|  | Chronus lia  jornal?Jornalismo como sistema de controle do tempo
 
                                      
                                        | Por Eduardo Yuji Yamamoto*
 RESUMO
 O presente ensaio traz algumas reflexões sobre o conceito de tempo, em  sentido lato, e o papel que o jornalismo assume na contemporaneidade como  sistema de gerenciamento e controle do tempo. Para argumentar esta idéia  discorre-se aqui sobre o mecanismo ritualístico do jornal, como demarcador e  portador da temporalidade moderna, tornada hegemônica. Analisa-se também o  papel específico da notícia, enquanto dispositivo de domesticação do tempo. Por  fim, aponta-se para um tipo de lógica econômica centralizada no tempo e levada  a efeito pelas empresas de jornalismo.
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 |  PALAVRAS-CHAVE: Tempo / Sincronia / Economia Política dos Sinais 1. Introdução 
                                      (...) uma série infinita de tempos, em uma  rede crescente de tempos paralelos, divergentes e convergentes... Não existimos  na maioria destes tempos; em alguns existe você e não eu...; em outros,  existimos ambos...
 Por que imaginar uma só série de tempo?  Eu não sei se a imaginação de vocês aceita essa idéia. (Jorge Luis Borges) “Conhecer  um povo”, diz Jeremy Rifkin, “é conhecer os valores do tempo pelos que se rege  sua vida”. Em seu livro “Guerras do tempo” Rifkin fala das diversas culturas  como que dotadas de “digitais temporais únicas”, as quais imprimem, por meio de  sua representação temporal, um tipo de relação própria com os objetos (pessoas  e coisas) e com o mundo (seu conjunto), depreendendo-se daí, experiências  singulares. Estas culturas, vale dizer, preservam  sua representação do tempo por meio de alguns dispositivos simbólicos que,  interno ao grupo, garantem a perpetuação de suas leis, técnicas, símbolos  etc., enfim, dos saberes do grupo.  Dominar o tempo, neste caso, o tempo que  rege a vida de uma cultura, significa dominá-la propriamente. Isso pode ser  feito pelo domínio de sua linguagem (sua organização e funcionamento interno,  sua sintaxe, sua dinâmica e semântica específica), mas também por técnicas que  subvertem o código temporal de uma cultura, e a inscreve num outro tempo, numa  outra linguagem, numa outra lógica temporal. Uma destas técnicas é a repetição, já  assinalada pela Retórica Clássica. Na repetição, os tempos relativos são  suspensos e o que impera é um determinado recorte temporal, previamente estabelecido.  Mas não é apenas os tempos relativos que são suspensos, também a consciência e  a vida de quem se submete à repetição, pois neste recorte de tempo, a  experiência paralisa e as outras formas de existência no tempo caem no  esquecimento, sendo deglutidas por este movimento aparente.  O tempo, como se pretende apresentar  neste ensaio, sendo representação cultural fixado por uma convenção arbitrária,  constitui signo pertencente a uma dada cultura, [1] de onde se pode extrair não  apenas seu significado característico, mas, e sobretudo, a dinâmica  expropriativa das temporalidades de uma cultura a outra quando em relação.  Esta dinâmica, levada a  efeito levada a efeito desde a modernidade, hoje se faz bastante visível com o  fenômeno da globalização. O contato de uma cultura temporal com outra, neste  caso, se faz sobre a sanção de uma “violência simbólica”, quer  dizer, de um “poder de impor a vigência de um significado a outros [...] pela  simbolização, com o efeito de que essas outras pessoas se identifiquem a si  mesma com o significado ali afirmado. [2]  Aqui, “significado” imposto  pode ser compreendido como o sentido do tempo, a duração da experiência. Nesta  imposição, uma temporalidade torna-se hegemônica sobre as demais, passando a  reger o tempo de vida dos grupos, dominando-os culturalmente. O objetivo das reflexões que se seguem é  justamente problematizar o conceito de tempo, detendo-se sobre as conseqüências  de uma hegemonia temporal na sociedade tecnológica atual. Faz-se aqui um  diagnóstico partir da configuração desta sociedade como sociedade midiatizada,  quer dizer, estruturada pelas redes técnicas de comunicação. Em razão dos  limites deste ensaio, delimita-se aqui à análise do campo jornalístico.  Como campo social relativamente autônomo  em relação às demais mídias, o jornalismo, ou mais especificamente seu  representante, o jornal, este último pode ser entendido como bem indispensável  à sociedade contemporânea não porque simplesmente informa, ou integra os  indivíduos numa economia discursiva, mas porque sincroniza as trocas, ritualiza  os acontecimentos (os fatos sociais) sob o auspício da racionalidade técnica,  traço forte da consciência contemporâneo. Racionalizar, por sua vez, é o que fazem  as notícias, matéria-prima do jornalismo. Como produto típico da modernidade, a  notícia constitui uma tecnologia que apazigua os conflitos inerentemente  humanos, as complexidades próprias do cotidiano, fazendo o Homem retornar  continuamente à temporalidade moderna, hegemônica, regida pelo princípio de  produção otimizada. 