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Mistério no Porto de Santos
Tragédia em dois atos

Por José Amaral Argolo*

Meu amigo Giorgio Celli, que é escritor e professor de entomologia, uma vez escreveu um conto sobre o crime perfeito. Ele e eu éramos personagens dessa história. Celli (a personagem de ficção) injetou num tubo de pasta de dente uma substância que atrai vespas sexualmente.

Reprodução

Eco (a personagem de ficção) escovou os dentes com essa pasta antes de ir dormir e um pouco do dentifrício ficou em seus lábios. Isso atraiu para seu rosto enxames de vespas sexualmente excitadas, cujos ferrões foram fatais para o pobre Eco. Protocolos Ficcionais, in: ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção, p. 126.

(Para Percival de Souza)

Aconteceu em 1928, ano em que Mário de Andrade publicou Macunaíma, marco da literatura brasileira no qual apresentou aos leitores um personagem central diferente de todos: paulistano autofágico e sem caráter, assim definido por conta da sua intensa pluralidade. Macunaíma, o primeiro (e quem sabe único?) anti-herói brasileiro.

No dia sete de outubro, enquanto muitos cidadãos comuns: trabalhadores (as) nas pequenas indústrias e/ou escritórios da Capital, tomavam café da manhã nos bares da periferia ou do Centro antes de mais uma jornada de labuta, a Polícia Marítima era acionada para atender uma ocorrência no pátio do armazém número 13 do Porto de Santos.

Estivadores que trabalhavam no içamento das bagagens e outras mercadorias destinadas principalmente a Bordeaux (França), que seriam arrumadas nos porões do vapor Massília, pertencente à Companhia Chargeurs Reunis, notaram que do interior de uma grande mala de couro pingava um líquido fétido e de coloração escura.

Informado sobre este fato e agindo imediatamente (faltavam poucos minutos para aquele navio levantar âncoras), o comandante da embarcação alertou o delegado regional de Santos, que, apoiado por uma equipe do Gabinete de Investigações com sede na Capital, começou a apurar o caso.

No interior da mala endereçada aos cuidados de um suposto Sr. Francesco Ferrero, residente em Bordeaux, estava o corpo retalhado, em decomposição, de uma mulher jovem de cabelos castanho claros cortados curtos, medindo 1,66 m. Tanto os peritos que examinaram o corpo ainda no local, como o legista que assinou o Auto de Exame Cadavérico (Dr. Rebello Netto), informaram que a vítima abortara (post mortem) o feto de uma menina de seis meses.

Maria Féa Mercedes, 21 anos, fora estrangulada e em seguida mutilada com o auxílio de uma navalha (arma esta posteriormente recuperada pela Polícia). O criminoso seccionara as pernas da mulher na altura dos joelhos, para que o corpo coubesse na mala. A violência no ato de retalhamento foi tamanha que um pedaço da lâmina da navalha quebrou, deixando um rombo em forma de meia-lua.

O assassinato daquela jovem chocou a sociedade paulista e comoveu a Opinião Pública de todo o País. Num primeiro instante, tanto os jornalistas como os policiais encarregados das investigações chegaram a supor que o crime tivesse sido praticado pelo imigrante sírio Miguel Trad. Este se notabilizara dois anos antes, por matar e esquartejar uma mulher utilizando o mesmo artifício para se livrar do corpo (foi, a bem da verdade, o primeiro Crime da Mala registrado pela polícia paulista).

As investigações somente não se prolongaram por muito tempo devido às trapalhadas em série e ao pânico do criminoso: Giuseppe Pistone, 31 anos, marido da vítima. Ele foi localizado e preso sem esboçar resistência no interior da Pensão Grasso, localizada na antiga Rua Ypiranga (hoje Avenida Ipiranga), Centro da Capital paulista.

Paixão, dinheiro e morte

A imprensa paulista acompanhou de perto as investigações e, por seu próprio empenho, antecipou alguns resultados aos leitores.
Giuseppe e Maria Féa Mercedes eram casados há pouco tempo.

A cerimônia acontecera na pequena cidade italiana chamada Sandria.

Segundo o relato do criminoso, no dia 4 de outubro ao voltar - no rápido intervalo do trabalho - para o pequeno cômodo onde morava (uma saleta à Rua da Conceição, 34, apartamento 5), com o objetivo de, como fazia costumeiramente, levar a mulher para almoçar num restaurante próximo, encontrou-a na cama na companhia de outro homem.

Este, ao perceber a embrulhada em que se envolvera e após breve discussão, deixou o local apressadamente. Maria Féa tentou justificar-se alegando que não sabia quem era aquele indivíduo. Foi então agarrada pelo pescoço e estrangulada.

Giuseppe alegou depois, aos policiais responsáveis por sua captura, que, arrependido e traumatizado pelo que fizera, havia passado aquela noite chorando muito e amparando a cabeça da mulher assassinada. As investigações, porém, chegaram a outras conclusões bem mais plausíveis.

