Nossa análise corresponde apenas à primeira oração
da frase, posto que a segunda apresenta informações
secundárias em relação à compreensão
da notícia e da própria fotografia.
A
primeira oração inicia com o adjunto adverbial
de companhia: ''Com a presença do governador Marcelo
Miranda (E) e do Prefeito Raul Filho (D) (...)''. Seguindo a
análise, aparece a locução verbal: ''(...)
foi inaugurada (...)''. Em seguida, o adjunto adverbial de tempo
''(...) ontem (...)'' e os dois adjuntos adverbiais de lugar:
''(...) na Praça dos Girassóis (...)'' e ''(...)
em Palmas (...)''.
É
importante frisar que a primeira oração se encontra
na voz passiva, na qual o sujeito é indeterminado, [3]
o agente da passiva [4] não é identificado,
ou seja, quem inaugurou a Vila do Papai Noel não é
colocado textualmente. Somente quem esteve presente na inauguração,
o Governador do Estado e o Prefeito de Palmas. Apesar das duas
personagens serem identificadas no texto pelas referências
''(E)'', que significa esquerda e ''(D)'', que significa direita,
elas aparecem no segundo plano da imagem.
O
Papai Noel e as crianças, que estão em primeiro
plano, não são sequer mencionados no texto. Sendo
assim, o texto enfatiza quem esteve presente e o local onde
a inauguração ocorreu, por meio da presença
de dois adjuntos adverbiais de lugar. Porém, o local
não pode ser identificado na imagem e a única
referência sobre o sítio aparece no último
plano, o que não é coerente com o texto.
Partindo
dos casos apresentados por Vanoey, consideramos que o texto
aparenta ser subordinado à imagem, porém um segundo
olhar faz perceber que ele e a fotografia, considerando os elementos
retratados nos planos da imagem, apresentam informações
paralelas; já que o primeiro (texto) dá ênfase
ao local da inauguração, que só é
sugerido e não identificável no último
plano da foto.
As
personagens identificadas nas primeiras palavras da legenda
só aparecem em segundo plano e as pessoas (crianças
e Papai Noel) apresentadas em primeiro plano, sequer são
citadas textualmente. Não analisamos a última
oração, pois é irrelevante para a análise
comparativa entre foto e texto.
Suporte:
fotografia e texto-legenda
Relação
fotografia texto: texto subordinado à foto apresentando
informações paralelas
Caso
4:
Reprodução

Fig. 6 Capa
da edição nº 3.556
de 23 .12.2005 (sexta).
|
Reprodução

Fig. 7 Recorte
da capa da edição nº 3.556
de 23.12.2005 (sexta).
|
Informações
gerais da fotografia: Foto grande (18 cm x 12,2 cm), no
formato retangular, horizontal, localizada no centro da página
Crédito
da fotografia: Cleuber de Sousa
A
imagem mostra em primeiro plano, [5] ao centro na parte
inferior da imagem, embalagens de alimentos. Em segundo plano
(da esquerda para direita) estão cinco pessoas, sendo
duas mulheres, um homem e outras duas mulheres.
A
primeira mulher, à esquerda da imagem, segura pacotes
de alimentos e recebe outro pacote do homem à sua direita;
a penúltima mulher à direita segura um pacote
de alimento com um gesto de oferecimento também à
primeira mulher à esquerda. A última mulher posicionada
à direita da imagem não esboça qualquer
movimento ou participação na ação
de entrega de alimentos. Em terceiro e último plano está
o fundo ou cenário da imagem.
A
foto é acompanhada pela legenda: ''Representantes de
entidades filantrópicas (e/p) recebem alimentos das mãos
de Machado, Dulce e Elmecy''. A legenda é composta por
apenas uma frase e uma oração. Que traz os seguintes
elementos sintáticos: sujeito: ''Representantes de entidades
filantrópicas (...)'', verbo transitivo direto: ''(...)
recebem (...)'' e objeto direto: ''(...) alimentos das mãos
de Machado, Dulce e Elmecy''.
Observa-se
que a legenda descreve explicitamente a informação
visual, informando que as duas pessoas (mulheres) que aparecem
à esquerda na fotografia são representantes de
entidades filantrópicas. Em seguida, nomeia as outras
três pessoas (casal e mulher à direita) que aparecem
na imagem.
Neste
caso o texto permite outras observações que não
apenas sintáticas.
A
legenda fala em ''representantes'', contudo, na imagem só
se observa uma pessoa recebendo alimentos. Existe aí
uma incoerência da flexão de número do substantivo
''representantes''com a imagem apresentada, que mostra apenas
uma mulher recebendo alimentos. Em seguida, o texto nomeia três
pessoas que estão entregando alimentos, porém,
na imagem só se notam duas pessoas com gestos que confirmam
esta ação.
Com
base nessas considerações, pode-se afirmar que
o texto subordina-se à fotografia, pois explica o conteúdo
da imagem, identifica e nomeia os elementos humanos nela presentes.
Porém,
texto e imagem oferecem informações paralelas
que se contradizem, dado que o primeiro traz informações
em que todos os elementos humanos praticam a ação
de entregar e receber alimentos, e na imagem observam-se apenas
três pessoas praticando a ação descrita;
apenas uma recebendo, uma efetivamente entregando e outra sugerindo
uma entrega.
Suporte:
fotografia e legenda
Relação
entre fotografia e texto: texto subordinado à imagem
com informações contraditórias
Caso
5
Reprodução