2. Sobre o tempo De um modo geral, o tempo pode ser  entendido como elemento basilar de toda experiência humana. Ele define,  inclusive, a própria existência do Homem, já que sua consciência (do estar  vivo, portanto, do existir) depende não apenas da percepção dos objetos (da  divisão entre o eu e o Outro, da organização e distribuição dos objetos no  espaço), mas da duração destes como marca da experiência.  Para o Homem, a consciência do tempo, ou  seja, da permanência dos objetos, permitiu a construção de um mundo à parte e  próprio. Trata-se do mundo da cultura, um mundo modelizado, provindo da  conversão dos acontecimentos absolutos, naturais ou caóticos, em um conjunto de  artefatos humanos. Neste mundo modelizado, o tempo torna-se representação, anteparo  mediador entre Homem e mundo, de onde se infere, inclusive, as formas de sentir  e perceber a duração dos fatos, ou mesmo, a emergência do sentido. Assim, por meio da cultura, o tempo  absoluto torna-se convenção arbitrária, determinada pela especificidade do  lugar e/ou do grupo que o toma como evento consciente. Fala-se, então, de  temporalidades, as quais variam segundo a variação cultural das formas de vida  organizada pela linguagem. Em cada grupo, a temporalidade é aceita  ou vivida da mesma forma como suas leis fundamentais (como o incesto), de modo  óbvio e natural. Esta aceitação além de aplacar o horror das incertezas sobre o  devir, mantém o coletivo organicamente articulado para o trabalho, o provimento  do grupo, sua auto-conservação.  Estas variadas temporalidades existentes, as  quais assinalam formas diferenciadas de organizar a experiência de duração em  um grupo é observado por Vilém Flusser (2002) no próprio modo como estes lêem  as imagens do mundo. Para ele, o processo de leitura do mundo é concebido pela  seqüência de imagens que, uma após a outra, estabelece uma compreensão sobre  uma origem e um destino comum. Nas sociedades primitivas, diz Flusser,  esta experiência é circular, ou seja, inclina-se a observar o mundo a partir de  um ponto de vista mágico, regido por uma lógica compreensiva, em que a  espessura temporal é comprimida apagando qualquer fronteira ou hierarquia entre  passado, presente e futuro. Na explicação dos fatos do grupo (histórias  ancestrais, mitos etc.), “o antes se torna depois e o depois se torna antes”, [3]  instaurando um “tempo da magia”, ou do eterno retorno. Na sociedade contemporânea, esta  orientação muda, dando-se numa base teleológica ou científica. É o modo “linear”  de pensamento e organização dos eventos; supõem uma causalidade, quer dizer,  sínteses dialéticas que impõe começo, meio e fim (ou passado, presente e  futuro). Aqui, a hegemonia do tempo presente predomina sobre as outras,  servindo como referência tanto para a construção do passado como para o  vislumbre ou ânsia do futuro. Não é de outro modo, comenta Flusser, que esta  sociedade tenha criado a escrita (verbal).  A distinção entre estes dois tipos  diferentes de percepção é feito por Flusser a partir da metáfora do amanhecer. 
                                      No tempo linear  o nascer do sol é a causa do canto do galo; no circular, o canto do galo dá  significado ao nascer do sol, e este dá significado ao canto do galo. Em outros  termos: no tempo da magia, um elemento explica o outro, e este explica o  primeiro. O significado das imagens é o contexto mágico das relações  reversíveis.  [4] Seja o tempo organizado de forma  primitiva ou moderna, o fato é que esta organização do tempo confere muito mais  do que lógica e coerência existencial aos Homens, sendo um solo comum e  indispensável, sobre o qual se estrutura as atividades sociais e a comunicação do  grupo, depreendendo-se a partir daí o conjunto maior das experiências humanas  (sociais, culturais, políticas etc.) compartilhadas. O compartilhamento destas experiências,  entretanto, sofrerá uma abrupta mudança com o advento da modernidade, mais  precisamente com o processo de integração dos grupos (comunidades, clãs, tribos  etc.) com a criação, em algumas regiões, de Estados Nacionais. Processo este  que se intensificará com a expansão comercial européia a partir do século XV,  alcançando seu ápice nas revoluções industriais pelo mundo afora. Zygmunt Bauman (2003) segue esta linha  de pensamento inferindo nesta mudança a submissão das diferentes temporalidades  (culturais) a uma temporalidade moderna (social), hegemônica, racionalizada.  