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Dossiê

QUARUP - parte 02

Em seguida foi dada a palavra a uma das figuras mas enigmáticas da história do Brasil, o jornalista Plínio de Arruda Sampaio, político e amigo de Partido de Jair que realizou o seguinte pronunciamento:


Jair Borin

Por Plínio de Arruda Sampaio

Cumpro um dever bastante ingrato: informar aos leitores do Correio da Cidadania o falecimento do jornalista Jair Borin, ocorrido na semana passada em São Paulo.

Tenho uma dívida de gratidão para com o Jair. Quando resolvi criar o Correio da Cidadania, procurei ouvir vários companheiros a respeito da idéia. De modo geral, as respostas foram todas negativas: "Não vai dar certo"; "Custa uma fortuna"; "Onde você vai arrumar dinheiro para isso?". E assim por diante.

Com o Jair foi diferente. Enquanto me dava uma carona até minha casa, coloquei-o a par do projeto. Reagiu entusiasmadamente e foi mais longe: ofereceu-se para ser o Jornalista-Responsável da futura publicação. A partir daí, trabalhamos a idéia em parceria com o Ari Normanha e o Luiz Antonio Magalhães. Hoje, o Correio aí está, na sua 343ª edição, sem uma falha sequer. São 343 semanas em que o empenho para criar uma publicação de análise política independente se mostrou mais forte que as dificuldades desse tipo de empreendimento.

Durante todo esse tempo, tive o orgulho de ostentar o nome Jair na cabeça da coluna do Expediente, dando credibilidade à nova publicação no meio jornalístico, pelo elevado conceito que ele desfrutava entre os seus colegas em todo o país.

Além de Jornalista-Responsável, o Jair exercia a função de consultor deontológico do Correio. Toda e qualquer dúvida acerca do problema ético de publicar ou não alguma informação ia parar, invariavelmente, em sua mesa na ECA. Apesar dos inúmeros afazeres de líder classista e de professor universitário, jamais ele se negou a nos prestar essa colaboração, com a segurança de quem dominava integralmente todos os aspectos do seu ofício.

A par dessas virtudes, o Jair nos deixa a lembrança da sua figura lhana, tranqüila, amável, humilde. Os jovens que se iniciavam no Correio sentiam-se seguros em sua companhia.

Jair tinha história política. Combatente que foi durante os anos de chumbo da ditadura, não desmentiu jamais esse começo glorioso. Foi, até o fim, um defensor da reforma agrária, um lutador pelo ensino universitário público, um construtor do Brasil.

Todos aqui na redação do Correio pranteamos sua perda.

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