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Dossiê

Jornal-laboratório ECA/USP

Por Eni Simões Magro

"O jornal-laboratório, para ser útil à missão
pedagógica que é a fundamental, deve ser o mais
próximo possível de um jornal de verdade".
Carlos Eduardo Lins da Silva

O "Jornal do Campus" entra para o séc XXI com uma vitalidade e permanência inimagináveis à época em que surgiu, em pleno governo militar. A implantação e o funcionamento de um jornal-laboratório faz com que o veículo se constitua, "não só na marca indelével do curso de jornalismo da ECA/USP, como no instrumento básico de um curso de jornalismo, no sentido de integrar os estudantes na problemática da futura profissão", avalia o Prof. Dr. José Marques de Melo, mentor do projeto.

A idéia começou a ser trabalhada em plena vigência do Decreto-lei 477 e do Ato Institucional nº 5, editados pelos governos militares, período em que estudantes, docentes e funcionários viveram sob o regime de exceção, coação e terror, não só na universidade como também fora do campus.

Mesmo com a "abertura política" de 1979, nada se mostrava favorável à implantação do projeto, cuja fase experimental durou 15 anos. Segundo o prof. Marques, isso ocorria porque "permaneciam incrustados no tecido universitário os efeitos do terror político, manifestando-se através dos agentes executivos recrutados ou cooptados pelas administrações autoritárias, ou por intermédio da máquina burocrática, azeitada para impedir ou retardar iniciativas inovadoras".

Enfrentar e driblar esses fatores paralisantes, alguns invisíveis, outros ostensivos, segundo o prof. Marques, é que constituiu o maior desafio para a concretização de um "jornal-laboratório" na ECA/USP.

E para desatar essas amarras, ele contou com participação decisiva do jornalista e prof. Dr. Carlos Eduardo Lins da Silva, do jornal "Valor Econômico", responsável pela implantação do projeto, com a colaboração do prof. Dr. José Coelho Sobinho da USP, entre outros colaboradores.

Porém, só em 1983, depois de uma intensa mobilização da comunidade do CJE, que tinha uma proposta para recuperar o ensino e a pesquisa, que o jornal-laboratório pôde ser lançado, e com isso assumiu a denominação de "Jornal do Campus". Segundo o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, para um "jornal-laboratório" "ser útil à missão pedagógica que é a fundamental, deve ser o mais próxima possível de um jornal de verdade.

Ou seja: definir um público-alvo, viver de publicidade e circulação, estabelecer uma hierarquia, cumprir prazos". Ele diz que, nesse sentido, o jornal da ECA/ USP "cumpriu pouco o seu propósito educativo, mas, de qualquer maneira, sempre ofereceu uma oportunidade para que os alunos treinassem dentro da profissão."

"No período de implantação, o jornal-laboratório da ECA/USP era irregular, não saia com periodicidade exata. Isso dificultava a relação com o público. Ele teve várias fases. Em algumas, era dirigido ao próprio estudante, funcionário e professor da USP. Nessa época, acho, ele tinha mais impacto", conta o jornalista.

Carlos Eduardo entende que foi escolhido para implantar o "jornal-laboratório" por "nunca ter deixado de praticar jornalismo, mesmo quando estava lecionando". Como ponto de partida para esse tipo de trabalho na ECA/USP, ele afirma, "que todo o trabalho desenvolvido durante a implantação do jornal foi inspirado em experiências anteriores."

O jornalista Carlos Eduardo, neste período, era responsável por jornais-laboratórios em outras escolas (como a Facos, de Santos-SP).

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