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Ensaios


Pensadores Jornalísticos Uspianos:
Prof. Hélcio Deslandes

Por Paulo Sergio Pires

1. Introdução

A Escola de Comunicações e Artes -ECA- da Universidade de São Paulo -USP-, estabelecida em 1966 sob o nome de Escola de Comunicações Culturais, se destaca por ser uma instituição de ensino de alta qualidade e possuir um corpo docente de altíssimo reconhecimento acadêmico. Uma considerável parte dos paradigmas hoje adotados nas escolas de comunicação social do Brasil e América Latina foi desenvolvida por professores e pesquisadores científicos desta entidade de ensino superior.

Por sinal, seus bancos acadêmicos recebem alunos não só da América Latina, mas também da África e da Europa. Os docentes, por seu lado, freqüentam cursos de Pós-Graduação nos mais importantes centros do saber comunicacional do planeta.

Até a presente data, a ECA dispõe de 22 habilitações profissionais em cursos de graduação. Na área de Comunicação social constam os programas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Editoração, Relações Públicas e Audiovisual. São 15 as habilitações destinadas às áreas de artes. Há ainda cursos de Biblioteconomia e Turismo. Ela mantém um curso técnico de formação de ator, na tradicional Escola de Arte Dramática -EAD-, incorporada a sua administração há algumas décadas. A escola tem se notabilizado pelo forte investimento pedagógico e cultural na reciclagem e atualização dos métodos e o uso de novas tecnologias de ensino (Caldas, s/d, p. 1-4).

Entre os segmentos expressivos da organização estão os núcleos de pesquisa. Afora o trabalho de investigação científica, eles possuem estreito relacionamento com a comunidade, efetuando significativas ações de utilidade pública, freqüentemente em conjunto com órgãos do governo. A área de Pós-Graduação fomenta o intercâmbio cultural e investigativo, por intermédio de instituições ou universidades conveniadas dos Estados Unidos, França, Itália, Espanha, Alemanha etc.

O grupo inicial de docentes dessa instituição de acordo com relato da primeira secretária-geral e ex-coordenadora do Núcleo Nacional e Internacional da ECA, Marina Rector (2003), era integrado essencialmente por professores da faculdade de Filosofia, História e Letras da USP.

Outros contribuíram por sua vasta experiência profissional de mercado. Da primeira geração constavam nomes que se tornaram figuras de relevo da academia e da comunicação social, nomes de destaque como por exemplo: José Marques de Melo (primeiro Doutor em Jornalismo no Brasil), Flávio Galvão, José Freitas Nobre (ex-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, e Deputado Federal), Francisco Morel, Gaudêncio Torquato Rego, Thomas Farkas, Juarez Bahia, Antonio Costella, Gileno Marcelino, Alfredo Weissflog, Cremilda Medina e Hélcio Deslandes.

Este último, Hélcio Deslandes, foi o precursor do ensino da diagramação e das artes gráficas aos primeiros estudantes de jornalismo da ECA. Deslandes era engenheiro arquiteto formado pela Universidade Federal de Minas Gerais e tinha grande conhecimento em design, ilustração e produção gráfica, vivenciado principalmente na prática diária do mercado tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Era uma pessoa um tanto quanto introspectiva, tímida, mas muito disciplinada e cortês com alunos e colegas. Boa parte do tempo passava na gráfica da ECA, onde verificava minuciosamente os trabalhos dos alunos de então.

Deslandes não foi um produtor de obras acadêmicas no sentido estrito, mas seguramente foi um grande contribuinte na formação de novos profissionais e dos conceitos mais modernos da época em comunicação visual aplicada ao jornalismo, publicidade e à editoração.

2. Objetivos

Nosso ensaio tem como finalidade básica apresentar a contribuição à ECA, ao jornalismo e à comunicação social do trabalho desenvolvido pelo professor Hélcio Deslandes. Este teve um papel muito relevante numa época em que a diagramação ainda era uma especialidade jornalística pouco difundida e vista com certo preconceito por diversos profissionais do texto. O propósito deste texto é narrar sua vida profissional e o quanto ele somou na cultura visual-gráfica dos jornalistas, além de publicitários e editores de livros. Vamos apresentar ainda como o design gráfico é vital para o bom jornalismo e como a Escola de Comunicações e Artes se desenvolveu com o suporte de profissionais como Hélcio Deslandes. Apresentaremos, por fim, conceitos elementares do design gráfico e diagramação para melhor compreensão do conjunto deste trabalho.

3. Justificativa

A disciplina Pensamento Jornalístico Brasileiro do curso de Pós-Graduação stricto sensu da ECA está resgatando, contextualizando e analisando o desenvolvimento das idéias que marcaram o exercício profissional e o ensino do jornalismo no Brasil. Está identificando as contribuições críticas dos seus pensadores emblemáticos.