Com o advento das cidades e a expansão industrial, a temporalidade dos  diferentes grupos às margens do processo civilizatório, antes regulada pelo  ritmo orgânico da natureza (o tempo do plantio, da colheita etc.) se vê confrontada  com um tempo artificial, voltado ao racionalismo da indústria.  Esta  substituição de uma temporalidade a outra, como diz Bauman, se deu à custa de  um desenraizamento do indivíduo de sua cultura (temporal), com reflexos fortes  em sua humanidade. Exemplo disso é o próprio tempo despendido na execução de um  trabalho, tempo ágil que impede o trabalhador de reconhecer-se seu próprio  trabalho, transformando aquilo que Thorstein Veblen chama de “esforço” em  “labuta”. Observa-se que esta racionalidade  produtiva impõe-se como consciência legitimada justamente em função de uma  hegemonia de uma divisão do tempo a serviço dos contratos “societais”, dados ao  nível dos Estados Nacionais, ou seja, da unificação dos sistemas de trocas  (cultural, mas basicamente lingüísticas e econômicas).  Integrando as  especificidades do local, a temporalidade moderna acabou por nivelar as  diferentes formas de organização do tempo, em direção ao aproveitamento máximo  dos corpos, de sua força de trabalho, conduzindo a uma consciência temporal  única, voltada ao trabalho industrial, à dinâmica das cidades. Vem daí a  expressão de uma força homogeneizante, massificadora do tempo, a obscurecer os  vínculos temporais “sociáveis”, das formações humanas informais que se  desenvolvem à margem da lei estrutural do valor (o capital). Contudo, se no plano da produção, a  temporalidade destas formações constituem formas perniciosas, porque pouco  rentáveis ao sistema produtivo hegemônico, o mesmo não pode ser dito em relação  ao consumo. Esta heterogeneidade de tempos (culturais), as quais convivem sobre  uma temporalidade social (da sociedade capitalista), tem sido re-aproveitadas  pelo sistema produtivo vigente, objetivadas principalmente nos produtos da  “cultura popular”, como afirma Jesús Martín-Barbero. 
                                      Enquanto em  nossa sociedade o tempo produtivo, valorizado pelo capital, é o tempo que  ‘transcorre’ e é medido, o outro, constituinte da cotidianidade, é o tempo  repetitivo, que começa e acaba para recomeçar, um tempo feito não de unidade  contáveis, mas sim de fragmentos. E a matriz cultural do tempo organizado pela  televisão não seria justamente esta, a da repetição e do fragmento? E não seria  ao se inserir no tempo do ritual e da rotina que e televisão inscreve a  cotidianidade no mercado?  [5]  Para Martín-Barbero, o tempo relativo ou  cultural constitui-se como importante espaço de mediação das atividades  socializadoras, de investimento simbólico e de valoração afetiva. [6] O  controle do tempo, quer dizer, da duração das trocas, da diversidade das  experiências, uma vez submetida à lógica contemporânea das empresas  multimidiáticas, tem sido um material bastante producente ao capital. Seja ele  circular (Flusser), ou tempo da cotidianidade (Martín-Barbero), cabe dizer que  este Outro tempo que transcorre de forma residual, possui grande valor político  e mercadológico quando observado sob o ponto de vista do “capital simbólico”.  [7] 3. O rito e a preservação  do tempo Três tipos diferentes de tempo foram  vistos até agora: o absoluto (da natureza), o social (da sociedade  capitalista), e o cultural (dos diversos grupos que integram o tempo social). A  gênese tipológica destes três tempos constitui uma narrativa da ação humana  sobre a natureza (sobre o tempo absoluto), resultando daí, num primeiro  momento, o tempo individualizado de cada grupo (cultural), e depois uma  temporalidade social, ditada pela sociedade capitalista e hoje hegemônica. Nesta narrativa, a domesticação do tempo  configurou-se como uma necessidade de sobrevivência frente às angústias  existenciais, às intempéries externas e internas que afligiam o Homem  primitivo. Ações como linearizar, subdividir, metrificar, enfim dominar e  re-criar o tempo de forma a conquistar uma segurança e afirmação no mundo, pode  ser entendida como uma das primeiras tarefas do Homem para o empreendimento  social.  Isso porque, sem qualquer tipo de sincronismo ou consenso sobre o  tempo, nem o trabalho, nem as demais atividades elementares de sobrevivência,  as quais envolvem a ação coletiva, seriam possíveis de serem realizadas. Foi em  vista da preservação do grupo ou da sociedade, que o Homem abriu mão das  atitudes individuais presente em seu desejo de realização egocêntrica, tornando  o tempo uma herança cultural. Sendo um fenômeno da cultura, Nobert  Elias considera o tempo um símbolo com alto grau de abstração e complexidade;  em torno dele é que a espécie humana tem se desenvolvido, sendo comum, para  muitas culturas, a sua objetivação em artefatos, suportes ou objetos  simbólicos. 
