Dossiê |
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QUARUP
- parte 17
Ao
concluírem suas homenagens os professores, alunos,
funcionários, parentes e amigos saudaram a esposa
Silvia Borin e os filhos Ivan e Paula do professor Dr.
Jair Borin, que receberam flores, abraços e palavras
de conforto e carinho.
A
imagem de Borin ficou projetada na tela o tempo todo...
ora dando palestras, aulas, participando de debates...
ou somente seu rosto firme, tranqüilo e tão
sereno que parecia estar ali onde esteve tantas vezes
ao meio daquele mundão de pessoas... Agradecendo
e sorrindo, por que não?!
No
dia seguinte, as mídias impressas, radiofônicas
e televisivas informaram sobre o bonito Quarup que a ECA
e seus amigos lhes prestaram.
Luiz
Salgado Ribeiro escreveu:
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Borin,
que falta faz esse companheirão!
Por
Luiz Salgado Ribeiro
Grandeza
de alma. Esta, a característica marcante da vida, da
obra e das longas e duras lutas do jornalista e professor universitário
Jair Borin, falecido no dia 22 de abril, em São Paulo.
Esta característica foi destacada na noite da segunda-feira
seguinte, quando mais de 150 amigos seus reuniram-se no auditório
da ECA/USP para reverenciar sua memória.
Além
da leitura de uma mensagem enviada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, mais de 50 pessoas fizeram depoimentos emocionantes.
Eram antigos companheiros de redações; camaradas
de embates políticos e sindicais, entre eles lutadores
que sofreram com Borin as torturas nos cárceres da ditadura;
colegas do mundo acadêmico e discípulos, aos quais
ele ensinou muito mais que ética e técnicas jornalísticas:
ensinou honrar e dignificar a profissão de informar e
formar a opinião pública.
Os
depoimentos evidenciaram sua dignidade, idealismo, patriotismo
e persistência nas batalhas que ele travou pela redemocratização
do país, pela reforma agrária, pela independência
do jornalismo e pela democratização do ensino
universitário, sendo que esta lhe rendeu a consagração
de ter tido 49,3% dos votos de funcionários, alunos e
professores nas últimas eleições para reitor
da USP, disputadas por nove candidatos.
Havia
uma lembrança nessas falas: em todos os seus combates,
Jair nunca perdeu a doçura que marcava o seu jeito de
ser. E este é o traço de caráter que mais
me impressionou no convívio de mais de 30 anos com Jair.
Nunca ouvi dele uma única palavra que guardasse algum
resquício de ódio ou sentimento de desforra pelas
perseguições e injustiças que sofreu.
Sua
visão do futuro nunca foi turvada por ressentimentos
do passado. Sempre lutou pela justiça. Não pela
justiça pessoal, vingativa; mas sim pela justiça
muito mais ampla de quem quer um Brasil justo. Ouvindo seus
relatos de tristes tempos vividos nos porões ditatoriais,
sempre ficava a impressão de que as torpes e bárbaras
agressões podiam ter deixado marcas em seu corpo, mas
jamais afetaram sua alma, que continuou sendo enorme e generosa.
Esta
alma enorme e generosa não morreu e não morrerá.
Até para os que não crêem em outra vida
depois desta, há a certeza de que ela permanecerá
como exemplo, como uma grande lição que todos
nós gostaríamos de aprender.
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