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Artigos


A fábrica de espetáculos:
construindo palavras, imagens e sons
As rotinas produtivas dos informativos
televisivos no Brasil e na Espanha

Por Profa. Dra. Ruth Penha Alves Vianna

Resumo

Esta é uma história escrita por muitas mãos, falas e impressões ou, melhor, desenhada por profissionais que diariamente pensam contribuir ao direito básico de qualquer cidadão: informar-se. Seu afã cotidiano se desenvolve entre um ir e vir de muitas regras e normas, rotinas quase sempre, não escritas em lugar algum. Como disse um sábio jornalista e escritor galego, Manuel Rivas, em seu livro El lápiz del carpintero... "son pintores de ideas...". Não importa se o relógio da estação esteja com as agulhas paradas no mesmo lugar durante muitos anos. Portanto, que falem os jornalistas e outros profissionais do meio televisivo, quase sempre sem tempo para refletir, sobre seu próprio fazer profissional diariamente.

A fábrica de espetáculos é um estudo crítico e profundo sobre as rotinas produtivas dos telejornais brasileiros e espanhóis, a partir da pesquisa - ação, onde mostra de que forma os jornalistas constróem diariamente palavras, imagens e sons como informação televisiva.

Neste estudo ficou provado que a palavra é a mais importante por parte do público receptor que participou de nosso estudo de caso.

Palavras-chave: palavra/imagem/som

Introdução

Como nascem as noticias? Quem toma as decisões sobre colocar esta ou aquela noticia no ar? O que é noticia? Qual noticia é mais importante? Quais são as fontes e qual é o seu papel? Como estão organizados os jornalistas no mercado de trabalho? Como estão organizadas as redações jornalísticas nas emissoras de televisão? Que idéia de público têm os jornalistas? Quais são os estilos e formatos utilizados? O tipo de tecnologia empregada pelas empresas de comunicação influem no resultado final da informação, ou seja em seu conteúdo? Qual o procedimento para se agendarem (se proverem) os produtores, os editores (os gatekepeers) de noticia televisiva? Em fim, de quem é a decisão na hora de determinar a informação que vai ou não ser transmitida? Como se dão as rotinas de trabalho desde os diretores até os repórteres de rua e equipes de cinegrafistas? Qual a tecnologia que estão utilizando? Qual é a metodologia ou filosofia de trabalho que adotam?

Estas e muitas outras perguntas, temas polêmicos do jornalismo eletrônico contemporâneo, principalmente com a atual globalização dos mass media e com a digitalização da informação, foram alguns dos pontos mais importantes de nossa pauta de estudos de campo, ou seja de nossa investigação sobre os participantes nas redações televisivas brasileiras e espanholas. Investigação que em alguns momentos foi participativa (pesquisa - ação) e em outros não. Para dar conta de ver por dentro esta verdadeira fábrica de noticias utilizamos nossa percepção não somente de alguém que já havia trabalhado regularmente neste mercado de trabalho como editora, produtora, chefe de reportagem e assistente executiva de programas informativos de algumas importantes emissoras de televisão brasileiras, mas também e principalmente, como pesquisadora, cujo instrumento básico de trabalho (investigação) foi o da observação ativa e não ativa; do diário de escuta (caderno de anotações diárias das experiências vividas); as entrevistas em profundidade; o estudo da literatura existente sobre o tema; as entrevistas com os profissionais e catedráticos considerado "expertos" no assunto como dizem os espanhóis e no segmento de todas as funções dos jornalistas do meio televisivo e sempre que possível gravando em fitas de vídeo BETACAM (sistema profissional) e também em fita cassete.