Na primeira fase dessa pesquisa foram analisados os pensadores clássicos do jornalismo brasileiro, entre eles, Barbosa Lima Sobrinho, Rui Barbosa, Carlos Lacerda, Danton Jobim, Carlos Lacerda, Luiz Beltrão e Alceu de Amoroso Lima. Nesta outra etapa, estão sendo pesquisados os pensadores jornalísticos uspianos. E na área do jornalismo gráfico o primeiro docente da USP foi o professor Hélcio Deslandes. O resgate de perfis dos pioneiros da ECA se faz necessário para que a memória do jornalismo brasileiro fique mais amplificada e solidificada. Se há afirmações de que o Brasil é um país não muito atento a suas reminiscências, este opúsculo, mesmo que sintético e limitado, pretende ser uma resposta em contrário oferecendo uma breve contribuição.

4. Tema

4.1. Fase Inicial da Escola de Comunicações Culturais
Um dos mais eminentes diretores da ECC/ECA, José Marques de Melo (2003. p.162), citando Luna Cortés relata em seu livro Jornalismo Brasileiro que os programas universitários de formação de comunicadores sociais desenvolveram-se na América Latina paralelamente ao processo de industrialização.

O crescimento do consumo se ligava ao fornecimento de informações pelas empresas geradoras de produtos jornalísticos, diversionais ou persuasivos. No entanto, não havia recursos humanos suficientemente capazes para operar esse bem simbólico. Para atender essa demanda surgem escolas especializadas dentro de universidades latino-americanas.
No princípio como relata Rector (2003), a Escola de Comunicações Culturais -ECC- ficava no 2º andar da antiga reitoria e ocupava apenas metade do pavimento. Parte era para a administração e sala de aulas e parte era ocupado pelo estúdio da TV Educativa da USP. O início das atividades da escola foi muito precário. Havia muita atividade político-estudantil e até sofreu uma invasão. Com o crescimento da Escola passou a fazer parte de sua estrutura um barracão de madeira, onde ficou o Departamento de Música e a Escola de Arte Dramática.

Em 1973, após a cidade de São Paulo desistir da organização dos Jogos Panamericanos, o que seriam os dormitórios dos atletas nos blocos A, B, e C foram incorporados à ECC. Assim ficou até 1987, quando começou o movimento para novas obras de expansão e construção de novos prédios e do teatro.

O departamento de Jornalismo da ECC foi criado em 5 de fevereiro de 1968, por meio de Resolução do Conselho Universitário. As aulas da cadeira "Técnica e Prática de Jornal e Periódico" começaram em março marcando o início do curso (ECC, 1968, p. 4.). O programa de atividades foi desenvolvido por seu primeiro diretor, o professor-regente José Marques de Melo, submetendo-o primeiramente à análise dos professores de jornalismo e da própria direção da escola. As atividades do Departamento conforme as diretrizes apresentadas pela diretoria envolviam os aspectos de ensino, pesquisa e experimentação, e extensão cultural.

No âmbito do ensino, o Departamento coordenava a cadeira de "Técnica e Prática de Jornal e Periódico"( integrada ao currículo do segundo ano de Jornalismo) e programou as diretrizes básicas para o estabelecimento de outras disciplinas para os anos seguintes. Na área de pesquisa, os primeiros trabalhos se voltaram para a instalação de um arquivo de documentação jornalística, de um museu da imprensa, de um centro de pesquisa de Jornalismo Comparado e de uma hemeroteca. No que se refere ao setor experimental, foram iniciados a Agência Universitária de Notícias -AUN- e o jornal-laboratório.

No setor de extensão cultural, o Departamento promoveu o intercâmbio entre várias instituições acadêmicas brasileiras e internacionais, além de editar publicações, organizar conferências e realizar assessoramento técnico.
Depois de um início com dificuldades características da fase de implantação, o ano de 1969 significou o começo da consolidação do Departamento de Jornalismo na Escola de Comunicações Culturais da USP. Foi marcado pela formulação de diretrizes no campo pedagógico e também pela instalação da infra-estrutura de serviços específicos para formação profissional de jornalistas. Na estrutura didática da ECC ficou estabelecido um currículo com disciplinas instrumentais para os segundo e terceiros anos do curso de jornalismo
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Além do prof. José Marques de Melo, regente da disciplina de "Técnica de Jornal e Periódico", o departamento contou com a colaboração dos docentes: Gaudêncio Torquato Rego (professor instrutor da cadeira Técnica de Jornal e Periódico I), Flávio Galvão (professor colaborador de Técnica de Jornal e Periódico II), Hélcio Deslandes (professor instrutor de Artes Gráficas e Diagramação), José Freitas Nobre (professor de disciplina de História da Imprensa) e Thomas Farkas (professor instrutor de Fotografia e Fotojornalismo).

As disciplinas eram ministradas com atividades teóricas (exposições em salas de aulas, grupos de estudos ou seminários) e prático (realização de trabalhos nos laboratórios da USP). No final do segundo semestre, implementava-se o jornal laboratório com edições quinzenais. A disciplina de Fotografia e Fotojornalismo desenvolvia suas aulas práticas no laboratório fotográfico do Serviço de Documentação da Reitoria da USP. Já a disciplina de Jornalismo Audiovisual utilizava o equipamento da TV Educativa USP. Em 1969, freqüentaram o curso de Jornalismo, 53 alunos dos quais 21 no terceiro ano e 32 no segundo ano.

