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Calendário


História e Mídia em São Paulo

Entidade centenária dedicada à preservação da memória da sociedade paulista, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – IHGSP – iniciou no dia 8 de março de 2004 o Ciclo de Estudos denominado “História da Comunicação – Itinerário da Mídia em São Paulo”, contando com a participação de meia centena de pesquisadores, professores e estudantes.

Trata-se de iniciativa coordenada pelo Prof. Dr. José Marques de Melo, professor emérito da Universidade de São Paulo e membro efetivo do IHGSP cujo patrono é Alfredo de Carvalho, pioneiro dos estudos históricos sobre a imprensa brasileira.

O ciclo foi programado no período de 8 de março a 7 de junho, com sessões semanais que se realizam nas tardes de segunda-feira (das 14 às 17 horas), na Sala de Conferências do instituto, situada no oitavo andar do Edifício Ernesto de Souza Campos, à Rua Benjamin Costant, n. 158, no bairro da Sé, centro da capital paulista.

Aberto a historiadores e comunicadores, bem como a estudantes universitários e outros interessados na trajetória da cultura midiática paulista, o evento está sendo divulgado através da Rádio USP, TV Mackenzie (Canal Universitário de SP) e jornal Diário de S. Paulo, organizações que apóiam a iniciativa do IHGSP. Também respaldam o ciclo a Cátedra UNESCO de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo e a Rede Alfredo de Carvalho para o Resgate da Memória da Imprensa e a Construção da História da Mídia no Brasil.

Informações gerais sobre essa iniciativa estão disponíveis no site: http://geocities.yahoo.com.br/ihgsp2004/ciclomidiasp.html

Sessão de abertura

O ciclo de estudos “História da Comunicação – Itinerário da Mídia em São Paulo” foi aberto solenemente pela Profa. Dra. Nelly Martins Ferreira Candeias, que mencionou a tradição dos estudos históricos cultivada há 110 anos pela entidade, sendo aquela promoção uma homenagem do IHGSP aos 450 anos da cidade de São Paulo. Ela agradeceu a iniciativa do Professor Marques de Melo, integrante da nova safra de historiadores convidada a integrar o quadro de membros efetivos do IHGSP, onde passa a desenvolver uma linha de estudos sobre a História da Comunicação Paulista.

Em seguida, a Dra. Nelly Candeias passou a palavra ao Coordenador do Ciclo, tendo o Prof. Dr. José Marques de Melo explicado que sua intenção é a de reunir três dezenas de estudiosos da comunicação que fizeram estudos prévios sobre a memória comunicacional da terra dos bandeirantes, difundindo tais conhecimentos para estimular a atividade de uma nova geração de pesquisadores, consciente da preservação da memória midiática estadual.

Ele esclareceu que tal projeto constitui um desdobramento da Rede Alfredo de Carvalho, criada em 2001, na cidade do Rio de Janeiro, possuindo hoje núcleos regionais na Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Ao final do ciclo que se inaugurava, o Professor Marques de Melo espera que os seus participantes venham a estruturar o Núcleo Paulista da Rede Alfredo de Carvalho.

O terceiro orador foi o Prof. Dr. Manasses Claudino Fonteles, Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, represen-tando o conjunto das entidades que se associaram ao IHGSP para realizar o ciclo de estudos. Ele disse que sendo um organismo educacional enraizado há mais de 130 anos na vida cultural paulista, o Mackenzie sente-se honrado em contribuir para iniciativa dessa natureza, não apenas divulgando o ciclo em seu canal televisivo, mas também agregando estudos produzidos por intelectuais presbi-terianos.

O Dr. Fonteles aproveitou a oportunidade para saudar a cidade de São Paulo no ano do seu aniversário, dizendo que desfrutara a vida cultural paulistana durante a sua formação universitária, retornando ao Ceará, sua terra natal, para aplicar os conhecimentos médicos aqui assimilados. Agora, ao assumir a reitoria da Universidade Mackenzie, sentia-se na obrigação de retribuir à sociedade paulista o legado com que fora brindado na sua juventude. Desta maneira, colocava-se à disposição do IHGSP para desenvolver novas parcerias, enaltecendo a idéia do Professor Marques de Melo, alagoano aqui radicado há quatro décadas, que , como tantos outros nordestinos emigrados, vem trabalhando para reconstituir a memória cultural de São Paulo e do Brasil.

Introdução à História da Mídia

Após a solenidade de abertura do ciclo, realizou-se a primeira sessão de estudos, tendo como tema “História e Mídia em São Paulo”. Dela participaram três historiadores da comu-nicação, sendo dois membros efetivos do IHGSP, os professores Antonio Costella e José Marques de Melo, além da jovem professora Gisely Hime.