As emissoras pesquisadas na Espanha foram: TV3 Catalunya e Canal 33 (Barcelona) pesquisa que me proporcionou a mais significativa e rica experiência em um período (de fevereiro a abril de 1997) de três meses nesta emissora catalán de televisão. Depois estivemos no Centro de Producción de Radiotelevisión Española de Sant Cugat (Barcelona) no mês de junho de 1997; no Centro Territorial de Radiotelevisión Española, em Oviedo e Televisión Local de Gijón (Gijón) em Asturias (1997 e 1998); Radiotelevisión Española (Cadenas 1, 2 e Canal Internacional) em Madri; Antena 3, em Barcelona (1996/1997) e 1998 em Madri; Telecinco em 1997 e 1998 em Madrid; TVB (Televisión Barcelona) em Barcelona (1998) e Canal Plus (1998) em Madri.

No Brasil, na pesquisa de campo de março a abril de 1998 estivemos na Rede Manchete de Televisão de São Paulo e Rio de Janeiro; Rede Globo de Televisão (RJ); RBS e TV Câmara do Rio Grande do Sul; Fundação Raquette Pinto (Rede de Televisão Educativa) no Rio de Janeiro; TV Morena (Rede Globo) do Mato Grosso do Sul, além de estudarmos as emissoras TV Bandeirantes, Record, Rede Globo e SBT em São Paulo. Para esta pesquisa de campo estivemos atentos ás seguintes questões:

1 - Estivemos atentos à hipótese da agenda setting, que implica que "a compreensão que as pessoas têm de grande parte da realidade social lhes são impostas, por empréstimo, pelos mass media", conforme assinalou Shaw" (1979);

2 - Procuramos avaliar o diferente poder de agenda dos diversos mass media em relação com a televisão na hora de pautar suas noticias. É sabido que em televisão "as noticias são muito breves, rápidas, demasiado fragmentadas para ter um efeito de agenda significativo", segundo Patterson (1976).

3 - Procuramos examinar os níveis de agenda - público, mediante a variável centralidade do tema. Se observa aí, como falou Benton-Frazier (1976), que "a televisão parece desempenhar um papel secundário, pouco significativo, na determinação da agenda de temas como desemprego, inflação, preço elevado das matérias primas, redução das taxas, etc., ou temas cujas informações sejam mais específicas, tais como argumentos favoráveis ou contrárias às soluções apresentadas por grupos que apoiam ou favorecem diferentes medidas governamentais, estratégias econômicas, etc.",

4 - Avaliação da freqüência dos temas presentes no dia-a-dia e seu frame temporal durante a cobertura de determinados eventos (acontecimentos), campanhas eleitorais, feitas pelos jornalistas ou inclusive pelo setor de marketing das emissoras de TV. (Sempre quando foi possível procuramos assistir às reuniões de pauta dos informativos estudados).

5 - Também estivemos atentos à sociologia, por assim dizer, dos emissores passando pelo newsmaking como conceituam a teoria dos processos produtivos nas comunicações dos mass media.

6 - Não obstante, estivemos de forma mais aprofundada preocupados em esclarecer a lógica dos processos produtivos e o tipo de organização de trabalho dentro da qual se efetua a construção da mensagem, por considerar que é o mais decisivo enquanto produto acabado e no qual os gatekeepers (selecionadores) têm papel preponderante na avaliação da noticiabilidade ou não do tema.

7 - Como observadores dos participantes, a pesquisa sobre o newsmaking foi fundamental. Por isso, mais interessados em responder principalmente a conhecida e polêmica pergunta quê imagem do mundo transmitem os noticiários televisivos? Ou como se associa essa imagem às exigências cotidianas da produção da noticia nos organismos de rádio- televisão? Fizemos empenho em conhecer pessoalmente como esses profissionais constróem a realidade social cotidiana, conforme conceberam Wolf (1995), Golding-Elliot (1976), Grossi (1983) e Tuchman. Ou também como se define a noticiabilidade dos acontecimentos nas redações jornalísticas televisivas? Quais são seus valores-noticia? Que critérios utilizam para avaliar critérios substantivos, do produto, de público? Perguntas nem sempre respondidas verbalmente pelos profissionais envolvidos no fazer jornalístico profissional, mas suas práticas observadas diariamente respondiam melhor que já não se faziam mais necessárias suas palavras de argumentação.