                                      Tempo é [...] um  símbolo deste tipo de síntese apreendida socialmente. Faz parte das  dificuldades de investigação sobre o tempo o fato de que os homens não têm  suficientemente claros para si próprios a natureza e o modo de funcionamento  dos símbolos desenvolvidos e permanentemente utilizados por eles mesmos. Assim,  eles correm sempre o perigo de se perder na selva de seus próprios símbolos. O  tempo é um exemplo. Os calendários criados pelos homens, bem como os  mostradores de relógios, são testemunhas do caráter simbólico do tempo. [8] A garantia de preservação do símbolo  tempo numa memória social (a cultura), como diz Harry Pross, faz-se por meio do  rito: “[...] rituais fazem do homem parte de um todo, fazem-no participante”,  afirma. [9] Entendido como dispositivo arcaico, o rito constitui um mecanismo  indispensável à vida individual e social de qualquer ajuntamento humano, pois  confere segurança e previsibilidade ao Homem abstraindo-o dos eventos caóticos  do cotidiano.  No rito o indivíduo é impelido ao interior do grupo, permitindo a  ele criar vínculos temporais com os demais. [10] Além de assegurar o  envolvimento de todos com o individuo (e deste com o todo), o rito possibilita  ainda a fixação de outros símbolos (ritualizados), que se dá principalmente por  meio da repetição. Vem daí a noção mais rudimentar de ritmo: rithum, a marcação do tempo, a aparição  constante de regiões do passado no presente e no futuro. O consumo diário de produtos midiáticos  (notícias, ficções seriadas, publicidades etc.), pode ser entendido como  prática ritualizadora, na medida em que faz do leitor ou do espectador participante  de um acontecimento social. Assim como num rito, ele chora, ri, indigna-se com o  material consumido, encadeando-se numa lógica temporal aparente. Estrutura-se,  neste caso, uma espécie de prisão simbólica, tornada realidade justamente pela  imersão nos fatos midiáticos, entendidos como substâncias cíclicas e  repetitivas justamente porque atendem aos mesmos códigos da espetacularização  (critério de noticiabilidade, de interesse público, de grande apelo popular, “bom  para a venda”). A sincronia que se estabelece por meio  do sistema midiático não apenas produz uma integração de muitos a uma  temporalidade única, como também dá continuidade à soberania do mercado, afinando  os consumidores ao ritmo da produção, da circulação e do consumo contemporâneos.  Isso se deve em razão do caráter sistêmico da mídia; como subsistema do sistema  produtivo maior, o sistema midiático traz embutido em seu código não apenas sua  marca funcional, específica (sua função de alerta, controle e/ou ajuste), mas  os traços sistêmicos fundamentais do mercado, destacando-se aqui sua lógica  temporal – circulação ágil, produção e consumo rápido. [11] Esta temporalidade hegemônica, seu ordenamento  e organização, é hoje ditada pelos veículos midiáticos, em especial pelo  jornalismo. Enquanto demarcador de uma temporalidade hegemônica, o jornal  funciona como dispositivo sincronizador das atividades humanas, ajustando os consumidores  à monotonia do dia-a-dia, à rotina de trabalho que se torna indissociada do  tempo cultural. 4. O jornal como  demarcador de uma temporalidade hegemônica Ao lado de suportes materiais do símbolo  tempo, como o relógio e o calendário, destacam-se aqui os veículos de  comunicação como símbolos portadores da ritmicidade da cultura contemporânea.  [12] 
                                      Um dos mais importantes portadores materiais do  sistema simbólico chamado tempo, um de seus suportes é a atividade de geração,  distribuição e conservação das informações. Nesse contexto desempenha papel de  destaque em nossa contemporaneidade a atividade da mídia, os meios de  comunicação de massas: sistemas de notícias, desde a sua geração até a sua  chegada ao receptor, jornais, emissoras de rádio e televisão, redes etc. Esses  suportes atuam invariavelmente como demarcadores de tempo de vida dos  indivíduos, sincronizando suas atividades dentro de um todo maior. [13]  No caso específico dos periódicos  (jornais, revistas etc.), estes reiteram o tempo cultural permitindo inscrever periodicamente  o Homem na vivência do comum, fazendo subsumir o tempo biológico, físico ou  individual numa temporalidade coletiva. Essa submissão permite não apenas conservar  uma identidade humana no percurso existencial do cotidiano, como também  possibilita ao Homem um mergulho numa continuidade que se renova, de modo  idêntico, a cada dia. É a ritualização, a repetição rítmica do  tempo agindo sob o suporte-mídia, no caso os informativos periódicos servindo  como instrumento ritualizador. Aqui, pouco importa o conteúdo destes  informativos, não se trata exatamente do que trata as notícias do dia, mas do  fato de que estes, enquanto símbolo do tempo, reiteram uma divisão do tempo  absoluto, funcionando como ponto de referência ou orientação para os períodos  do dia: o Jornal da Manhã, o Jornal da Tarde, o Jornal da Noite. No caso de uma demarcação mais longa têm-se as  revistas semanais, quinzenais, mensais, bimestrais etc.  Esta temporalidade ditada pelos veículos  noticiosos torna-se hegemônica, justamente por integrar-se uma temporalidade social;  esta por sua vez, relaciona-se a outros sub-sistemas ou campos midiáticos que  trabalham sob este mesmo ritmo. Sendo constantemente retro-alimentada  por estes outros campos, a temporalidade do jornal reafirma-se, já se  observando aí o principal mecanismo de poder dos sistemas midiáticos: a  repetição.                                       O controle do tempo, neste caso, pode  ser pensado a partir de dois tipos de repetição, ou controle do símbolo tempo: 