Ficou constatado que o índice de profissionalização observado entre os alunos matriculados era o início da valorização dos profissionais de nível universitário entre as empresas jornalísticas de São Paulo. Em regime normal de trabalho, estavam atuando aproximadamente 65% dos alunos do terceiro ano e cerca de 44% dos alunos do segundo ano. O aluno Ethevaldo Mello Siqueira (terceiro ano), por sinal, recebeu menção honrosa do Prêmio Esso de Jornalismo, em 1969.

Mesmo com a gráfica equipada (constituída de tipografia, linotipo, máquina de tirar provas, guilhotina, máquina de grampear, mesa de paginação, mesa de retoques etc.), sua instalação não foi efetivada por falta de espaço físico. A inauguração do novo prédio da Escola de Comunicações Culturais havia atrasado e adiou a instalação do equipamento para o ano seguinte. Ainda que por ora não havia espaço disponível estavam sendo incorporadas outras máquinas: impressora offset, dobradeira em cruz e fotolito.

O Departamento de Jornalismo programou a publicação de cinco edições piloto de um periódico quinzenal (jornal) tratando de assuntos relacionados com diversos setores da Comunicação de Massas. A publicação circularia entre alunos e professores da faculdade, além de ser enviada para outras escolas de jornalismo e comunicação.
Outro projeto parecido foi o Jornal da ASUSP. O veículo era destinado aos funcionários da USP. Editado desde 1968 sob a supervisão técnica do Departamento de Jornalismo, foi produto de um convênio com a Associação dos Servidores da USP. Coordenada pelos professores de Artes Gráficas e Diagramação e de Técnica de Jornal e Periódico I, a equipe de alunos do segundo ano preparou três edições em 1969.

Na cadeira de Jornalismo Audiovisual, os alunos produziram dentro da TV Educativa da USP programas noticiosos para rádio e televisão. Foram gravados, em 1969, quatro programas de radiojornalismo, no primeiro semestre e 5 telejornais no segundo semestre. Para sua realização, o Departamento contou com a assessoria e coordenação do monitor Walter Sampaio, que mais tarde viria a ser professor.

As atividades experimentais de fotojornalismo também passaram a se desenvolver com maior intensidade. O laboratório fotográfico do Serviço de Documentação foi disponibilizado integralmente aos sábados e os alunos puderam manejar os equipamentos de revelação, ampliação, montagem, retoque de fotos etc. Houve também projetos de documentação fotográfica e a proposta da I Exposição de Fotografia Jornalística da ECC, cujos melhores trabalhos seriam apresentados no início de 1970. A orientação seria do professor Thomaz Farkaz.

No ano de 1969, o professor Hélcio Deslandes supervisionou várias publicações editadas pelo Departamento de Jornalismo entre as quais estavam os Boletins do Departamento de Jornalismo, Introdução a McLuham (Benedito Ferri de Barros), Hipólito da Costa - Ação Social e Política do Correio Braziliense (Carlos Rizzini), A Reforma do Ensino de Jornalismo (José Marques de Melo), e a Bibliografia Brasileira da Pesquisa em Comunicação (José Marques de Melo). Individualmente, professores do Departamento publicaram vários artigos e ensaios. Entre 9 e 13 de junho, o Departamento promoveu a I Semana de Estudos de Jornalismo, tendo como tema central o jornalismo sensacionalista. No aspecto de extensão cultural, o setor promoveu uma série de palestras e conferências, convidando inicialmente professores da própria escola e depois profissionais e especialistas de diversas áreas da comunicação jornalística.

Em 1970, com a reforma universitária estabelecida pelo Decreto 52.326, de 16 de dezembro de 1969, a Escola de Comunicações Culturais passou a ser denominada Escola de Comunicações e Artes e seu Departamento de Jornalismo foi ampliado para Departamento de Jornalismo e Editoração. Até abril de 1970, o professor e diretor da escola José Marques de Melo foi também seu coordenador. Neste ano, o departamento oferecia as seguintes disciplinas para o curso de Jornalismo: Jornalismo Comparado, Artes Gráficas e Diagramação, História da Imprensa, Jornalismo Informativo e Interpretativo, Jornalismo Opinativo e Funções de Direção e Secretaria, Fotografia e Fotojornalismo, Jornalismo Audiovisual, Ética e Legislação de Imprensa, Administração de Empresas Jornalísticas e Jornalismo Especializado.

Frente aos atrasos da instalação dos laboratórios, as atividades experimentais do departamento sofreram algumas limitações em 1970. Mas o departamento se concentrou durante o primeiro semestre na implementação da gráfica e do laboratório fotográfico, cujo equipamento havia sido adquirido, nos anos anteriores e também naquele ano. A gráfica passou precariamente a funcionar em meados do primeiro semestre, mas no final do ano letivo já se encontrava em condições de executar os projetos dos diversos cursos na área impressa. A partir de 1971, a gráfica estaria em condições de trabalhar não apenas para o departamento, mas também para terceiros. Assim, o equipamento não ficaria ocioso em certos períodos e a renda obtida seria revertida para a manutenção do equipamento.