Nas rotinas produtivas a falta de tempo é questão sine qua non, o momento da seleção e eleição dos temas, das matérias jornalísticas necessárias para formar o noticiário é elemento chave desta investigação, assim como as fontes que determinam de forma decisiva a qualidade da informação produzida. Importantes também neste processo são as agências de noticias que durante 24 horas do dia alimentam as redações dos telejornais, seja através de imagens, dados, textos e sons, constituindo um núcleo de apoio importantíssimo aos serviços informativos de qualquer televisão no mundo.

Em algumas emissoras se observa que ainda está em vigor o diary-book, ou seja a lista diária dos acontecimentos que se produziram e cuja noticiabilidade é dada como certa. Não obstante, a seleção das noticias em uma televisão é um processo complexo, pois a seleção e organização do material que chega à redação constitui a conversão dos acontecimentos observados em noticia, como sugeriu Golding-Elliot (1979): material que chega através dos correspondentes; enviados especiais, repórteres, agencias de noticias ou inclusive da imprensa escrita ou radiofônica diária, entre outros.

Fundamental também é a forma como são apresentadas as noticias, ou seja qual é o processo de tratamento que lhes é dado, é importantíssimo. Assim que estivemos mais preocupados em compreender como são apresentados os acontecimentos dentro do formato e da duração dos noticiários, suas estruturas textuais, das imagens e dos sons e o processo de edição, mais conhecido como editing. É no editing onde acostuma ocorrer todo tipo de manipulação da informação recebida diariamente por nós, os telespectadores.

Sobre estes e muitos outros temas importantes relativos à informação televisiva deixaremos agora que falem os jornalistas, produtores, realizadores, artistas, técnicos e administradores, profissionais cujas contribuições foram imprescindíveis para que esta investigação pudesse se concretizar, e que agora a apresentamos a seguir.

2. O fazer do telejornalismo brasileiro e espanhol

A pesquisa acima apresentada nos levou e nos orientou a ter uma idéia clara de como os meios de comunicação televisivos vêem trabalhando a construção da palavra, da imagem e do som para a transmissão dos noticiários diariamente. A estrutura de construção destas noticias, a nosso ver, não são de tudo positiva. Detectamos que são inadequados o uso da linguagem verbal, o uso abusivo de imagens espetaculares sem nenhum significado do assunto concreto que se está tratando e constatamos ainda a não utilização do som ambiente, manipulando assim significativamente o conteúdo da informação.

A conclusão básica sobre a linguagem utilizada nos telediários brasileiros e espanhóis a que chegamos é a da linguagem de videoclip. Linguagem esta nem sempre compreendida pelos telespectadores. Em estudo de grupo focal com receptores de telediários brasileiros e espanhóis ficou comprovado que o elemento mais importante para eles da informação televisiva é a palavra.

Não obstante, passada as incertezas iniciais dos estudos bibliográficos, que dizem respeito a este tema, devido à escassez de uma literatura e pesquisas mais específicas sobre o trabalho que propusemos investigar, acreditamos que os estudos por nós desenvolvidos chegaram a conclusões bastante esclarecedoras, e que sintetizamos da seguinte maneira:

1- A bibliografia existente sobre a palavra, a imagem e o som utilizados nos telediários brasileiros é ainda bastante reduzida.

2- As emissoras de televisão no Brasil e na Espanha como organizações empresariais, tanto as públicas como as privadas, vivem a fase da tecnologia digital, estão estruturadas em algum tipo de monopólio e com forte tendência de penetração em mercados internacionais, como é o caso de Rede Globo em Portugal, Reino Unido, Itália, França, EUA, Japão, com forte interesse no mercado audiovisual dos demais países latino americano e também nos mercados de Ásia, Oceania e África, como estão muitas das emissoras de televisão espanholas que já atuam nestes mercados e principalmente no latino-americano.

3- As rotinas de produção dos informativos televisivos nas emissoras de TV do Brasil e da Espanha estão se transformando devido a revolução da tecnologia digital, que impõem outra cultura profissional, novos padrões, formatos e linguagens para a produção de informação audiovisual.