                                        1) A repetição da ordem ritual de  demarcação do dia, da semana ou do ano (o veículo como símbolo em si), como  explicita Baitello Júnior: “[...] Abrir um jornal ou apenas percorrer os olhos  rapidamente sobre suas manchetes principais, sentar-se diante da televisão e  assistir ao noticiário, sentar-se no carro e ouvir os jornais matutinos [...]”,  o qual, segundo ele, “constituem alguns dos rituais mais resistentes deste  século”. [14] 2) A repetição da ordem da fixação de outros  símbolos (o veículo como suporte de símbolos). Enfatiza-se aqui a repetição da  forma-notícia, como aquela que aparece no texto lingüístico na figura do lead ou pirâmide invertida, que infere distribuições  de fontes (oficiais ou não-oficiais), ou do tamanho das matérias. Esta forma-notícia  é a mesma que se impõe também na imagem noticiosa (fotojornalismo, produção e  planejamento gráfico do jornal) como no caso da repetição de enquadramentos  fotográficos e montagens de layout. 5. O jornal como  portador de uma temporalidade hegemônica O poder da repetição, neste segundo  caso, não é algo que se possa confundir com a chamada teoria da agenda-setting, consagrada nas teorias  do jornalismo para designar a repetição de assuntos, temas ou mesmo ideologias  circulantes na sociedade; trata-se da repetição da forma configurativa do  jornal, que apazigua o olhar e a consciência humana, uma técnica estruturadora  dos fatos cotidianos reportados, os quais passam pelos critérios de  noticiabilidade, do filtro das “técnicas” jornalísticas e dos princípios da  edição. Esta repetição constitui, na verdade, a  própria estilística do jornalismo, aquilo que lhe dá identidade enquanto gênero  literário (o informativo). Trata-se da forma simplificada de escrita que,  atendendo às demandas do consumo contemporâneo, ágil e veloz, serve como  fórmula mágica para a escrita ou enquadre.  No caso do conteúdo veiculado, não se  aceita relativizações do fato, do discurso ou da palavra, abarcadas em idéias  (muitas delas complexas) de senso-comum. Muito bem vinda, por outro lado, são  os conceitos redutores que reiteram pensamentos preconceituosos, estigmas  sociais ou, no caso do jornalismo especializado, aquilo que Muniz Sodré chama  “doutrinas de acompanhamento”: “versões universitárias de uma generalizada  escatologia comunicacional”. [15] A este tipo de repetição (seja da  fórmula “da forma” jornal, seja do conteúdo veiculado) o próprio ethos jornalístico não se faz qualquer  objeção, sendo até mesmo prescrito pelos manuais da profissão. Este tipo de prática no jornalismo leva,  inclusive, a uma auto-representação de si e do Outro. Expressões famosas como  “quarto poder”, “cão de guarda dos interesses públicos” etc. ilustra a  construção autoconsciente do jornalista como detentor de um poder paralelo, à  parte dos poderes clássicos; do outro lado do processo comunicativo, cria-se “o  receptor”, um Outro diferente de mim, que se comunica por um padrão pouco  complexo de percepção das formas e de entendimento de seu conteúdo, o famoso “leitor  idealizado” ou “presumido” [16] de Umberto Eco, aquele que tem pouco repertório  cultural, ou que prefere as formas clichês ou estereotipadas.  Estas duas imagens (do produtor e do  receptor) compõem algumas das representações do universo do campo jornalístico,  enquanto espaço social autonomizado, possuidor de uma lógica funcional própria  e, por isso, também de uma realidade própria (o que implica também em valores e  representações), as quais ampliam a realidade tradicional, chegando a  influenciá-la em muitos aspectos.  Esta realidade, advinda pelo conteúdo da  notícia, afeito por um conjunto fragmentado de acontecimentos noticiados, dão a  impressão de presentidade e controle do tempo por parte do consumidor.  A sensação de segurança advinda deste  controle interno do tempo constitui um facilitador, uma porta de entrada, para  o repertório simbólico mais vasto (ideologias políticas, pontos de vistas sobre  determinado assunto etc.). É nesta etapa que se costuma falar de persuasão do  jornal. 6. A domesticação  do tempo pela notícia Se a necessidade do jornal enquanto bem  indispensável para a contemporaneidade se dava em função de sua demarcação do  tempo social, agora esta necessidade advém de seu conteúdo, ou seja, da notícia  enquanto dispositivo técnico de ordem cognitiva que compensa a complexidade  temporal do cotidiano com uma redução tranqüilizadora correspondente.  Portanto, não é exatamente o veículo que  produz o adentramento do leitor à realidade do jornalismo, mas a notícia. É  verdade que o veículo, como dispositivo sincronizador da sociedade, símbolo do  tempo ou portador temporal da cultura moderna, detém um poder de ritualização  capaz de legitimar o jornalismo como instituição reguladora da rotina  contemporânea; entretanto, para que isto se realize, é necessária a introdução  do leitor ao universo do veículo. É aí que entra a notícia. A notícia, como evento que reforça no  leitor um estado momentâneo de estabilidade e segurança afastando-o da entropia  e das incertezas inerentes à complexidade fenomenológica do mundo ou do  cotidiano, tem a importância de integrá-lo continuamente num eixo temporal, de  forma a assegurar sua permanência, enquanto existente (social ou individual), em  meio a um continuum de mudanças. 