Aquele assassinato fora motivado por dinheiro. O criminoso trouxera da Argentina (onde morou algum tempo com a jovem esposa antes de fixar residência no Brasil), 15 mil liras, das quais 3 mil foram gastas por Maria Féa - sem o conhecimento do marido - para custear as despesas com o matrimônio na Itália.

A mala, nova em folha, fora adquirida por Giuseppe em uma loja da Avenida São João (este, registre-se, o primeiro resultado prático das investigações policiais).

Depois de retalhar a vítima ele conseguiu ajeitar o corpo na mala, acrescentando alguns objetos pertencentes a Maria Féa, assim relacionados pela Imprensa de Santos: uma caixinha de pó-de-arroz da marca Coty, um vidro contendo pastilhas para garganta, seringa hipodérmica, vidro de extrato, cobertor de lã, lençol de linha, travesseiro sem fronha, uma almofada verde, retalhos de tecidos e peças de roupa.

O fato é que Giuseppe Pistone não conseguiu ficar calado após o crime e contou a barbaridade que praticara a um colega de trabalho (o qual, por sua vez, nada revelou à Polícia para não se comprometer); em seguida, fretou uma caminhonete para transportar a mala com o cadáver até a Estação da Luz, de onde prosseguiu rumo a Santos a bordo de um trem.

Novo traslado desta vez (num caminhão Fiat modelo 818) até o Porto, onde pagou em dinheiro as taxas alfandegárias para que a bagagem fosse embarcada no Massília.

Giuseppe retornou de táxi à Capital. E, quando pediu ao motorista que desse uma breve parada para tomar um lanche no Recreio e Café Expresso São Bernardo, foi surpreendido com a notícia segundo a qual a Polícia já tinha elucidado o crime. Lívido, pagou rapidamente a despesa (17 mil réis) e não tocou no assunto com o motorista. Pouco depois de chegar ao Centro de São Paulo, foi localizado e preso sem reagir.

O assassino de Maria Féa Mercedes - que pretendia, segundo ele próprio, se suicidar atirando-se às águas do Rio Tietê - ficou recolhido na Penitenciária Tiradentes, de onde foi libertado no dia 10 de junho de 1938. Ele morreu em 1969, na cidade paulista de Taubaté (terra natal de Monteiro Lobato, um dos nossos maiores escritores e jornalistas). Seu corpo está sepultado no cemitério da Cadeia Pública.

A ossada de Maria Féa Mercedes, após algum tempo sepultada no antigo cemitério do Saboó (em Santos), foi transladada para a Argentina, Estado Nacional onde viviam parentes.

A narrativa jornalística sobre o Crime da Mala pode ser interpretada, hoje, como tendo sido elaborada em estilo folhetinesco, digamos assim, mas não colorida e sangrenta a ponto de provocar engulhos na conservadora sociedade paulistana, o que somente veio a acontecer vinte, trinta anos depois, nas décadas de cinqüenta-sessenta, como estratégia de vendas dos diários populares.

'Il Cesare, il Nerone di San Paolo'

Un pericoloso pregiudicato condannato numerose volte per reati alla proprietá e per oltraggio e violenza agli agenti della forza publica. Dossiê da Polícia italiana (fragmento)

O delinqüente supramencionado no dossiê chamava-se Gino Amleto Meneghetti, nascido em Pisa, na Itália em 1878. Com dezesseis anos ele foi preso pela primeira vez. Em seguida fugiu para a França e abrigou-se no submundo de Marselha, onde viveu aproximadamente vinte anos até ser capturado pela gendarmeria e, em seguida, deportado para o Brasil.

Viajou a bordo do navio de bandeira italiana Tommaso di Savoia e desembarcou no Porto de Santos no dia 25 de junho de 1913.

Durante mais de cinqüenta anos Gino Meneghetti, o Gato dos Telhados (muitas vezes renomeado: Mario Mazzi, Antonio Garcia, Ângelo Bianchi, Amleto Gino, Amleto detto Gino), foi uma espécie de ladrão símbolo para a crônica especializada. Viveu como um aventureiro ao mesmo tempo selvagem e romântico.

Chegou, inclusive, a ser comparado ao pintor futurista Marinetti. Como assinalou Walfrido Prado Guimarães na edição de 5 de junho de 1926 na Folha da Manhã, sob o título A arte e o crime: Marinetti e Meneghetti (mantida, aqui, a grafia original):

Marinetti, o representante mascarado de uma facção política, vem á scena empunhando o facho de luz da arte moderna, surgida por entre as arcadas ancestraes do velho Colyseu, pregando a transformação do sentimento político, transcripto em longos e encantadores versos, pelo estourar das bombas, repicar dos sinos, silvar das locomotivas. (...) Mas, falávamos de Marinetti e Meneghetti, este, ladrão astucioso, audaz, perigoso, assassino frio, calmo, sereno, vem da Itália, para revolucionar o meio policial e atemorizar o meio social da nossa paulicéia. O tiroteio da manhã de hontem nada mais é do que a prova latente do atrevimento de um criminoso nato, no dizer de (Cesare) Lombroso; criminoso , na época atual, futurista, pois, nos crimes que praticou nesta capital, demonstrou que estava decidido a revolucionar a arte profissional que exercia.