4- O conteúdo da linguagem audiovisual dos telediários brasileiros e espanhóis é vazio de sentido e significado, há um empobrecimento da linguagem verbal, o discurso do poder está presente, uso da emoção que se sobrepõem à razão, à reflexão, com relato espetacular, melodramático, de ficção. Palavra, imagem e som são utilizados em velocidade muito rápidas ao estilo do videoclip, inspirado no modelo norte-americano de produzir informações.

5- Em termos comparativos os telediários de Brasil e de Espanha nos anos 80 e 90 estão no mesmo nível tecnológico, utilizam a mesma classe de linguagem audiovisual, os mesmos formatos, as mesmas estruturas que impõem a tecnologia digital e a globalização da informação no mundo contemporâneo.

Ao que se refere ao estudo sobre a forma que estão organizadas as emissoras de televisão como empresas comunicacionais e como produtoras de significados através de palavras, imagens e sons em forma de informação audiovisual nestes anos 80 e 90 a pesquisa de campo nas emissoras de televisão brasileiras e espanholas, nos levou a conclusão de que funcionam como verdadeiras fábricas de espetáculo devido aos seguintes elementos e características que apresentamos a continuação.

2.1. Radiotelevisión Española

Radiotelevisión Española em Madri, em termos de organização empresarial como meio de comunicação, é muito ampla e complexa. É a primeira empresa televisiva espanhola de caráter público estatal, nascida no ano de 1956, seis anos depois da chegada da televisão ao Brasil. Sua estrutura empresarial está formada por três sociedades: Televisión Española, uma sociedade anônima com capital exclusivamente do Estado, Radio Nacional de España, também com capital exclusivamente do Estado, e uma terceira sociedade Ente Público RTV, matriz das outras duas sociedades.

TVE possui três Centros de Produção de Programas que estão situados em Madri, Cataluña e Canarias, e mantém Centros Territoriais de Produção nas demais comunidades autónomas: Asturias, Galícia, Valência, Aragón, País Basco, etc. Em total, Televisión Española têm sete canais de TV: TVE-1, TVE-2, Canal 24 Horas e outros quatro de caráter internacional emitidos por satélite, como são os canais internacionais de Hispanoamérica, para Europa e Ásia.

Com a plataforma digital, TVE começou o projeto de digitalização ao colocar em funcionamento o Canal 24 Horas, que na época era uma experiência nova, a programação era toda a base de noticias. Com este novo canal a emissora está em condições de competir no mercado latino-americano. Em temos de plataforma digital, TVE vinha atuando com Vía Digital e Telefónica, mas aconteceram várias brigas e polêmicas, acabando em ruptura entre eles e agora cada plataforma emite através de seu próprio canal. TVE, tecnologicamente, está igual as demais emissoras, utilizando o que há de mais sofisticado.

2.1.1.1. Centro de Producción de Sant Cugat del Vallés - TVE

O Centro de Producción de Sant Gugat del Vallés de TVE também apresenta amplas estruturas organizacionais em nível de empresa, e é considerado como um dos centros mais importantes na área de produção de musicais, esportes, concurso e infantis para toda Espanha.
Na produção de informativos, este centro de Televisión Española em Cataluña também tem uma produção ativa e atuante tanto no que se refere ao âmbito local com programas informativos em catalão como também colabora significativamente e a diário na produção de todos os programas informativos, documentais e outros de nível cultura que são realizados pela matriz de TVE em Madri, além de participar na produção de canais internacionais da emissora.

A tecnologia utilizada também é ponta. Em 1997 o Centro de Producción de TVE em Cataluña se encontrava em uma fase intermediária entre o BETACAM e a tecnologia digital, com cenários virtuais inclusive, além de possuir câmaras conduzidas por robôs e também manter equipes de ENG.