                                      Pela conexão dos  detalhes e das prováveis conseqüências do evento, a notícia gera um tipo de  unidade narrativa que, segundo se presume, tranqüiliza a consciência do  indivíduo inseguro em face da dispersão humana na grande cidade, da vicissitude  dos acontecimentos, da condição precária da identidade no espaço urbano, do  desconhecimento das causas, da incidência trágica do acaso. Essa oblíqua  exigência de tranquilização preside a regra técnica do texto jornalístico de  não se abordar os assuntos de forma negativa ou duvidosa – escrever que o fumo  faz mal à saúde seria mais adequado do que dizer que não existem provas de seus  efeitos nocivos. [17] Por meio da notícia, o leitor consegue  paralisar o tempo colocando-se em simultaneidade ao momento da leitura,  aumentando sua segurança e reforçando o caráter estável de sua identidade.  Desse modo, não é casual que a notícia seja o detalhamento abrupto e impessoal  de um acontecimento (o quê, quem, quando, como, onde e por quê?) já que o  apaziguamento do leitor se dá justamente nesta substituição do tempo absoluto  pelo tempo racionalizado. Este procedimento aplica-se também no  caso das imagens noticiosas, as quais convivem com o conteúdo lingüístico do  veículo. Embora elas possam suscitar uma não lineridade ou irracionalismo na  leitura, as imagens são também absorvidas racionalmente por esta estrutura  temporal. Para Munis Sodré, “[...] uma das razões da perfeita adequação da  fotografia ao jornal é que a imagem química paralisa a duração imobilizando a  experiência. A afinidade da foto com a notícia está presente neste reforçamento  do movimento aparente do real”. [18] O tempo, da forma como se vive  cotidianamente pelo jornalismo, é criação do observador moderno, uma  representação que este estabelece segundo seus interesses. O jornal, bem como  seu produto (as notícias) estabelece, como se acompanhou até aqui, não apenas a  redução da complexidade cotidiana, mas o direcionamento das diversas  experiências temporais. Nesta redução, as empresas de jornalismo convertem o  tempo de atenção dos consumidores em capital financeiro. 7. O tempo como  material rentável da mídia O teórico da mídia Harry Pross certa vez  sentenciou: “a função primordial da mídia é a de sincronizadora de uma  sociedade”. [19] Estendendo esta afirmação ao jornalismo, enquanto campo social  relativamente autônomo frente às demais mídias, pode-se observar nesta função  sincronizadora não apenas a regulação dos processos de semiose social (trocas  simbólicas, econômicas, afetivas etc.), mas a demarcação do tempo de atenção  dos consumidores em consonância com o campo social mais vasto do mercado. Falou-se aqui da repetição como  estratégia ritualizadora do jornal. Estratégia esta velha conhecida pela  retórica grega (aristotélica), bastante em voga nas análises discursivas que  considera a repetição no jornalismo como ação de reiterar ou impor significados.  A importância desta técnica de linguagem é tamanha tendo ganhado roupagens e  matizes distintas em alguns autores: violência simbólica para Bourdieu;  palavras de ordem para Deleuze e Guattari... Aqui, entretanto, faz-se um  distanciamento acerca da estrutura ou funcionamento interno da mídia, suas  formas de cooptação pela via do discurso, para justamente observar um viés  muito comentado, porém pouco explorado, a economia política do tempo. Trata-se  de observar a estruturação de uma forma de acumulação de capital (social e  financeiro) a partir do acúmulo do tempo de vida das pessoas, leitores ou  espectadores.  No campo jornalístico a manifestação  deste tipo de economia se dá por meio de dois processos complementares: pelo  jornal em si, como demarcador de uma temporalidade hegemônica; e pela notícia  como dispositivo que apreende o tempo e as consciências individuais,  inscrevendo-as num lugar socialmente comum (um símbolo conforme Elias), o tempo  social como espaço de acolhimento das diferenças. Pelo tratamento generalista, a notícia  pode funcionar como instrumento de aproximação, integrando traços comuns e  elementares da grande diversidade de tempos circulantes na sociedade  contemporânea, a partir do interesse ou atenção que desperta.  Este tempo de permanência diante do  jornal, por exemplo, constitui a matéria-prima que movimenta aquilo que Pross  denomina “economia dos sinais”, ou seja, uma nova modalidade da economia política  que se interessa pela quantidade de tempo que as pessoas gastam diante dos  aparelhos. 