Fig.
8 Capa da edição
nº 3.559
de 27.12.2005 (terça).
|
Reprodução

Fig. 9
Recorte da capa da edição
nº 3.559 de 27.12.2005 (terça).
|
Informações
gerais da fotografia: Foto grande (18,5 cm x 19,9 cm), no
formato quadrado, localizada ao centro da página
Crédito
da fotografia: Cleuber de Sousa
A
fotografia mostra em primeiro plano, desfocado, um arranjo ornamental,
à direita da imagem, com uma vela acesa sobre a mesa.
Em segundo plano, à esquerda da fotografia, aparece a
figura de um religioso segurando um microfone.
No
terceiro plano, pessoas sentadas em bancos de madeira. Por fim,
em quarto e último plano, as paredes da edificação,
que a julgar por todos os elementos apresentados na fotografia
seria uma igreja ou templo religioso. A fotografia é
acompanhada pela legenda: ''Arcebispo Dom Alberto Taveira durante
celebração da Missa do Galo no sábado à
noite, em Palmas''.
Nesta
legenda não existe verbo [6] e, sim, uma expressão,
''durante celebração'', que equivale a um verbo.
A realização da análise sintática
só é possível com a existência de
verbos. Desta maneira foi necessária a reescritura da
frase utilizando-se de uma equivalência de termos onde
o termo ''durante a celebração'' foi substituído
por ''celebrando'' sem prejuízos para o sentido original
da frase. Sendo assim a frase reescrita apresenta-se a da seguinte
forma: ''Arcebispo Dom Alberto Taveira [celebrando] a Missa
do galo no sábado à noite, em Palmas''
Reescrita
a frase a análise sintática se apresenta da seguinte
maneira: sujeito ''Arcebispo Dom Alberto Taveira (...)''; verbo
transitivo direto:''(...) celebrando (...)''; objeto direto:''(...)
a Missa do Galo (...)''; adjunto adverbial de tempo: ''(...)
no sábado à noite (...)''; adjunto adverbial de
lugar: ''(...) em Palmas (...)''.
Sendo
assim, o texto descreve a foto, identificando o sujeito, o evento,
quando este ocorreu e onde ocorreu. A imagem, por sua vez, retrata
o sujeito, em segundo plano e sugere o local, em terceiro plano.
Desta maneira, considera-se que o texto é subordinado
à fotografia.
Suporte:
fotografia e legenda
Relação
fotografia texto: ilustração ou subordinação
ao texto; ornamento
Caso
6:
Reprodução