O jornal laboratório se tornou o projeto básico dos cursos de jornalismo opinativo e funções de direção e secretaria no jornalismo. Mas também foram desenvolvidos outros veículos como a revista K, o Boletim de Notícias e o jornal Mural da USP.
Em 1970, foi diplomada a primeira turma de bacharéis em jornalismo, com índice satisfatório de profissionalização dos alunos. Se encontravam em atividade 16 ex-alunos dos 21 que se formaram. O engajamento foi notado também no terceiro ano. Da turma de 21 alunos, 15 já estavam exercendo a profissão. Já os discentes do segundo ano, dos 45 que o concluíram, 18 deles estavam atuando em empresas jornalísticas. Em 1970, foram profissionalizados 80% dos alunos do quarto ano, 76% dos alunos do terceiro ano e 40% dos alunos do segundo ano.

Com vistas a atender as novas determinações do Conselho Universitário da USP para desenvolver a carreira universitária, o departamento incentivou seus professores a defender teses de doutoramento. O professor Freitas Nobre, por exemplo, se doutorou pela Universidade de Paris com a tese: "O Direito e Economia da Informação". Também se doutoraram os professores José Marques de Melo, Flávio Galvão, Gaudêncio Torquato Rego, Hélcio Deslandes e Thomas Farkas. Deslandes defendeu um trabalho sobre as artes gráficas, tendo como orientador o professor Walter Zanini, Livre-Docente da ECA.

Em 1971, a ECA diplomou sua segunda turma de bacharéis em Jornalismo. Dos 22 diplomados, 16 estavam profissionalizados, exercendo funções jornalísticas. Outros três já haviam desempenhado essas funções e estavam ocupando cargos públicos de melhor remuneração. Um grupo de três formados recebeu ofertas de trabalho mas não as aceitou por seus integrantes estarem cursando outras faculdades. As estatísticas davam conta que 72% dos formados eram jornalistas profissionais e 14% exerceram essas atividades. Um total de 86% dos formados tiveram experiência na carreira.

Com respeito aos concluintes dos sexto semestre, verificou-se que 45% estavam profissionalizados, com alguns trabalhando em mais de um a empresa. Um grupo constituído por 55% dos alunos declarou que nunca havia trabalhado, mas garantia que não era por razões que comprometiam o curso. Várias empresas contataram o Departamento oferecendo trabalho e estágio remunerado aos alunos. De outra parte, diversos egressos da turma de 1970 haviam ocupado chefias em empresas jornalísticas e outros foram contratados por assessorias de imprensa de empresas públicas.

Em 1972, dos 33 alunos do oitavo semestre, dois estavam atuando como jornalistas profissionais, regularmente registrados. Uma dezena também trabalhava em empresas jornalísticas, já contratados. Como free-lances havia cinco estudantes e sete eram estagiários. Apenas três nunca tinham trabalhado em jornalismo. Seis fizeram alguns trabalhos esporádicos na área, mas não ficaram ligados a nenhuma empresa. Portanto, 24 tiveram efetiva profissionalização. Percentualmente, esses números significavam que 72% obtiveram profissionalização efetiva e apenas pouco menos que 10% nunca trabalharam na área. Do sétimo semestre, cerca de metade já havia estagiado ou feito estágios em empresas jornalísticas. No curso de Editoração, dos sete alunos dois estavam contratados por editora, um fazia estágio e outros dois eram monitores.

Sob a coordenação da professora Cremilda Medina, a Agência Universitária de Notícias -AUN- passou em 1972 por uma transformação decisiva. Seus boletins entraram em periodicidade rigorosa, com 33 edições semanais, além de seis edições extras, durante a IV Semana de Estudos de Jornalismo e um boletim especial para a I Semana de Estudos de Editoração. O órgão laboratório deixou de estar preso à disciplina de Jornalismo Informativo (semestral) para funcionar o ano inteiro. Por meio de convênio com o CIMPEC (Centro Interamericano de Produção de Materiais Educativos) e órgão da OEA foram admitidos um repórter e uma redatora. A partir da edição de número 25 , os boletins passaram a incluir o serviço especial do CIMPEC, distribuindo materiais sobre educação, ciências e tecnologia, além de continuar a cobertura na USP. O serviço era enviado a jornais da capital e interior e principais jornais de outros estados.

Em 1972, os alunos do sexto semestre de jornalismo e rádio e TV, sob orientação do professor Walter Sampaio, produziram 33 programas para rádio, num total de oito horas e dezoito minutos. Cada equipe realizou noticiosos de uma hora e vinte três minutos. Enquanto isso, os alunos do sétimo semestre de jornalismo também sob orientação de Sampaio produziram 25 programas, com vinte e dois minutos cada, além de três de vinte e cinco minutos.

O total gerado nos programas tais como documentários e noticiosos foi de seis horas e quarenta e cinco minutos.
Nesse início da década de 70, ou seja, a fase introdutória da escola, juntamente com a intensa atividade das aulas foi expressivo o volume de pesquisas produzidas, cursos de Pós-Graduação, aperfeiçoamento, extensão cultural, eventos, intercâmbios e viagens de estudos, levantamentos de acervo de imprensa, pesquisas exploratórias, debates, seminários, conferências e palestras, edição de livros acadêmicos, publicações entre outras atividades.