2.1.1.2. Centro Territorial de Asturias -TVE

No Centro Territorial de Asturias de TVE, situado em Oviedo observamos um certo isolamento e falta de propostas para uma produção mais local, enquanto se valoriza somente a produção regional de uma forma mais global e fragmentada. O Centro é regido por um diretor que responde diretamente à TVE matriz em Madri, dependendo financeiramente do Ente Público, como depende também a linha editorial da programação estabelecida pelos diretores dos serviços informativos de Televisión Española em nível nacional.

A produção local não existe e a regional é mínima, contando somente com uma hora diária de programas informativos, 30 minutos pela tarde ( de 13.55 horas às 14.25 horas) e 30 minutos à noite (de 20 horas às 20.30 horas). Apesar de o Centro ter o compromisso de realizar produções em nível local para qualquer uma das produções dos programas de TVE em Madri, sejam elas de gênero informativo, cultural ou documentários que se façam necessários, além de produzir para o Canal Hispanoamericano ou para os demais canais internacionais de Televisión Española.

Tecnologicamente o Centro Territorial de Asturias está em fase de transição, fase intermediária entre o sistema BETACAM para a implantação do sistema digital, não obstante, a redação ainda não estava informatizada, continuava em plena vapor a velha máquina de escrever.

3. Antena 3

Antena 3 surge no cenário audiovisual espanhol em virtude da Lei de 1988, que instituiu a televisão privada no território espanhol. Quanto a sua organização empresarial, é uma emissora com grandes infra-estruturas, amplas e modernas instalações, com várias sucursais por toda Espanha. Tecnologicamente está em fase de transição do formato Betacam ao formato digital, e atua também em conjunto com Telefónica em plataforma digital. Constituiu um Canal 24 Horas de noticias e internacional e tem na América do Sul um mercado importante para a distribuição de seus produtos.

Com a implantação de uma nova equipe de trabalho nos serviços informativos, Antena 3 tentou em 1999 revolucionar seu telejornalismo. Equipe esta formada por antigos profissionais recém saídos de Televisión Española que na Antena 3 tem como missão implantar o novo projeto de tecnologia digital e transformar os informativos como ponto de referência e na coluna vertebral jornalística de Antena 3.

Com a digitalização da informação da emissora se produz uma mudança total no âmbito da produção dos informativos, assim como na profissão e funções jornalísticas, bem como na rotina de produção do jornalismo.
Sua constituição enquanto empresa se dá através de grupos de acionistas. Inicialmente teve o Grupo Goddó (Barcelona), depois se produziu uma mudança de acionários que está representado agora pelo Banco Español de Crédito, Banco Central Hispano, Renvir, Prensa Regional, sendo a empresa operadora o Grupo Z, atuando desde 1998 com Telefónica na Plataforma Digital.

4. Telecinco pioneira na digitalização

Telecinco, a segunda cadeia de televisão privada da Espanha, também surgiu em virtude da Lei de 1988. Foi criada inicialmente por três organizações: Berlusconi (Grupo empresarial italiano); Organización Nacional de los Ciegos de Espaaña (ONCE) e Grupo Editorial Anaya. A empresa atualmente, depois de muitas mudanças em seu acionariado, está constituída pelo Grupo Berlusconi, que segundo a direção de Marketing da emissora possui a maior parte dos títulos através do Grupo Finivest-, além de outros acionistas como o Grupo Correo, Leo Kirch, Bil RTL, ONCE, Banco Español de Crédito.

Em termos de produção, Telecinco tem um alto índice de produção própria, mas também mantém um alto índice de importação de outros países estrangeiros, principalmente desenhos animados japoneses e norte-americanos, assim como filmes e seriados. Na produção de jornalismo tem sido a pioneira no tratamento digital da informação, revolucionando totalmente o conceito de jornalismo eletrônico na Espanha, mudando completamente a forma do fazer dos profissionais jornalistas. Tele 5 além de manter a sede de sua matriz em Madri tem sucursais distribuída por toda Espanha. Inicialmente criaram as sucursais de Cataluña, País Vasco e Galícia. Em 1998 estava em formação as sucursais de Andaluzia e Baleare, ao mesmo tempo que se projetava montar as surcusais com correspondentes em Bruxelas e Washington. Além da emissora começar a criar a empresa Atlas, que é uma agência de noticias.

