Destaques
Vida cotidiana e vida profissional
dos jornalistas paraibanos
Por Wellington Pereira*
O
trabalho de Sísifo: Jornalismo e vida quotidiana
(João Pessoa, Editora Manufatura, 2004), novo livro do
Grupecj - Grupo de pesquisa sobre o Cotidiano e o jornalismo
- legitima a formação de um grupo de pesquisa
que atua, desde de 2002, no Departamento de Comunicação
Social da Universidade Federal da Paraíba, tendo como
principal objetivo estudar as relações entre a
Sociologia do Cotidiano e o jornalismo, a partir das premissas
de autores como: Simmel, Weber, Durkheim, Schütz e Michel
Mafesoli.
No
primeiro livro, Leitura do Cotidiano, João Pessoa,
Edições Manufatura, 2002, os pesquisadores
foram provocados para escrever, em forma de ensaio, sobre representações
sociais que perpassam o cotidiano, instigando-nos a pensar como
a banalidade pode apresentar modelos estéticos ancorados
nas aparências, emaranhados na complexidade do senso comum,
o que, na maioria das vezes, os torna imperceptíveis.
Portanto,
no primeiro volume da Coleção Cotidiano e Jornalismo
foram discutidos temas não convencionais, para a Sociologia
(em maiúsculo) como: a sociabilidade nos churrasquinhos,
vida cotidiana e prática jornalística, entre outros.
Neste
sentido, se faz necessário ressaltar a postura dos jovens
pesquisadores do Grupecj que receberam o desafio de escrever
sobre temas realçados por uma antropologia
da vida cotidiana e suas relações com as teorias
do jornalismo e das sociologias.
Neste
segundo volume, alunos da graduação em Jornalismo,
jornalistas profissionais e graduados em Comunicação
Social pela UFPB buscaram unir a escrita livre do
ensaio e mergulharam nos métodos da pesquisa empírico-conceitual,
com o objetivo de investigar as relações entre
a vida cotidiana e a vida profissional dos jornalistas sindicalizados,
da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba.
Como
demarcação prévia do campo de atuação
jornalística em João Pessoa, foram distribuídos
cem questionários nas redações das emissoras
de rádio, TVs e jornais impressos.
Desde,
apenas 77 foram respondidas de forma correta. Mas apenas 18
foram considerados compatíveis com os critérios
metodológicos adotados para transformá-los em
entrevistas.
A
maioria dos questionários respondidos refletiu o desinteresse
da categoria em falar do exercício profissional, como
podemos ressaltar nos seguintes itens:
a)
falta de aprofundamento nas respostas;
b)
não respondendo de forma clara algumas questões;
c)
respostas incoerentes com o enunciado da questão;
d)
respostas inadequadas ao propósito da pesquisa.
O
desafio dos pesquisadores foi transformar o handicap em algo
positivo, ou seja, buscar nas sobras do material
coletado matéria para a transformação em
ensaios sobre a percepção do jornalista profissional
sindicalizado de João Pessoa sobre o exercício
do jornalismo e a sua relação com a vida cotidiana.
Como
orientador, provoquei a construção de um texto
não-linear, o que poderia se configurar como a simples
transcrição das entrevistas, o que, em termos
metodológicos perderia o valor científico e estético.
Portanto, os pesquisadores tiveram que apresentar os resultados
da pesquisa considerando os seguintes objetivos:
a)
transformar o resultado das entrevistas em ensaio;
b)
verificar as relações entre o exercício
da profissão de jornalista e as Teorias do Jornalismo;
c)
tornar compreensível para o leitor as relações
entre a Sociologia do Cotidiano e a Teoria do Jornalismo;
d)
organizar, como anexo, as entrevistas em forma narrativa.
O
resultado é empolgante. Fiquei surpreso, mais uma vez,
ao perceber que os instrumentos da pesquisa não podem
ser considerados apenas stricto sensu, pois não
há tempo e espaço pré-determinados para
a realização de pesquisas, quer seja na graduação,
quer seja na pós-graduação.
Leitores,
pesquisadores experientes e iniciantes, jornalistas profissionais,
professores de Jornalismo e estudantes dos Cursos de Comunicação
Social, vão encontra nestes ensaios algo muito simples:
como pensar as fronteiras (fenomenológicas, etnológicas
ou imaginárias) entre o exercício profissional
do jornalismo e a vida cotidiana.
*Wellington
Pereira é Coordenador
do Grupecj (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes)
do Departamento de Comunicação Social da Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa (PB).
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