                                      A construção de  recursos técnicos para superar as restrições da percepção elementar pode ser  interpretada como o motor da sociologia cultural, uma vez que os donos desses  recursos podem colonizar o tempo de vida dos outros. [20] Pross considera “normal” uma “economia  dos sinais diante da qual o sujeito ‘móvel’ se renova constantemente dentro de  seu ‘ambiente de formas’”. [21] Um exemplo de uma economia de sinais  equilibrada, ou seja, sem o acúmulo do “capital” tempo por nenhuma das partes  que participam desta troca, pode ser observado num passeio pelas matas, bosques  ou parques ecológicos, em que a quantidade de estímulos (táteis, sonoros,  olfativos visuais, etc.) estão em um nível de suportabilidade do corpo. Uma  economia desequilibrada, por outro lado, pode ser obtida num passeio pelas  movimentadas ruas de São Paulo, onde o turbilhão de estímulos (fumaça,  outdoors, buzinas etc.) atinge um elevado grau de saturação. Esta concepção, levada a efeito para o contexto  da mídia, num momento em que se proliferam máquinas de estímulos sensoriais e  se vê esgotar as fontes materiais de produção de riquezas clássicas, tem-se o  que Pross chama de um desequilíbrio ecológico da comunicação, desequilíbrio  ocasionado pela tentativa de acumular a atenção, portanto, o tempo de vida das  pessoas. Nesta nova economia dos sinais, a  audiência ou o tempo de atenção é considerado trabalho de percepção que, agregado  às mercadorias como produto de uma mais-valia, resulta em capital simbólico e  financeiro. A audiência, neste caso, pode converter tanto em capital social aos  colaboradores da empresa de comunicação, os grupos políticos e/ou religiosos,  na forma de votos, consenso político, devoção etc., como também em lucro  financeiro para empresas de informação e entretenimento que vê crescerem seus  rendimentos publicitários por meio dos altos índices de audiências. A vantagem deste tipo de economia é o  seu rendimento máximo. Se antes havia uma distância considerável entre o tempo  do trabalho e o tempo do lazer (da renovação), hoje, literalmente, estes tempos  são unificados pelo mercado. Neste frenético jogo concorrencial, a  produção em larga escala de estímulos sensoriais (leia-se notícias) tende a  crescer e torna-se evento trivial, naturalizado. Instala-se então uma disputa  para captar e/ou reter a atenção do leitor, revelando-se aí uma inversão vetorial  dos estímulos que passam a vigorar não mais de dentro para fora (como num  processo natural, de captação da imagem), ou seja, do corpo para o ambiente  externo, mas de fora para dentro. Neste processo de inversão, a demanda informacional  por acontecimentos, as hot-news, são re-inventadas  a todo instante, num processo de reciclagem do mais do mesmo. Este fenômeno  vulgarmente conhecido como espetacularização das notícias, torna comum o evento  sensacional revestido de picardias e enfoques inusitados ou escandalosos,  retro-alimentando a indústria da percepção.  É curioso perceber que tal fenômeno  comunicacional tem-se imposto com muito mais força em regiões com a economia  financeira (aquela trabalha com o capital clássico) mais avançada. De certo, em  razão do esgotamento dos espaços colonizáveis, ou do aparente surgimento deste  filão de mercado (a mídia) que tende a se constituir como esfera lucrativa para  anos vindouros. 