Um fato importante a destacar foi que a ECA se tornou a pioneira no país no ensino de Pós-Graduação em Comunicação, iniciando em 1972 um curso de mestrado. Outra atividade de relevo da escola foi a edição de publicações em todos os setores da Comunicação e das Artes, que ofereciam aos seus alunos, aos profissionais, bem como profissionais, professores e estudantes de outras instituições do ensino da Comunicação, textos atualizados, nacionais e estrangeiros, que serviam de apoio ao desenvolvimento de estudo teórico e prático nas áreas nas quais a bibliografia em circulação era restrita ou até inacessível (Marques de Melo, 1974, p. 61).

4.2. Comunicação visual, design e produção gráfica, e diagramação
O professor Hélcio Deslandes foi um dos introdutores do ensino da diagramação e das artes gráficas nos cursos de jornalismo numa época em que havia pouquíssima bibliografia em português sobre o assunto. A então Escola de Comunicações Culturais levou algum tempo até montar sua própria biblioteca. A estrutura nos primeiros anos era rudimentar, mas não reduziu o entusiasmo dos professores em ensinar. Por todas essas dificuldades, Deslandes teve de empreender um esforço muito grande, apesar desde o início poder contar com uma gráfica doada com bons equipamentos (Rector, 2003).

Para entender o trabalho de Deslandes é preciso ter uma visão conceitual de seu objeto. A comunicação visual está praticamente em tudo que o que os olhos vêem, como por exemplo, numa nuvem, numa flor, num desenho técnico, num sapato, num panfleto, ou numa bandeira. Porém essas imagens têm valores diferentes conforme a situação em que estão inseridas dando informações diferentes. Suas mensagens podem ser uma comunicação casual ou intencional (Munari, 1968, p.87). A casual é a nuvem que passa no céu, não com a intenção de advertir que um temporal está para chegar. Por sua vez, a intencional é aquela em que uma série de nuvenzinhas de fumo é feita deliberadamente pelos índios, por intermédio de um código preciso, para comunicar uma informação precisa.

De sua parte, a comunicação casual pode ser entendida livremente pelo receptor, podendo ser uma mensagem científica, estética ou de outra natureza. A comunicação intencional deve ser recebida na totalidade do significado pretendido pela intenção do emissor. A comunicação visual intencional poderia ser analisada pelo lado da informação estética ou da informação prática. Entende-se por informação prática, sem componente estético, por exemplo, um desenho técnico, a fotografia do repórter, as notícias visuais da TV ou um sinal de trânsito. Por seu turno, a informação estética significa que uma mensagem tem de informar, por exemplo, as linhas que compõem, numa forma, as relações volumétricas de uma construção tridimensional, as relações temporais visíveis de transformação de uma forma em outra (a nuvem que se desfaz e muda de forma).

Como descreve Munari (1968) a comunicação visual acontece por meio de mensagens visuais. Elas fazem parte de uma grande família das mensagens que atingem os sentidos (sonoras, térmicas, dinâmicas etc.). Portanto, um emissor emite mensagens que um receptor recebe, no entanto, este último está imerso num ambiente perturbado, que pode alterar ou anular certas mensagens. Um exemplo disso seria um sinal vermelho num ambiente no qual haja predominância da luz vermelha.

A luz ficaria quase anulada. Outro caso típico: um índio que transmite sua mensagem com nuvens de fumo pode ser perturbado por um temporal.
Caso a mensagem seja bem projetada, evitando qualquer deformação no decorrer da emissão, chegará no receptor, mas encontrará outros obstáculos. Todo receptor possui a seu modo algo que se poderia definir como filtros, através dos quais a mensagem terá de passar e ser recebida. Um deles é de natureza sensorial. Um daltônico não observa certas cores, portanto, as mensagens específicas na linguagem cromática são modificadas ou até anuladas. Outro exemplo de filtro é o do tipo operativo. Este depende das características que constituem o receptor. Um exemplo: uma criança de três anos analisa uma mensagem de maneira muito diferente de um indivíduo maduro. O terceiro filtro é o cultural. Muitos ocidentais não entendem a música oriental como música, porque não corresponde as suas normas culturais. A música, para eles, "deve ser" a que sempre ouviram desde criança e não outra coisa.

Os três filtros descritos não são a rigor diferentes e subseqüentes na ordem apresentada. Eles podem ser inversos ou interativos. No caso de a mensagem atravessar a zona de perturbações e dos filtros e chegar a zona interior do receptor, denominada emissor do receptor. Esta área pode emitir dois tipos de resposta à mensagem recebida, uma interior ou exterior. Se a mensagem visual dizer: "aqui é um bar", a resposta exterior manda o indivíduo beber enquanto resposta interior diz: "não tenho sede".
A diagramação gráfica é uma importante forma de comunicação visual. No início o trabalho de diagramação era feito pelo próprio paginador, que utilizava sua experiência para fazê-la. No entanto, com o desenvolvimento das empresas jornalísticas passou do campo artesanal para o campo da especialização, e de todo jornal, qualquer que fosse o processo gráfico deveria ter seu próprio departamento de arte como observa Collaro (1987, p.87).