5. TV3 Catalunya e Canal 33

TV3 Catalunya é uma organização comunicacional pública regida pelas leis do governo catalão através do Parlamento e com uma linha política de atuação bem definida, cujos objetivos são os de produzir uma programação televisiva de âmbito regional dirigida à comunidade auttônoma de Catalunya. Além disto, cuida tanto da informação local como da internacional através de muitas sucursais existentes em toda a Catalunya e em países estrangeiros, como Bruxelas, Paris, Washington.

Não obstante, há prioridade ao que diz respeito aos interesses de Catalunya.

Em termos de estrutura, TV 3 Catalunya, possui amplas e modernas instalações; utiliza tecnologia de ponta, ou seja faz uma mescla entre o formato Betacam, câmaras robotizadas e tecnologia digital. Além disto, foi a pioneira, inovando ao implantar em seus serviços informativos equipes de ENG (Electronic News Gathering) em suas reportagens com o sistema videotape, possibilitando a transmissão dos acontecimentos no momento em que ele estava ocorrendo. Há uma mistura do estilo francês e norte-americano, mantendo logicamente traços profundos do estilo catalão mediterrâneo na forma de captar, produzir e emitir informações.

A televisão catalana tem também uma significativa produção própria em todos os gêneros, com muita força na programação jornalística, além de produzir ficção, séries, novelas, musicais, concursos, infantis, esportes, não obstante, há um alto índice de importação de filmes, seriados, documentários e principalmente desenhos animados. Seu Canal 33, que é temático com propostas mais dinâmicas e culturais para um público exigente e mais jovem. A informação jornalística é muito reduzida, mas de muita qualidade, diferenciando-se dos demais telejornais produzidos em Espanha, através de uma linguagem moderna, onde a palavra, a imagem e do som são explorados a fim de conquistar um público mais culto e atuante na sociedade. Aqui também a imagem e o som são os mais potencializados com imagens virtuais, bonitas e um som artístico, mas o som ambiente ainda não é utilizado e valorizado como deveria ser.

6. Canal Plus

Canal Plus, outro canal de TV privado em Espanha é emitido pelo sistema analógico e codificado em transição para o digital e em 1998 existia um milhão e meio de assinantes. Um dos grupos mais fortes de acionista era a Socecable. Não obstante, as participações estavam divididas, entre os seguintes acionistas: 50% com Socecable e CNN e o outro 50% com Canal de Satélite Digital. Socecable engloba o Canal Plus de França, Grupo Prisa e alguns bancos.

Os informativos televisivos estavam organizados de forma ainda provisional com apenas 25 minutos de duração. Em Madri trabalhavam 70 pessoas e 150 mais na Compañía de Indústria de Noticias de Televisión que atende a duas linhas de produção: uma de informativos de canal Plus e outra para as 24 horas de noticias de CNN. Programava-se constituir sucursais independentes em Bilbao, Valência, Andaluzia e Catalunya.

A concepção de trabalho de Canal Plus, segundo um de seus diretores era o de um grande debate das equipes de ENG, cujo objetivo era o de dar a informação antes que os demais telejornais espanhóis e estrangeiros. A informação deveria ser fria sem nenhuma opinião nas 24 horas de transmissão. Outro objetivo deste canal era o da regionalização da informação, cujo público pretendido seria o de todos os âmbitos que se interessasse por informação. A informação de Canal Plus deveria ter claridade, rigor, objetivo e ordem.

Canal Plus é um canal privado captado mediante um decodificador e sem publicidade. Inicialmente seus acionistas eram Prisa (25%), Grupo March (15'29%), Banco Bilbao Vizcaya (15'79%), Caja de Ahorros de Madrid (5'26%). A programação estava então orientada mais ao cinema, o esporte e a arte. Em 1998 a informação ganha nova dimensão e maior importância.