Referia-se o articulista ao tiroteio da véspera, 4 de junho, na Rua dos Gusmões, 61, residência de d. Victoria Justi (tia de Concetta Tovani), do genro desta, Rodolpho Galvani e da filha do casal, Rosina. Ali também estavam abrigados há até poucas horas antes os dois filhos de Gino Amleto Meneghetti.

No conflito que se seguiu após o anuncio do cerco, Meneghetti feriu a tiros gravemente o comissário de Polícia Waldemar Doria e resistiu, correndo sobre os telhados das casas vizinhas e sustentando fogo até esgotar a munição do seu revólver calibre 32.

Uma vez cercado e sob a ameaça das armas, rendeu-se. A sentença judicial foi severa: 43 anos dois meses e dez dias de condenação, posteriormente reduzida. Ganhou a liberdade no dia 17 de janeiro de 1945 e, transcorridos apenas dois meses, foi novamente preso, desta vez por tentativa de homicídio.

Sua última ação, igualmente mal sucedida, aconteceu no dia 13 de junho de 1970. Tinha exatos 92 anos de idade e tentou forçar o portão de uma casa na Rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, bairro da classe média paulista. Foi reconhecido e preso por um policial que o observava à distância. Cinco anos depois, com a saúde debilitada, Gino Meneghetti morria de insuficiência cardíaca no Hospital Samaritano.

As aventuras rocambolescas de Gino Amleto Meneghetti alimentaram durante muitos anos o noticiário da maior metrópole do País, ao mesmo tempo em que lhe asseguraram renome internacional.

O mais curioso em toda a sua história é que as autoridades brasileiras tinham sido informadas a seu respeito pela Polícia italiana bem antes do desembarque no Porto de Santos; mesmo assim decidiram acolhê-lo. O amplo dossiê pormenorizava os crimes praticados pelo delinqüente em solo europeu.

Auto-identificado como ateu e anarquista (somente aceitou o batismo aos 68 anos, e ainda assim por gratidão às freiras que cuidaram dos seus ferimentos), Gino Meneghetti protagonizou alguns episódios notáveis e até hoje (penso) imbatíveis da crônica policial. Sem nunca ter freqüentado os bancos escolares, leu a obra completa de Sir Bertrand Russell (filósofo e matemático) e de José Ingenieros (psiquiatra e escritor argentino bastante respeitado nos meios acadêmicos).

Um desses episódios famosos aconteceu quando (e aqui ofereço uma visão reversa sobre o tempo), fugiu nu e com o corpo todo esfolado da solitária que ele próprio, trabalhando voluntariamente como servente de pedreiro, ajudou a construir (deixando as grades do topo suficientemente frouxas para que pudesse arrebentar com um primeiro tranco).

Meneghetti saiu às ruas da Cidade do jeito que estava e caminhou até a casa de uma tia onde conseguiu roupas, desaparecendo em seguida.

Foi, aliás, junto à pacata e trabalhadora comunidade italiana moradora na paulicéia que ele conheceu a jovem Concetta Tovani, que lhe deu cinco filhos (três dos quais mortos na infância e os dois restantes, Spartace e Lenine, ainda vivos. Os nomes das crianças, explicou aos policiais, decorreram da sua "vocação revolucionária"). Os meninos raramente viam o pai, mas dele com freqüência ouviam falar.

Se fosse hoje, Gino Meneghetti não sobreviveria por muito tempo em qualquer metrópole do País. No Rio de Janeiro ou mesmo São Paulo nem se fala. A Polícia jamais deixaria passar em branco o seqüestro do seu próprio chefe (na época o dr. Roberto Moreira) em plena Capital, mesmo que o devolvesse horas depois, intacto e desmoralizado na redação de um jornal diário (vai aqui um comentário adicional: muito daquilo que se escreve a respeito de Gino Meneghetti deve antes passar pelo filtro das possibilidades).

"Terremoto Jornalístico"

Durante os anos noventa a reportagem policial sofreu um duríssimo revés na maior metrópole do País. Valmir Salaro, experiente repórter da Rede Globo de Televisão em São Paulo, foi o primeiro a difundir notícia sobre a Escola Base, um abalo jornalístico que a Imprensa Paulista até hoje não conseguiu expurgar dos pesadelos. Atualmente, sob certos aspectos, este assunto perdeu impacto por força dos acontecimentos que se seguiram, igualmente relativos à violência urbana.