Fig.
10 Capa da edição
nº 3.562
de 30.12.2005 (sexta).
|
Reprodução

Fig. 11
Recorte da capa da edição nº 3.562
de 30.12.2005 (sexta).
|
Informações
gerais da fotografia: Foto grande (19 cm x 13,9 cm), no
formato retangular, horizontal, localizada no centro da página
Crédito
da fotografia: Lia Mara
A
fotografia apresenta, em primeiro plano, centralizado à
direita da imagem, um homem carregando uma bicicleta, subido
um barranco à beira de uma rodovia. Em segundo plano
está o cenário da foto, duas avenidas.
A
fotografia é acompanhada pelo texto-legenda transcrito
a seguir: ''Barranco no caminho - Moradores do Jardim Aureny
II e do Santa Bárbara reclamam das dificuldades de se
chegar à rodovia TO-050 através da perimetral
em razão da altura do barranco que se formou no nível
mais alto da pista. O comerciante Antônio Fernandes Assis,
61 anos (foto), é um dos que vêm sofrendo com o
problema. De acordo com o Detran-TO, passarelas estão
sendo construídas na rodovia''.
'Moradores
do Jardim Aureny II e do Santa Bárbara' sujeito; O
texto é composto por três períodos. O primeiro,
''Moradores do Jardim Aureny (...)'' introduz a notícia,
trazendo informações que não aparecem retratadas
na imagem. O segundo se refere diretamente à fotografia,
o que é evidenciado pela indicação ''(foto)''dentro
do texto. Segue a transcrição dele: ''O comerciante
Antônio Fernandes de Assis, 61 anos (foto) é um
dos que sofrem com o problema''.
Considerando
o que já foi exposto esta é a parte do texto que
será analisada sintaticamente, dentro da qual o sujeito
é ''O comerciante Antônio Fernandes Assis 61 anos''
e o predicado ''(...) é um dos que sofrem com o problema''.
Desta maneira, podemos dizer que o período complementa
o primeiro.
Podemos
dizer que o texto, em relação à imagem
é descritivo e confirma as informações
apresentadas.
Suporte:
fotografia e texto-legenda
Relação
fotografia em relação ao texto: texto subordinado
à fotografia
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cad. 1, p.1; 20 dez. 2005. cad. 1, p. 1; 23 dez. 2005. cad.
1, p. 1 ; 27 dez. 2005. cad. 1, p.1; 30 dez. 2005. cad. 1, p.
1.
Internet
Livro
de Estilo Público - Edição de Fevereiro
de 1998. Disponível em: <http://www.publico.clix.pt>.
Acesso em: 13 fev. 2006.
Site
da Organização Jaime Câmara: <http://www.ojc.com.br>
Notas
[1]
O autor expõe a dificuldade em definir o que vem a ser
''valor jornalístico'', posto que cada veículo
ou órgão de comunicação possui critérios
específicos de valorização da informação.
Porém, considera que o ''valor jornalístico''
se refere àquilo que tenha valor como notícia,
à luz dos critérios de avaliação
empregues pelos jornalistas.
[2]
Entende-se por complementação o ato de complementar,
ou seja, tornar completo, acrescentando alguma coisa, neste
caso, acrescentando informações que despertem
a atenção e a curiosidade do leitor, tornando
a matéria jornalística atraente.
[3]
Neste texto-legenda não se apresenta quem realizou a
ação, portanto é um caso sui-generis
quanto à informação jornalística,
dado que esta deve ser clara e objetiva. Mesmo as autoridades
públicas sendo identificadas no texto, não sabemos
quem inaugurou a Vila do Papai Noel. Isto demonstra que a informação
não é eficiente.
[4]
Ver glossário.
[5]
Neste caso as informações que transmitem a notícia
na imagem estão contidas no segundo plano, já
que o primeiro plano traz elementos estáticos que não
acrescentam informações quanto ao texto e a análise
aqui proposta.
[6]
Neste caso houve uma transformação sintagmática
de uma sintagma verbal em um sintagma nominal, onde omitiu-se
o verbo substituindo este por uma expressão nominal,
''durante celebração''.
*Carlos
Fernando Martins Franco é professor da Universidade Federal
do Tocantins e documentarista. Angélica Mendonça
é graduada em Jornalismo pela UFT.
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