7. Organização empresarial das TVs brasileiras

As empresas de comunicação televisivas brasileiras, por outro lado, como organizações produtoras de palavras, imagens e sons na informação audiovisual até 1998 persistiam o tipo de sociedade empresarial de grandes monopólios de emissoras privadas, em mãos de poucas pessoas com características familiares, como são as Organizações Rede Globo de Televisão, RBS, Record, SBT, Rede Bandeirantes e extinta Rede Manchete de Televisão entre outras. Mantém outros ramos de atividades como com o setor editorial com publicações de revistas, jornais, livros; o setor fonográfico, de shows, informático, além de atividades distintas da indústria cultural como a de gado, construção civil, de eletrodomésticos, empresas de papel, etc.

Há ainda a implementação e otimização das organizações televisivas estatais, federais e municipais; as TVs Cultura; Educativas, Universitárias e comunitárias, da Câmara, do Senado; as das diversas Ongs e com a nova legislação das telecomunicações brasileiras surgem em 1994 os canais por assinatura com diferentes empresas operadoras como Multicanal, Sky, etc; com canais como Canal 21, Rede Mulher, Rede Vida, CBI, TNT, HBO, ESPN Brasil, Telecine 1, Eurochannel, SPORTV, GNT, Multishow, USA, Fox, Bravo Brasil, Warner Brasil, Sony, Cartoon Network, Globo News entre outros incluídos em seus pacotes de assinatura por cabo ou via satélite. Como se pode ver todos estes canais são pertencentes a grandes empresas multimídia com distintas vocações mercadológicas.

8. O espaço dos telediários brasileiros e espanhóis

Em relação ao espaço dedicado aos telediários nas emissoras de TV brasileiras e espanholas se observa, que tanto no Brasil como na Espanha, as empresas de comunicação televisivas passaram a investir de forma mais arrojada neste gênero (informação). A implantação sistemática dos canais 24 horas é prova concreta disto, ou seja a criação de canais temáticos com segmentos na informação.
A tecnologia digital provocou mudanças profundas na profissão dos jornalistas do meio eletrônico.

Hoje em dia o perfil do jornalista exigido pelas emissoras de televisão brasileiras e espanholas é o de um profissional completo, chamado de jornalista total. Em outras palavras, este profissional tem como missão realizar todo o processo de informação em uma redação televisiva digital informatizada: pensar o tema que deverá ser noticia; captar a informação no lugar dos acontecimentos; gravar em câmara digital; voltar à redação, escrever o texto, gravar o off em seu próprio computador, editar a matéria com imagens e sons e efeitos de arte videográfico, também em seu próprio terminal e colocar em condições de emissão, a noticia, reportagem ou documentário realizado, e tudo isto sem sair de seu terminal de computador que está em sua mesa de trabalho, além de operar a câmara na hora de captar a informação.

Com todas estas mudanças trazidas pela tecnologia digital morrem funções consagradas dentro do telejornalismo e nascem outras mais modernas e sofisticadas como a de ser um mediomanager (que tem a função de arbitragem e ponte entre os diversos profissionais e o sistema digitalizado) ou um producer que é um diretor executivo de planificação da informação dentro sistema digital.

Desta forma a tecnologia digital revolucionou o conceito de produzir palavras, imagens e sons nos telejornais brasileiros e espanhóis. O departamento de artes ganhou uma nova dimensão e importância dentro deste processo produtivo de informação. Os cenários virtuais, antes físicos, ganham maior importância, apresentando milhares de janelas através do uso do videoworld que se abrem por trás, ao lado e pela frente do apresentador, além da informação que o mesmo apresentador oferece ao sujeito- espectador, constituindo-se em um volume de informação nunca antes imaginável e tudo em poucos frames de tempo.

Esta linguagem de videoclip, de videogame, é a que está presente hoje na informação diária dos telejornais, uma linguagem fragmentada que tenta captar o espectador mais pela emoção do que pela razão, a compreensão de se estar informado não existe. A linguagem do cinema, dos planos e movimentos em fricção são as que comandam o discurso da ação, do drama e da ficção em que se transformou os informativos televisivos.