A difusão daquela notícia não decorreu de uma suposta falta de zelo daquele jornalista, mas da confiança que depositava nas fontes policiais, consultadas habitualmente. Aliás, o próprio Valmir Salaro, em declarações prestadas à equipe do Instituto Gutemberg, fez uma autocrítica sincera do que aconteceu:

Hoje eu sinto muita, muita dificuldade para fazer reportagem policial.

Sinto-me usado, me sinto como um carrasco, quando o papel do repórter teria de ser outro; ele teria que fiscalizar a Polícia e ajudar a sociedade.

Hoje você acaba sendo uma espécie de ponta de lança da Polícia. Se a Polícia apresenta uma pessoa como sendo um grande bandido, você acaba embarcando e divulgando essa versão e, muitas vezes, prejudica a vida desse suposto bandido que, na verdade, não passa de um coitado.

A verdade, porém, é mais complexa. Repórter somente erra quando trabalha e confia. Foi este o equívoco mais do que compreensível sob o prisma da percepção de Valmir Salaro. Ele trabalhou e confiou. E aprendeu com o erro.

"A Escola Base vive permanentemente na minha cabeça. É um ponto de referência. Fiz uma matéria na semana retrasada num asilo e pedi ao cinegrafista: não quero imagens de rostos, nem das velhinhas nem das crianças. É uma segunda violência!" - disse.

Os fatos que consubstanciaram esse que foi considerado um dos maiores equívocos da crônica especializada no País aconteceram no dia 28 de março de 1994.

Os proprietários da Escola Base: Maria Aparecida Shimada e seu marido Icushiro Shimada, bem como o colaborador Maurício de Alvarenga e o casal Saulo e Mara Nunes, foram injustamente acusados pela Polícia paulista (fundamentada, esta, nas denúncias formuladas pelas mães de duas crianças: Lucia Eiko Tanoi e Cléa Parente), de promoverem orgias com menores no interior da Escola infantil que mantinham no bairro da Aclimação.

Elas formalizaram queixa na Delegacia de Cambuci e, em seguida, a Folha da Tarde estampou na primeira página que uma Perua escolar carregava crianças para orgias. A Revista Veja, uma das mais conceituadas publicações do País, também não ficou atrás e denunciou a existência de uma "Escola de Horrores". O fato é que a Polícia deu crédito integral às autoras das denúncias e, por sua vez, a Imprensa paulista assumiu a notícia criminis como fato consumado.

Registra o noticiário do Instituto Gutemberg: "Os acusados foram inocentados depois ao término de um inquérito encerrado às pressas para que todos esquecessem o pesadelo". Mas, acrescenta, "o pior disso tudo é que, embora nenhum dos policiais diretamente envolvidos no caso tenha sido punidos administrativamente, alguns dos acusados foram duramente interrogados na delegacia".

Fundamentadas nessas denúncias, as crianças de quatro e cinco anos (filhos das duas senhoras que formalizaram a queixa na delegacia) teriam sido molestadas sexualmente na Escola e provavelmente levadas numa Kombi para um hotel nas proximidades onde também teriam sido fotografadas e filmadas.

O delegado que respondia à época pelas investigações, Edélcio Lemos, assegurou a culpa dos acusados respaldado em uma única pseudo prova, além dos depoimentos das crianças (tomados, é claro, sob clima de forte pressão), qual seja: "um telex transmitido pelo Instituto Médico Legal sugerindo violação sexual de um menino. Mas esse laudo foi, segundo os peritos, incapaz de se contrapor à evidência médica de que o garoto sofria de assaduras crônicas".

À luz das reflexões efetuadas pelos analistas do Instituto Gutemberg "a impunidade dos jornalistas perpassa como um estigma para as famílias das crianças" (vítimas inocentes da sofreguidão dos repórteres em publicizar informações não confirmadas).

Como contrapartida a todos esses erros, o advogado Kalil Abdalla, representando os interesses do casal Icushiro e Maria Aparecida Shimada, bem como do colaborador Maurício de Alvarenga, impetrou ação na Justiça de São Paulo e conseguiu que o Governo do Estado, por intermédio do juiz Paulo Alienda Ribeiro, da 5a Vara da Fazenda Pública, determinasse o pagamento de uma indenização estipulada em 100 salários-mínimos para cada um (reparação esta que cobre tão-somente os danos morais).

Mas a advogada Maria Eliza Munhol, que rezpresenta os interesses jurídicos do casal Saulo e Mara Nunes (denunciados no episódio como co-partícipes) processou as TVs Globo, SBT e os jornais Folha de S. Paulo, Folha da Tarde e Notícias Populares. Na petição inicial ela pede que os órgãos de difusão citados paguem R$ 3,2 milhões para cada um dos seus clientes.