                                      Em regiões com  tecnologia de sinais mais avançada é previsível que os poderes do Estado não  terão condições de resistir à economia dos sinais, uma vez que esta já se terá  transformado em motor de sua economia política. A redução dos custos de  salários e de investimentos dos empresários em detrimento do trabalho  computadorizado, que melhora os controles e economiza tempo, aumenta a pressão  da concorrência no mercado de trabalho. Na indústria eletrônica de  entretenimento, a super-oferta deverá levar a falências econômicas num processo  de concentração, já que este, como “indústria de suspense” (Hermann Broch), tem  de respeitar os “limites da dor” subjetivos que, diferindo de uma cultura para  a outra, precisam ser sincronizados entre si. [22] O tempo do Outro, segundo se presume, é  matéria rentável para a mídia. Para o jornalismo, é índice para sua  sobrevivência nas imprevisíveis trepidações do mercado. NOTAS [1]  Cultura aqui entendida como “sistema cultural”, conforme Clifford Geertz (1989,  p. 10). [2] Cf. Pross, 1980, p. 149.  [3]  Cf. Flusser, 2002, p. 8. [4]  Ibidem. [5]Cf.   Martín-Barbero, 1997, p. 295-296. [6]  Enquanto fenômeno da cultura, o tempo social se apresenta como território de  acolhimento e troca coletiva (inter-individual, inter-grupal), de comunicação  (no sentido de pôr em relação as diferenças), logo, do diálogo e da experiência  vinculativa. Daí o fato do tempo ser tema ou assunto caro aos estudos comunicacionais. [7]  Adota-se aqui a concepção de “capital simbólico” de Pierre Bourdieu, ou seja,  um tipo específico de capital que se acrescenta aos outros três capitais  (clássico ou econômico, social e cultural). O termo “capital” aqui preserva  algumas propriedades conceituais de sua forma clássica, resultando daí as  concepções de acumulação e à posição social (hierárquica) que o acumulador de  capital simbólico ocupa no interior de um campo. [8] Elias apud  Baitello Jr., 1999, p. 97-98. [9] Pross apud Baitello Jr., 1999, p. 81. [10]  Além disso, o rito é também a garantia para que os símbolos do grupo não  pereçam. Em muitas sociedades, especialmente aquelas de tradição oral e sem  escrita, os símbolos são preservados nos próprios indivíduos que passam a servir  como suporte de memória do grupo. A transmissão dos símbolos, neste caso, se dá  pela oralidade, ou em eventos cíclicos que envolvem, inclusive, a imersão  corpórea do indivíduo. [11]  Como resultante desta lógica temporal verificam-se fenômenos como a obsolescência  dos objetos que, no caso da produção atual, tem sua vida útil cada vez mais  reduzida. No caso do consumo, evoca-se aqui o conceito de “consumo conspícuo”  de Veblen “despesa de dinheiro, tempo, e esforço na agradável tarefa de inflar  o próprio ego”. [12]  O tempo como representação simbólica objetiva-se, como foi dito, em muitos  outros objetos, o que possibilita algumas leituras arqueológicas (ou histórias  estruturais, segundo Iuri Lótman). O calendário gregoriano, por exemplo,  demarca o poder religioso e a imposição de um sincronismo sobre o social, na  Idade Média. O relógio mecânico demarca o poder laico (burguês) e a imposição  de um sincronismo sobre o social, na Modernidade. [13]  Cf. Baitello Jr., 1999, p. 98. [14]  Idem, p. 100. [15]  Cf. Sodré, 2002, p. 240-241. [16]  Os analistas do discurso colocam-se, geralmente, na posição do “leitor presumido”,  aquele que o emissor da mensagem tem em mente quando produz o discurso. Esta idéia contempla a própria concepção de  notícia, como aquilo que interessa ao leitor e que, no final das contas, é  decidido pelo jornalista. [17]  Cf. Sodré, 1996, p. 133. [18]  Idem, p. 137. [19]  Apud Baitello Jr., 1999, p. 100. [20] Cf. Pross,  1997, p. 2. [21]  Ibidem. [22]  Ibidem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN,  Z. Comunidade: a busca por segurança  no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. BAITELLO  JR., N. O animal que parou os relógios. São Paulo: Annablume, 1999.  _____________. “Mídia como droga: laudatio a Harry Pross, em seu  aniversário de 80 anos”. Revista Ghrebh,  2003. Disponível em: http://www.revista.cisc.org.br/ghrebh4/.  Acesso em: 8 ago. 2007. BOURDIEU,  P. O poder simbólico. Rio de Janeiro:  Bertrand Brasil, 2001. ECO,  U. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000. 5ª  ed. FLUSSER,  V. Filosofia da caixa preta: ensaios  para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. GEERTZ,  C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. MARTÍN-BARBERO,  J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ,  1997. PROSS, H. La  estructura simbolica del poder. Barcelona: Gustavo Gili, 1980. ________. La  violencia de los simbolos sociales. Barcelona:  Anthropos, 1989. ________.  “A economia dos sinais e a economia política”. Texto de apresentação do  Seminário “A Explosão da Informação”, Centro Interdisciplinar de Semiótica da  Cultura (CISC), SESC, São Paulo, 26-28 ago. 1997. Disponível em: http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/sinais.pdf.  Acesso em: 22 ago. 2007. Acesso em: 8 ago. 2007. SODRÉ, M. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis:  Vozes, 2002. ________. Reinventando  a cultura: a comunicação e seus produtos. Petrópolis: Vozes. 1996. *Eduardo Yuji Yamamoto é jornalista e mestre em Comunicação pela  Universidade Estadual Paulista (FAAC/UNESP). |