Ele explica o papel da diagramação na indústria jornalística moderna e como pode contribuir para tornar os produtos impressos mais atraentes:
"A diagramação desenvolve o seu trabalho com vistas à disposição da matéria levando em conta o aproveitamento do texto, o destaque, a atração, a forma, a estética, conjugando o conteúdo com a apresentação gráfica. Atualmente os jornais modernos, ao dedicarem atenção especial à diagramação, agem atendendo um impulso de duplo sentido: o primeiro, identificando o leitor com o progresso das artes gráficas; o segundo, valorizando o texto com o bom-gosto da distribuição, ordenação que atende a sensibilidade plástica e o espírito jornalístico que acompanha o dinamismo do trabalho jornalístico."

O termo diagramação como define Silva (1985, p.41) é resultante da palavra diagrama, do latim diagramma, que significa desenho geométrico usado para demonstrar algum problema, resolver alguma questão ou representar graficamente a lei de variação de um fenômeno. Ele cita Rabaça e Barbosa para quais "diagramar é fazer o projeto da distribuição gráfica das matérias a serem impressas (textos, títulos, fotos, ilustrações etc). De acordo com determinados critérios jornalísticos e visuais. Distribuir técnica e esteticamente, em um desenho prévio, as matérias destinadas à impressão".

No curso de artes gráficas e diagramação, o professor Hélcio Deslandes utilizava o livro texto: A diagramação e a confecção de um periódico, de Luka Brajnovic (1970). Em suas páginas o autor alerta para o fato de que a posição ou colocação de um texto pode ser estudada tanto para averiguar as razões quanto os efeitos produzidos pelo fato de que um texto figurar em uma determinada página e não em outra, e em determinado lugar dentro da página (acima, abaixo, à direita e à esquerda). Nesse aspecto, a titulagem é interessante para analisar sua importância real (dimensão, caracteres usados etc), sua importância relativa (em comparação com outros títulos) e seu conteúdo ou redação.
A década de 70, época da solidificação da ECA, foi também o período de um novo interesse no design de jornais, um interesse que se estendeu às salas de redação dos jornais de todos os tamanhos. Um interesse que se manifestava de várias formas, mas que se refletia principalmente no número cada vez maior de diários e semanários que haviam mudado seu visual, e também na participação de redatores em seminários e cursos que haviam aumentado seu interesse nos aspectos gráficos (Garcia,1981, p.12).

4.3 História de vida de Hélcio Deslandes

O diretor da ECC, Júlio Garcia Morejo, em janeiro de 1968, solicitou a autorização à reitoria da USP para contratação em regime de serviços especiais, sem vínculo jurídico de caráter empregatício por quatro meses até abertura de concurso, o engenheiro arquiteto Hélcio Deslandes. Era para prestar serviços à Escola de Comunicações Culturais na qualidade de diagramador do jornal-laboratório e como assessor de artes gráficas do Departamento de Jornalismo. A jornada somava 44 horas semanais. A secretaria da escola estava ainda estudando normas para o concurso. Havia previsão para o jornal-laboratório circular nos meses de março e abril de 1968.

"Trata-se de um profissional experiente com 15 anos de atividades em arte publicitária e jornalística, conhecendo detalhadamente processos de impressão tipográfica e 'off-set'", escrevia o professor Julio Garcia Morejón ao então reitor Alfredo Buzaid, diretor da Faculdade de Direito, que estava respondendo pela reitoria.
Como documenta o Processo de Contrato de Trabalho da USP, em 23 de janeiro de 1968, o professor Deslandes era contratado até que fosse feita abertura de concurso. Este contrato viria a ser prorrogado em caráter excepcional em abril e em setembro daquele ano. No ano seguinte mais uma prorrogação em janeiro. Em 1969, o diretor Antonio Guimarães Ferri solicitou a contratação de Hélcio para exercer a função de instrutor, junto à disciplina de artes gráficas e diagramação por um ano. Também exerceria a função de diagramador do jornal laboratório e assessor de artes gráficas do Departamento de Jornalismo.

Natural de Belo Horizonte, Deslandes nasceu em 21 de julho de 1929. Fez o antigo curso primário e ginasial no ginásio Municipal de Itajubá em Minas Gerais. Concluiu o curso colegial no Instituto Gammon em Lavras. Era formado pela Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais, turma de 1960. Sua carreira profissional antes da ECC já era muito rica. Trabalhou em publicidade como diretor de arte da Starlight Propaganda em Belo Horizonte (1951-1960). Foi layoutman da agência Standard Propaganda e da Mccann Erickson (1962-1963) naquela cidade. E atuou como diagramador para off-set e diretor de arte no Serviço de Imprensa e Propaganda da capital mineira.