Morbidez Televisiva

Registram os arquivos do Instituto Gutemberg (aos leitores interessados recomendo que acessem muito especialmente o site: "A cobertura escrachada não preservou ninguém, nem mesmo as crianças, reconhecíveis pela identificação dos pais e atazanadas em noticiários da tv. Em pleno jornal do meio-dia, os repórteres das emissoras pediam a um menino de quatro anos que contasse detalhes escabrosos do suposto molestamento sexual.

"A tia passou a mão em você?", sugeria a repórter da TV Globo à criança inocente que brincava com o microfone.

No livro Caso Escola Base - Os abusos da Imprensa, o jornalista Alex Ribeiro reproduz um dos diálogos do repórter com o menino:

- Esta mulher, ela deitava em cima de você?

- Deitava.

- O que ela fazia, o que ela queria?

Diante da relutância do garoto, o jornalista sugeria a resposta:

- Te beijar na boca?

O garoto respondia com um aceno na cabeça.

Destacaram os analistas do Instituto Gutemberg:

"A principal causa da tragédia foi o barbarismo policial e a conivência da mídia com esse barbarismo. Uma é o espelho canibal da outra. A Polícia não investiga, condena e divulga. A imprensa divulga, condena e não investiga. Ao final, as vítimas se amontoam no próprio infortúnio, a Polícia nunca é responsabilizada e a Imprensa se defende com a alegação invariável que apenas publicou o que lhe disseram".

(...)

Abro aqui um parágrafo para destacar o imenso quantitativo de processos instaurados contra os órgãos de difusão nos últimos anos em todo o País por conta do denuncismo irresponsável e não comprovado.

Entre os advogados especializados em matéria cível e criminal no Rio de Janeiro circula a hipótese segundo a qual se fossem apreciadas no intervalo de um mês todas as ações impetradas neste sentido, as corporações jornalísticas terão que disponibilizar ou leiloar todos os seus ativos e/ou simplesmente fechar as portas.

Até onde vai o meu modesto conhecimento já foram ajuizados mais de quatro mil feitos.

(...)

Retomando:

Ainda segundo o Instituto Gutemberg: "A autocrítica foi tão inócua que, no miolo do próprio Caso Escola Base, a Imprensa se esqueceu do erro e forjou outro - sendo que desta vez dispensou a ajuda da Polícia e mentiu sozinha. O delegado Lemos já estava afastado do caso e, para ocupar o seu lugar, fora designado o delegado Jorge Carrasco. Em abril (1994) foi preso o cidadão norte-americano Jorge Pedicini, suspeito de ceder o casarão onde residia, no Bairro da Aclimação, para as orgias com as crianças.

Embora nada fosse reconhecido, mesmo assim - abastecidos com as informações transmitidas em off pelo advogado das autoras das denúncias, Dr. Artur Proppnair - alguns diários revelaram o contrário; isto é: que as crianças tinham reconhecido a casa do norte-americano. A Folha de S. Paulo, por exemplo, publicou a seguinte chamada na primeira página: "Criança liga americano a abuso na Escola".

Aulas de jornalismo

Durante palestra organizada pelo Knight Center for Journalism in the Américas (órgão integrante da University of Texas at Austin), Percival de Souza, 63 anos completados este ano (2006), paulista de Braúna, no interior do Estado, e um dos mais completos repórteres especializados na área policial, apresentou uma série de comentários a respeito das práticas mais comuns do Jornalismo Investigativo no Brasil. Dentre os exemplos citados, recordou um episódio dramático que por pouco não resultou na morte de Domingos Meirelles um dos melhores repórteres do País (grifo nosso, (e muito provavelmente de toda a equipe que o acompanhava).

Destacou Percival de Souza ao abordar os riscos da profissão:

É possível, para que vocês tenham uma idéia, acontecer o que aconteceu com o colega Domingos Meirelles, da TV Globo, que quase foi fuzilado dentro de um restaurante em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta-Porã, pelo simples fato de ele ter uma aparência física muito semelhante a de um delegado da Polícia Federal na área de entorpecentes. O (Domingos) Meirelles estava fazendo a sua refeição com os companheiros de equipe e lá é comum ter homens tocando guarânias. Meirelles achou estranho aqueles homens tocando guarânias e, de repente, começaram a caminhar para trás na direção do banheiro. Até entrarem no banheiro. Tem alguma coisa esquisita. Pensou. Chegou alguém, e ainda bem que chegou alguém e indagou à queima-roupa: Usted es Belinho, delegado de Polícia Federal?

- No, no soy Belinho, soy Meirelles de la Globo - responden o veterano repórter.

Foram essas palavras que o salvaram.

Por coincidência o autor destas linhas também conversou longamente a respeito com Domingos Meirelles. Ele explicou que o tal Belinho na verdade chamava-se Bellini, delegado preso recentemente durante uma das megaoperações saneadoras que vêm sendo empreendidas pela Polícia Federal. E acrescentou que o homem que o abordou intempestivamente no interior do restaurante era piloto de aeronave de uma das mais poderosas quadrilhas de narcotraficantes.