Os três expositores foram assim apresentados pelo Prof. Dr. Valdenizio Petrolli, co-organizador do ciclo:

O professor Antonio Costella iniciou sua carreira docente na Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, tendo lecionado também na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e na Universidade de Taubaté. Autor de mais de uma dezena de livros, dentre eles o ensaio “O Controle da Informação no Brasil” (Vozes, 1970) e o manual “Comuni-cação – do grito ao satélite” (Mantiqueira, 1978). Ganhador do Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação – 2003, na categoria Maturidade Acadêmica, dedica-se atualmente, em tempo integral, ao Museu da Xilogravura, por ele fundado na cidade de Campos do Jordão.

A professora Gisely Hime pertence à nova geração de historiadores uspianos, tendo conquistado os graus de Mestre e Doutora em Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, pesquisando fenômenos e personagens da História da Imprensa. Atualmente leciona no Centro Universitário Alcântara Machado, onde coordena a Cátedra de Jornalismo Octávio Frias de Oliveira.

O professor José Marques de Melo é docente fundador da Escola de Comunicações e Artes da USP, onde defendeu em 1973 a primeira tese de Doutorado em Jornalismo do Brasil. Ao se aposentar naquela instituição, foi convidado a dirigir a Cátedra UNESCO de Comunicação, mantida pela Universidade Metodista de São Paulo. Publicou, no ano passado, duas obras significativas no campo da História da Comunicação: História Social da Imprensa (Edipucrs) e História do Pensamento Comunicacional (Paulus).

Itinerário midiático paulista

Em sua exposição, o Professor Antonio Costella resgatou a trajetória dos meios de comunicação em São Paulo, rotulando-a como “história tardia”. Ele disse que, no panorama da história tardia brasileira (conforme delineada pelo professor Marques de Melo em sua tese de doutorado), a imprensa paulista somente floresceu depois de 1827, precedida por uma experiência de jornalismo manuscrito, de caráter naturalmente simbólico, porque restrita a um pequeno número de leitores.

Ele justificou esse desenvolvimento lento da imprensa, atribuindo-o ao atraso que caracterizou a sociedade paulista durante o século XIX, cujos jornais de repercussão nacional viriam a ser contemporâneos do movimento republicano e da expansão da economia cafeeira.

Somente quando São Paulo se industrializa, os meios de comunicação coletiva aqui ganham impulso, como foi o caso do telégrafo, do telefone e mais tarde do rádio, cujas iniciativas pioneiras mostram-se sintonizadas com os avanços liderados pelo núcleo decisório do país, instalado na cidade do Rio de Janeiro.

Se ficou a reboque dos centros nacionais nos casos da mídia impressa e da mídia sonora, São Paulo seria a locomotiva a liderar o desenvolvimento da indústria audiovisual. Caso emblemático é o da televisão, aqui lançada em 1950 por Assis Chateaubriand. Idêntico vanguardismo se daria no caso da tecnologia das fibras óticas, traduzindo o dinamismo dos institutos de pesquisa tecnológica financiados pelo governo paulista.

Fontes históricas paulistas

A exposição da professora Gisely Hime, intitulada “Para conhecer a Hisória da Mídia: fontes paulistas”, foi dividida em duas partes distintas.

Inicialmente ela destacou a significação da imprensa como fonte histórica, explicando que os historiadores da moderna sociedade paulista não podem prescindir da consulta às coleções de jornais e revistas, correndo o risco de omitir aspectos fundamentais da vida cotidiana, nem sempre registrados nos documentos convencionais.

Num segundo momento, ela descreveu os resultados preliminares de uma pesquisa documental que vem realizando com a participação de bolsistas de iniciação científica do Centro Universitário Alcântara Machado. Trata-se de uma análise das fontes históricas sobre a mídia paulista que estão sendo produzidas nos cursos de pós-graduação das univer-sidades paulistas.

Ela vem catalogando e ordenando o conhecimento histórico sobre imprensa, jornalismo e outros fenômenos midiáticos enfeixado nas dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas nos departamentos de Jornalismo e de História da Universidade de São Paulo. Num segundo momento, serão analisadas as fontes disponíveis nos mesmos departamentos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Quais as tendências perceptíveis nas fontes já identificadas? O foco principal dos estudos é a relação entre mídia, poder, ideologia e política. Do ponto de vista metodológico, trata-se principalmente de estudos vinculados à corrente da análise de discurso. Um filão que emerge entre os historiadores da comunicação paulista é o dos estudos sobre a mídia segmentada: feminina, esportiva, sindical etc.