Em outubro de 1961, passou a fazer parte da equipe de diagramação do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. O profissional foi estagiário da Editora Bloch e depois diagramador de revistas dessa empresa. Entre 1964 e 1965, já em São Paulo, esteve na função de diretor de arte na Head Line Propaganda. No Instituto Adventista de Ensino, na capital paulista, ocupou o cargo de assessor de artes gráficas (1965-1968).
Deslandes desenvolveu trabalhos como capista e ilustrador para a Editora Brasiliense e Editora Martins, em São Paulo. Como arquiteto projetou residências em Belo Horizonte, São Paulo e Campinas e até elaborou projetos de igrejas nestas mesmas cidades. Era um membro destacado da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Dentre suas atividades artísticas do início de sua carreira, constam participações em salões de artes plásticas da UEE e nos salões de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte. Esteve presente no XVI Salão Paulista de Arte Moderna -1967- e IX Bienal de São Paulo (1967). Também participou do III Salão de Arte Contemporânea de Campinas naquele mesmo ano. Esteve no IV Salão de Arte Contemporânea de Campinas e no Salão de Arte Contemporânea de São Caetano. Ambos ocorridos no ano de 1968.
O curso de artes gráficas do professor tinha 14 horas-aula por turma com duração de agosto a outubro. O trabalho envolvia o planejamento gráfico e a coordenação de paginação e impressão do "Jornal da Asusp", órgão laboratório dos alunos do curso de jornalismo. As atividades através do jornal-laboratório lhe permitiram experimentar novas formas de diagramação e apresentação gráfica.

Em seus estudos de comunicação visual, preparou "bonecos" para jornais tablóides e micro-jornais, criou logotipos, cartazes e material publicitário para uma campanha de lançamento do jornal-laboratório, além da escolha de tipos e material gráfico complementar. Em 1968, o professor fez diversos estudos no campo da ilustração e da preparação da capas. Trabalhou na criação de 12 capas para publicações editadas pelo Departamento de Jornalismo, em mais quatro capas para o Boletim do Departamento de Jornalismo, além do logotipo e da folha de rosto da Agência Universitária de Notícias -AUN-. Um dos seus primeiros textos de divulgação foi a tradução de artigo sobre o desenvolvimento histórico das artes gráficas, que seria publicado no Boletim do Departamento de Jornalismo número 4.

Realizou ainda serviços de planejamento gráfico, "lay-out" e arte-final para criação de vários produtos, entre os quais: a marca símbolo da Asusp, três capas para a revista da ECC, 13 ilustrações para um estudo da professora Francesca Cavalli, e a lauda-padrão do Departamento. Fez diversos desenhos e gráficos para a aula inaugural da ECC, atendendo solicitação do Departamento de Rádio e TV. Elaborou gráficos para trabalho do professor José Marques de Melo que viria a ser publicado na revista da ECC. Desenhou etiquetas para salas de aulas da ECC e seus departamentos, letreiros para o Departamento de Cinema (filme sobre o ginásio vocacional) e o cartão de Natal da direção da escola.
O professor foi o responsável pela escolha de tipos para o linotipo, tipografia e indicação de equipamentos por meio de contatos com firmas especializadas. Fez a coordenação gráfica da revista K, órgão especializado, com o intuito de integrar alunos e ex-alunos da ECA, bem como profissionais de comunicação.

E complementando, prestou assessoria gráfica à Revista Comunicações e Artes, periódico trimestral oficial da ECA, editado em convênio com a Empresa Revista dos Tribunais.
Em dezembro de 1969, Deslandes se inscreveu para o doutoramento. Seu orientador era o professor Walter Zanini. Em 1972, se afastou por dois anos a fim de realizar estudos de Pós-Graduação nos Estados Unidos. Naquele país, com sua experiência em artes plásticas, arquitetura, design e ilustração, trabalhou como free-lance na região da grande Washington, onde morava. Atuou nessa condição até 1973, quando foi admitido no Departamento de Arte da Review and Herald Publishing Association como designer. Depois ocupou a função de coordenador de arte.

No campo da ilustração fez várias pesquisas com diversos materiais: lápis, guache, pastel, aquarela, tissue paper e pincéis de pontas de feltro com tinta à base de óleo ("makers"). Teve acesso a diversas técnicas, processos e problemas das etapas da produção editorial que de outra forma se apresentariam como objetos de contemplação apenas teórica. Em sua atividade profissional esteve envolvido em trabalhos de equipe com editores e representantes do Departamento de Produção (Book Department). Isso lhe garantiu grande experiência no setor de editoração.

Além das responsabilidades designadas pelo Departamento de Arte da Review and Herald de coordenar e assistir o departamento, sua grande preocupação era com sua atualização e atenção nas novidades do campo da tipografia (desenho de tipos, empregos, processo e problemas concernentes à composição, especialmente à frio). Nos Estados Unidos participou ainda de diversos workshops, seminários e encontros de arte. Em 1973, Deslandes fez palestra sobre lay-out e design no Departamento de Arte da Columbia Union College, em Maryland. Acabou concluindo um curso com duração de dois anos na Corcoran School of Art em comunicação visual.

Na sua estada nos Estados Unidos houve projetos paralelos de trabalho ao da Editora Review anda Herald. Como free-lance, no primeiro ano na América, teve oportunidade de produzir uma coleção de cinco livros ricamente ilustrada para Editora Melhoramentos, com a finalidade de incentivar e motivar a criatividade no campo da redação e ilustração nas crianças do curso primário. O trabalho era em "full color", altamente moderno e funcional.