E mais: para "desarmar os espíritos" e desconversar, acrescentou que tanto ele como a sua equipe ali estavam para elaborar ampla reportagem sobre um pretenso acordo de extradição entre os governos do Brasil e do Paraguai, fato este que, felizmente, convenceu os bandidos. Quanto ao grupo era integrado por Eram doze homens, alguns deles armados com submetralhadoras e fuzis.

(...)

Percival de Souza, penso, é o jornalista brasileiro que, presentemente, mais avançou na prospecção sobre a violência e a atuação das personagens nela engajadas. Exemplo notável, porquanto pedagógico, foi a sua histórica e exclusiva entrevista com José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo (posteriormente transformada no livro Eu, Cabo Anselmo, São Paulo, Globo, p. 14)

Destaco um fragmento:

As conversas para valer começaram em Aracaju, antes do Carnaval de 1999. Descontração na Praia da Atalaia. Disciplina de narrativa em ambiente fechado, gravador ligado, seguindo a sua trajetória de vida desde o começo, como se estivesse fazendo uma reconstituição de seus cinqüenta e sete anos. Simultaneamente, eu fazia anotações num caderno, assinalando pontos relevantes e momentos de maior emoção ao descrever fatos. Também memorizei ao máximo, adepto que sou do estilo de Truman Capote no livro A sangue-frio.

Por suas fontes sempre cuidadosamente resguardadas além de bem posicionadas, narrativa densa e envolvente, Percival de Souza é um repórter que difere da maioria dos colegas especializados na área policial.

Sua carreira jornalística teve início aos dezessete anos, no semanário Ringue, cuja temática era o Boxe. Em 1965 foi para o Jornal da Tarde.

Independentemente das atividades jornalísticas é um estudioso aplicado da Criminologia, ferramenta complementar aos estudos de Direito Penal e indispensável àqueles que, efetivamente, acompanham as investigações sobre os episódios de violência com zelosa cautela, antes de formular qualquer opinião a respeito.

A sua longa e minuciosa entrevista com o cabo José Anselmo dos Santos, ex-presidente da Associação de Marinheiros durante o governo do Sr. João Goulart e, posteriormente (por livre e espontânea vontade), transformado num dos principais colaboradores do delegado Sergio Paranhos Fleury (Deic-SP) e do aparato repressivo do Estado Brasileiro mobilizado contra as frações da Esquerda Armada, constitui uma das mais completas e impressionantes aulas de jornalismo investigativo.

Fosse tão-somente esta a lição transformada em livro, sua contribuição à História Épica do Jornalismo Brasileiro poderia ser considerada como referência definitiva. Sem qualquer desdouro para os demais colegas de profissão, Percival de Souza fez muito mais do que a média. Elaborou e publicou mais de uma dezena de volumes sobre assuntos que mexeram com o imaginário da Opinião Pública... não somente a paulistana.

Cito alguns desses trabalhos indispensáveis àqueles que pretendem conhecer um pouco mais sobre a violência urbana, suas personagens e implicações no cotidiano das pessoas:

Isto o jornal não conta (contos elaborados por jornalistas). São Paulo, Vertente Editora, 1970;

Mil mortes. São Paulo, Jornalivro, 1973;

A prisão. São Paulo, Alfa Omega, 1977;

Violência e Repressão. São Paulo, Símbolo, 1978;

A Revolução dos Loucos. São Paulo, Global, 1980;

A Maior Violência do Mundo. São Paulo, Traço Editora, 1980;

Society - Cocaína. São Paulo, Traço Editora, 1981;

O Crime da Rua Cuba. São Paulo, Atual Editora, 1989;

O Prisioneiro da Grade de Ferro. São Paulo, Traço Editora;

Autópsia do Medo - Biografia do delegado Sergio Paranhos Fleury. São Paulo, Globo, 2000;

Narcoditadura: O Caso Tim Lopes, Crime Organizado e Jornalismo Investigativo no Brasil. São Paulo, Labortexto Editorial, 2002.

E esta é uma relação incompleta do seu intenso trabalho como jornalista.

Posso assinalar, como acréscimos à extensa produção supra-assinalada, Cocaína boliviana domina o tráfico, reportagem especial elaborada para o Jornal da Tarde e publicada na edição de 24 de novembro de 1997; Visita aos Bastidores do STF (para a Tribuna do Direito) etc.

Percival de Souza, com sua narrativa sóbria e envolvente, consegue simplificar o que se apresenta aos olhos do público como algo bastante complexo e aparentemente indecifrável. Por exemplo, esta última reportagem mencionada deslinda uma espécie de novelo jurídico, qual seja: a permissão ou não autorização para que o Ministério Público Federal conduza investigações criminais, prerrogativa esta atribuída à Polícia.