Autores paradigmáticos

A comunicação do Prof. Dr. José Marques de Melo, subordinada ao tema “Midiologia Paulista: os autores paradigmáticos do IHGSP”, focalizou os seguintes tópicos:

1) Durante a segunda metade do século XIX e princípios do século XX, aos Institutos Históricos coube papel significativo na reconstituição da trajetória dos processos comunica-cionais brasileiros.

2) No caso paulista, o papel desempenhado pelo IHGSP foi decisivo para a construção dessa História Midiática, estimulando o trabalho de autores paradigmáticos. Suas obras serviriam como ponto de referência para o desempenho das gerações posteriores.

3) Revisando a produção historiográfica dessa instituição, durante o seu primeiro século de atividades (1894-1994), constata-se um forte viés elitista, figurando a comunicação erudita como objeto hegemônico de pesquisa. Em posição secundária, do ponto de vista quantitativo, acham-se a comunicação massiva e a folkcomunicação.

3) No quadro seminal da pesquisa histórica sobre a comunicação paulista, destaca-se a figura polifacética de Affonso de Freitas, que, discrepando dos seus companheiros de geração, demonstrou interesse não apenas pela comunicação das elites, mas também pelos emergentes processos da comunicação massiva e pelos fluxos comuni-cacionais protagonizados pelas classes subalternas.

Calendário

O ciclo de estudos sobre o itinerário da mídia em São Paulo prossegue de acordo com o seguinte calendário:

Março

Dia 15 – Proto-História Midiática

14h30 - Anchieta, precursor da folkcomunicação – F. de Assis Fernandes

15h30 – Mídia caipira no país dos bandeirantes: luso-hegemonias, afro-resistências – Cristina Schmidt

16h30 – Cordel na terra da garoa: a comunicação dos bandeirantes tardios – Joseph Luyten

Dia 22 – Itinerário da Imprensa

14h30 – Biografia de um jornal paulistano – Laércio Arruda

15h30 – Biografia de um jornal do interior paulista – Samuel Pfromm Neto

16h30 – Trajetória da imprensa sindical no ABC paulista – Valdenizio Petrolli

Abril

Dia 12 –Itinerário da Televisão

14h30 –Antenas paulistanas: imagens em branco e preto - Osmar Mendes Jr.

15h30 – A saga de Ivani Ribeiro: folhetins coloridos – Fátima Feliciano

16h30 – Imaginário paulista: do livro à telinha – Sandra Reimão

Dia 26 – Itinerário do Rádio

14h30 – O rádio com sotaque paulista – Antonio Adami

15h30 - Paulicéia radiofônica: gêneros e formatos – André Barbosa

16h30 - O rádio paulistano na era da internet – Lígia Trigo

Maio

Dia 03 – Itinerário do Cinema

14h30 –Vera Cruz: aventura cinematográfica paulista – Antonio de Andrade

15h30 –O neobandeirantismo da Caravana Farkas – Alfredo d´Almeida

16h30 – Imaginário paulistano: do livro à tela – Helena Bonito

Dia 10 - Itinerário do Jornalismo

14h30 – O front noticioso paulista: de Badaró a Herzog – Audálio Dantas

15h30 – A vanguarda sindical – José Hamilton Ribeiro

16h30 - A tribo dos caçadores de notícias - Jorge Cláudio Noel Ribeiro Jr.

Dia 17– Itinerário da Propaganda

14h30 – A propaganda republicana – Célio Debes

15h30 - Do reclame ao marketing – Adolpho Queiroz

16h30 - Anúncio da fé: a ofensiva presbiteriana – Gilson Novaes

Dia 24 - Itinerário das Relações Públicas

14h30 – 90 anos de RP: as mutações profissionais – Waldemar Kunsch

15h30 - Eduardo Pinheiro Lobo: a construção de um mito – Mirtes Torres

16h30 – Teobaldo Andrade: a legitimação acadêmica – Maria Stella Thomazi

Dia 31 – História em processo: inovações midiáticas

14h30 – Informatização da imprensa: bandeirantes midiáticos – Ruth Vianna

15h30 – Quadrinhos paulistanos: de Agostini a Maurício – Sonia Luyten

16h30 – Webmídia: capítulo paulista da história emergente – Walter Lima

Junho

Dia 7 – Encerramento do ciclo:
Instalação do Núcleo Paulista da Rede Alfredo de Carvalho

Informações

Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo

Rua Benjamin Constant, 158 – Centro

(Situada no trecho compreendido entre o Largo de São Francisco e a Praça da Sé) - Período da tarde

Fone: (11) 3242-3582

Email: ihgsp2003@yahoo.com.br

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