Criou e produziu o símbolo que seria usado nacionalmente durante o bicentenário dos EUA para a organização dos Pathfinders. Em 1975, foi convidado pela conceituada revista suíça Graphis para apresentar a seleção e publicação dos melhores trabalhos produzidos naquele ano. Lamentavelmente, por várias razões, não pôde atender a solicitação daquele anuário. Em julho de 1975 esteve reunido em Viena na Áustria, no Congresso Mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Para o conclave desenvolveu o back-drop do salão de reuniões, material de promoção (folheto full-color), ricamente ilustrado e ainda dois tipos de relatórios. Além disso, projetou o estande para a representação norte-americana. Em agosto de 1975, ele e sua equipe foram os autores do projeto de diagramação da revista mensal "Ministry", que sofrera reformulação. E por fim, na 16ª Exposição Nacional (Editorial e Livro) da Society of Illustrators, o profissional foi um dos três representantes de seu departamento.

Em julho de 1976, retornou ao Brasil. O regresso coincidiu com a expiração da licença de afastamento, sem vencimentos. Naquele ano voltou a lecionar artes gráficas, diagramação, técnica de ilustração, produção gráfica e editorial no curso de Editoração da ECA. No mesmo período, atendendo convite do professor Gaudêncio Torquato Rego, então diretor do Departamento de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, passou a ministrar o curso de Jornalismo Gráfico na instituição. No ano seguinte, também lecionou artes-gráficas aos alunos de Publicidade e Propaganda daquela faculdade.

De 1976 a 1979, o professor desenvolveu inúmeros projetos de design e ilustração. Entre eles se destacam: planificação gráfica, diagramação, produção e ilustração das revistas Rol do Berço, Jardim da Infância, Primárias, Adventista, Ministério, Mocidade e do jornal Adventista. Também elaborou cartazes promocionais, e as capas de livros Fundadores da mensagem; Ciência do bom viver; Mundo em que vivemos; Perguntas que eu faria a Irmã White, Satisfação, Inspiração Juvenil e Ensinar. Criou o símbolo para o Museu da Bíblia. Além de outros inúmeros trabalhos. Atualmente, o professor Hélcio Deslandes mora em Maryland, nos Estados Unidos.

5. Conclusão

A Escola de Comunicações e Artes da USP teve um papel preponderante no aperfeiçoamento dos profissionais midiáticos brasileiros. A instituição desenvolveu um projeto acadêmico que contemplava não apenas o conhecimento stricto do jornalismo, mas seu sentido lato. Por tal razão, desde os primórdios, a diagramação e as artes gráficas figuravam em seu curriculum. Desta maneira, os egressos quando entraram no mercado de trabalho souberam entender a simbiose entre a palavra escrita, a imagem e o espaço em branco. Compreenderam que não se pode fazer jornalismo impresso sem seu suporte o papel, a escrita e a principalmente a imagem.

O professor Hélcio Deslandes além de ser o introdutor da disciplina da ECA, soube se aperfeiçoar profissionalmente e academicamente, não deixando que seus alunos ficassem defasados em relação às novidades do setor gráfico. Deslandes também criou discípulos que deram continuidade ao seu trabalho. Nos produtos por ele elaborados demonstrou sua versatilidade, transitando sem preconceitos entre os mais diversos segmentos da comunicação visual: o design gráfico, a diagramação de jornais, livros e revistas, e a criação publicitária. Além disso, exerceu a arquitetura ampliando a dimensão de seu trabalho.

Mesmo encontrando condições adversas próprias do início de uma escola, ele não esmoreceu frente à falta de bibliografia especializada, e de instalações adequadas. Pelo contrário, esta situação ao que tudo indica lhe serviu como desafio e soube mostrar como superá-lo.
A diagramação hoje se consolidou como especialidade jornalística. E muitos alunos dos cursos de comunicação acabam descobrindo esta atividade apenas durante decorrer do curso. Acreditamos que além de ter ajudado a solidificar a cultura profissional genérica de todos os bacharéis de comunicação, Deslandes tenha influenciado a formação de especialistas em traçar belas páginas de periódicos e publicações; desenvolver projetos gráficos impactantes, e elaborar peças criativas. No entanto mais do que tudo isso ele foi um mestre em dar vida e beleza às formas.

6. Referências Bibliográficas

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COLLARO, Antonio Celso. Projeto Gráfico. São Paulo, Summus, 1985.
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES CULTURAIS. Departamento de Jornalismo. Atividades do Departamento de Jornalismo: Relatório de Atividades 1968-1973. São Paulo: ECC, 1973.
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES CULTURAIS. Departamento de Jornalismo, Processo de Contrato de Trabalho nº 68.1.996.1.6., caixa 3481, seção ECA (SUPES-27), São Paulo, ECA, s/d.
GARCIA, Mario R.. Diseño y remodelación de periódicos. Pamplona, Ediciones Universidad de Navarra, 1984.
MARQUES DE MELO, José. Jornalismo Brasileiro. Porto Alegre, Sulinas, 2003.
___________________. Contribuições para uma pedagogia da comunicação. São Paulo, Paulinas, 1974.
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo, Martins Fontes, 1968.
RECTOR, Marina: depimento [out. 2003]. Entrevistador: Paulo Sergio Pires. São Paulo. ECA, 2003, 1 fita cassete (60 min.) 3 1/4 pps, estéreo.
SILVA, Rafael Souza. Diagramação: o planejamento visual gráfico na comunicação impressa. São Paulo, Summus, 1985.

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