Em outro texto: Reflexões sobre o crime organizado, Percival de Souza nos remete ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht, para quem somente pela realidade é possível mudar a realidade. Quanto ressalta que o Crime Organizado nasceu no miolo de uma sociedade em decomposição, o jornalista reconhece que esse problema, embora grave, não é insolúvel.

Todavia, exige uma postura organizada e eficaz por parte dessa mesma sociedade.

Ele tem razão. Somente por intermédio de ações imediatas, muito bem articuladas e conduzidas (principalmente no âmbito dos Poderes Legislativo e Judiciário), poderão os brasileiros recuperar a paz social e as corporações policiais - bem remuneradas, reestruturadas e seguindo modelos avançados de gerenciamento administrativo e tático - terão condições de reduzir os índices da criminalidade a patamares suportáveis.

Essas novas estratégias não somente desmobilizarão as facções criminosas instaladas nas duas maiores metrópoles do País como impedirão que os dados estatísticos se aproximem das cifras negra, vermelha e dourada, estigmas para todo e qualquer Estado Nacional.

O que se nota no conjunto do trabalho jornalístico de Percival de Souza é que ele não se fundamenta em meras cogitações, mas nos relatos testemunhais e pareceres consolidados. Talvez seja esse o motivo pelo qual seus livros não sofram da doença contestatória que incomoda a maioria dos profissionais engajados na crônica especializada.

Tomo aqui mais dois exemplos: O Crime da Rua Cuba e Autópsia do Medo - Biografia do Delegado Sérgio Paranhos Fleury. O primeiro caso versa sobre o assassinato em circunstâncias misteriosas do advogado Jorge Toufic Bouchabki e de sua mulher, a professora Maria Cecília Delmanto Bouchabki, em sua própria casa, um sobrado localizado à Rua Cuba 109, bairro Jardim Paulista, um dos endereços mais elegantes da Capital.
Assinala o informativo Consultor Jurídico:

Mais do que mobilizar a Polícia, a Imprensa e o Público, acabou por se transformar em uma verdadeira novela policial, com todos os ingredientes que o gênero exige. Afinal, decorrido quase um ano, o caso parece ainda longe de ser elucidado completamente, permanecendo como um mistério encoberto por sombras intrincadas e confusas. E o fato de a arma que provocou a morte do casal não ter sido encontrada até hoje é apenas mais um dos detalhes enigmáticos do crime. Assim, era de se esperar que alguém se propusesse a contar essa história em livro. E é isso que faz o jornalista e escritor Percival de Souza.

O fato é que o (então) estudante Jorge Delmanto Bouchabki, filho do casal, foi apontado pela Polícia como suspeito pela morte dos pais. Ele chegou a ser acusado duas vezes pelo Ministério Público, mas a Justiça Paulista decidiu-se pelo arquivamento do processo por falta de provas contra ele. A última delas, conforme cita o diário O Estado de S. Paulo, edição de 19 de maio de 1999, no Caderno Cidades, sob o título: Filho será denunciado pelo Crime da Rua Cuba. Será a segunda denúncia contra Jorge Delmanto Bouchabki pela morte dos pais em 1988.
Registrou o jornal e aqui reproduzo parte do texto por seu interesse jornalístico.

"...a promotora Eliane Passarelli, do Tribunal do Júri de Pinheiros, deve denunciar amanhã o advogado Jorge Delmanto Bouchabki, de 28 anos, o Jorginho, como principal suspeito pelas mortes dos pais, o advogado Jorge Toufic Bouchabki e a professora Maria Cecília Delmanto Bouchabki, em 1988. Será a segunda denúncia contra Jorginho. Na primeira, apresentada em 1989 pelo atual Procurador-Geral de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, o juiz Linneu Rodrigues de Carvalho Sobrinho, da Vara do Júri de Pinheiros, não concordou em mandar Jorginho a julgamento por entender que não havia provas no processo, apenas indícios. A decisão da promotora em reabrir o caso e preparar a denúncia tem como base novas provas que estão em 210 páginas anexadas ao processo e, principalmente, o depoimento da ex-empregada doméstica do casal Olinda Oliveira da Silva ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prestado no fim de abril. Ela teria presenciado uma discussão entre Jorginho e a mãe, que era contrária ao namoro do rapaz com Flávia Cardoso Soares. Olinda teria visto o rapaz, na sala da casa, enfrentar Maria Cecília e ser em seguida agredido por ela com um taco de bilhar nas costas. Segundo a ex-funcionária, Jorginho gritou que não deixaria a namorada em hipótese nenhuma e a mãe iria arrepender-se por aquele gesto.
Omissão - Interrogada pelo delegado Luiz Carlos Ferreira Sato, Olinda deu detalhes que omitira nos depoimentos prestados à Polícia e à Justiça quando do assassinato e um ano depois, na fase do processo no Tribunal do Júri de Pinheiros. Segundo Olinda, na noite que antecedeu o crime, Maria Cecília e Jorginho, o filho mais velho, discutiram. A mãe reclamava que o rapaz não havia montado a bicicleta da irmã, que seria o presente de Natal. Mas o motivo maior foi o namoro de Jorginho. A mãe teria determinado o rompimento definitivo com Flávia. A discussão teria ocorrido na sala, na presença de Olinda. A ex-empregada afirmou que Maria Cecília deu prazo até o dia de Natal para o término do namoro. Olinda disse ao delegado Sato e à promotora Eliana ter visto a professora aplicar um golpe tão forte que o taco de bilhar se quebrou nas costas de Jorginho. Ainda segundo a empregada, em seu novo depoimento, o rapaz respondeu que ficaria com a namorada "de qualquer maneira". Em seguida ameaçou a mãe. O delegado perguntou porque Olinda omitiu estes detalhes quando ouvida pelo delegado José Augusto Veloso Sampaio e pelo promotor Luiz Antonio Guimarães Marrey, responsáveis pela investigação. Ela informou que "a família pediu para não dizer nada".

