...................................................................... pjbr@eca.usp.br













...
...
Dossiê

USP perde Jair Borin, democrata
convicto e lutador das causas sociais

Por Informativo Adusp

A USP perdeu um dos maiores defensores da democracia dentro e fora da Universidade. Jair Borin, jornalista e professor, ex-presidente da Adusp (1997-1999), faleceu aos 61 anos, no dia 22/4, no Hospital Nove de Julho, vítima de câncer no aparelho digestivo. Borin era professor titular e chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA).

Sua atuação na luta pela democracia na USP teve dois momentos de grande destaque. Na Escolha Paritária do Reitor, organizada em outubro de 2001 pelas entidades de alunos, professores e funcionários, Borin obteve 44,6% dos votos paritários, enquanto o segundo colocado, o professor Antônio Massola, obteve somente 9,8%, e o nono e último colocado, professor Tupã Gomes Correa, 1,1%.
Participaram da consulta 6.399 pessoas, num total de 26.459 votos paritários. O professor Jair Borin foi eleito pelas três categorias.

Recebeu 360 votos dos docentes (4.608 paritários), 1.196 votos dos funcionários (5.410 paritários) e 1.778 votos dos estudantes (também 1.778 paritários), alcançando um total geral de 3.334 votos diretos ou 11.796 paritários.

Porém, no colégio eleitoral restrito que decidiu, em novembro daquele ano, o processo institucional de escolha do Reitor, formado por cerca de 1400 pessoas (membros das congregações e dos conselhos centrais da USP), Borin ficou em oitavo lugar no 1º turno.

No 2º turno, quando esse colégio se reduziu a somente cerca de 250 pessoas (integrantes do CO e dos conselhos centrais), ele não alcançou os votos necessários para figurar entre os três mais votados e integrar, assim, a lista tríplice a ser enviada ao governador. O escolhido pelo colégio eleitoral e pelo governador foi o professor Adolpho Melfi, que recebera apenas 7,6% dos votos na Escolha Paritária.

Direção da ECA

Em novembro de 2000, a história fora semelhante. Candidato a Diretor da ECA, Borin obteve esmagadora vitória na eleição paritária, derrotando largamente nos três segmentos o professor Waldenyr Caldas, então vice-diretor. Participaram da eleição paritária 729 alunos, 104 professores e 183 funcionários, num total de 1045 pessoas. Borin recebeu 613 votos dos alunos, 54 dos professores e 95 dos funcionários, o que totalizou 59,6% dos votos.

Na eleição oficial, na Congregação, Borin ficou em segundo lugar, tendo obtido quatro votos a menos que o professor Caldas no primeiro escrutínio. No segundo escrutínio, Borin recebeu os mesmos 50 votos que o seu adversário recebeu no primeiro, e foi incluído na lista tríplice. Mas o à época reitor Jacques Marcovitch escolheu o professor Caldas para dirigir a ECA, com base no "argumento" de que era o primeiro da lista.

Borin atuou como jornalista nos diários O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, tendo também colaborado com a imprensa alternativa. Durante a ditadura militar, nos anos 70, integrou um movimento de renovação do Sindicato, contrário aos pelegos apoiados pela ditadura. Juntou-se a um grupo clandestino de oposição ao regime militar e chegou a ser preso e torturado. Após o fim da ditadura, foi diretor do Sindicato dos Jornalistas duas vezes, entre 1984 e 1987 e de 1997 a 2000. Era um entusiasta da reforma agrária e apoiador de primeira hora do MST.

Tornou-se professor da ECA em 1971, e ocupou durante seis anos, em períodos distintos, a chefia do Departamento de Jornalismo e Editoração. Um dos docentes mais procurados para orientar teses e dissertações, Borin era um professor cuja trajetória política e profissional confundia-se com a história do jornalismo brasileiro. No dia 28/4, o Departamento e a família organizaram uma cerimônia em sua homenagem (leia texto na página ao lado).

No dia 25/4, a Cidade do Conhecimento, projeto do IEA-USP, criou o "Prêmio Jair Borin de Mídia Crítica", concurso para projetos cooperativos inovadores na produção de conteúdos. Segundo o IEA, a homenagem a Borin "procura sublinhar o seu papel como intelectual engajado na crítica aos meios de comunicação". No dia 26/4, o 10º Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) aprovou moção em homenagem à memória de Borin.

Fonte: Informativo Adusp, número 138, 5/5/2003.

Voltar

www.eca.usp.br/prof/josemarques