Percival de Souza não deixou passar em branco tais indicativos e, no seu livro, à página 63, assinalou:

"...Houve quem quisesse explicar tudo com a tese de que o rapaz teria surpreendido o pai, que havia acabado de atirar na mãe... Mas não foram essas únicas hipóteses que circularam sobre o caso., pois centenas de pessoas empenhadas em decifrar o enigma, buscavam sua explicação pessoal para o Crime da Rua Cuba. De todo modo, as especulações nasciam e se multiplicavam exatamente porque ninguém consegue entender o que realmente aconteceu no quarto dos Bouchabki. A mudança dos corpos na cama...a alteração do local do crime...a ausência de qualquer vestígio de violência nas fechaduras, portas e janelas..."

E, na página 65, mergulhou ainda mais fundo na sua análise:

"...Jorginho, além dos banhos de sol logo após o crime, e da frieza aparente na concorrida missa de Sétimo Dia da morte dos pais (todos abalados, inclusive Roberto Delmanto, que dava a impressão de ser um homem destroçado), também aproveitou e pulou novamente o Carnaval. Estranho ou não...".

A Justiça paulista assim interpretou tais fatos, corroborando em essência aquilo que o jornalista publicou no livro: "como se vê, a exposição de idéias, raciocínios, conclusões relativas ao Crime da Rua Cuba não constitui novidade. Os conflitos familiares entre Jorge Delmanto Bouchabki, seus pais, sua reprovação no vestibular, seus problemas particulares, o fato de ter dançado no Carnaval, entre outros, foram levantados e questionados desde 1988".

Sérgio Fleury: enigma e tradução

A biografia do policial mais temido no País durante os Anos de Chumbo, foi uma das mais completas prospecções jornalísticas materializadas nos últimos vinte anos. Inicialmente pela ambiência nos bastidores do aparato repressivo instalado no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde o delegado Sérgio Paranhos Fleury, apoiado por uma sólida equipe e amparado, ele próprio, por uma conjugação de forças que se estendiam do Legislativo (daí a criação da chamada Lei Fleury) ao miolo secreto das Corporações Armadas, reinou acima dos limites do bem e do mal.

E, em seguida, pela narrativa envolvente, dramática e esclarecedora mostrando uma outra face da personagem principal: isto é, um homem apaixonado por Leonora Rodrigues (esta, irmã de dois militantes da esquerda, um deles vivendo em Moscou) e capaz de aglutinar ao mesmo tempo as antipatias e simpatias mais complexas.

A morte em circunstâncias estranhas, ao cair no mar quando passava de um barco para o outro, ambos atracados no píer do Iacht Club de Ilhabela. O funeral em grande estilo, com milhares de pessoas assistindo nas ruas como se fora a passagem do cortejo de um ministro de Estado.

Percival de Souza reduziu o mito Sérgio Paranhos Fleury à sua dimensão humana, sem olvidar a violência que norteou a trajetória daquele policial. Mas foi exatamente no epílogo do livro que ele resolveu talvez a mais complexa equação da sua vida como repórter. Reproduzo:

"Fleury era um tema a ser enfrentado. Eu sabia que seria difícil encarar a missão de esculpir sua biografia e inseri-la num contexto que significa não só o tempo mas o momento político brasileiro."

Mas conseguiu. É o que basta!


*José Amaral Argolo é advogado, jornalista e Professor Adjunto Nível IV do Quadro Permanente da Escola de Comunicação da UFRJ. É pós-graduado em Jornalismo e em Ciência Política, Mestre em Filosofia, Doutor em Comunicação e Cultura e, como bolsista do CNPq, concluiu pesquisa de pós-doutorado em Jornalismo no âmbito do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

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