9. A palavra, o mais importante

Neste aspecto, a construção da informação televisiva em relação à palavra, o uso é cada vez mais reduzido conforme afirmaram vários dos jornalistas brasileiros e espanhóis por nós entrevistados: "é cada vez mais simples, mais telegráfico", como se pôde constatar nos roteiros e scripts dos telejornais por nós estudados. São roteiros de uma historieta breve, de um drama, de uma ficção.

Os manuais de estilo das redações de TV brasileiras e espanholas trazem normas importantes para o tipo de linguagem exigido por essa mídia, mas que ninguém as utiliza, por serem "conceitos profissionais", já incorporados em qualquer fazer jornalístico, são, segundo eles, "critérios de sentido comum" em qualquer redação do mundo. A linguagem coloquial que é a que se deve usar na mídia televisiva, embora seja rica de expressividade como são os idiomas português e espanhol não é valorizada. O texto coloquial dos telejornais dá lugar a um texto pobre de significados chegando a cair no vazio.

Não obstante, tanto no Brasil como na Espanha os jornalistas afirmam ser este texto o de uma "linguagem amena, mais popular possível, uma linguagem didática", o que mostra claramente que os jornalistas não têm idéia para quem escrevem, pois tanto os receptores de telejornais brasileiros e espanhóis que estudamos quase 100% afirmaram não compreender o que assistem nos telejornais e, segundo estes telespectadores, "a palavra é o elemento mais importante da informação".

No caso brasileiro notou-se um empobrecimento do texto ainda maior, enquanto se valoriza cada vez mais a utilização de imagens mirabolantes, cuja qualidade é a de exportação, diferente dos telediários espanhóis que utilizam uma linguagem também coloquial e simples, mas que com todos os problemas que se pode ter neste tipo de texto, o consideramos de melhor nível do que os nossos textos brasileiros. Não obstante, não é em todos os telediários espanhóis que a sua linguagem verbal é satisfatória. Apontamos somente dois noticiários em Espanha que utilizam com toda a expressão e claridade sua linguagem, que é o de La 2 Noticias y os Informativos de Antena 3.

O Telediario de TVE-1 é um texto correto, mas sumamente enfadonho, distante, neutro, pesado, que mesmo com as mudanças tecnológicas e visuais realizados por Radiotelevisión Española, em setembro de 1999 a estrutura do texto se manteve. Telecinco oferece um texto excessivamente coloquial como é o de Rede Globo de Televisão no Brasil. O telejornal de Boris Casoy na Record prima por uma linguagem correta, mas personalista, com um grande perigo de cair na manipulação pela personificação da informação. Igual ao que disse William Boner, apresentador do Jornal Nacional: "o som de Rede Globo é a minha voz".

A linguagem dos informativos de TV3 Catalunya e Canal 33 são extremamente corretos e sombrios. Existe um grupo de lingüistas que velam para que isto ocorra e qualquer deslize é detectado imediatamente não só pela Comissão de Serviços Lingüísticos mas também pelo próprio telespectador catalão, que está vinte quatro horas do dia atento a cada palavra falada na tela catalana.

10. O poder da imagem

A imagem ganha mais dimensões, mais poderes, é cada vez mais espetacular e para isto os cenários, os set, se revestem de toda tecnologia, são milhares de janelas, vários monitores digitais, de plasma ou totalmente virtuais. Atualmente tanto as redações dos telejornais brasileiros e espanhóis são totalmente digitais, como é o da Telecinco (Madri). Nela como na Redação da Globo, da Record, da Bandeirantes, da Cultura e outras TVs públicas e estatais utilizam o videoworld para fazer fundos específicos que exigem uma textura e um tratamento de imagem específicos com os caracteres de luminância, de inconominância, inclusive de contraste com cores e iluminação fria ou quente, dando mais volumes, mais tons significativos, para valorizar ainda mais a imagem.

A tecnologia e os softwares para a produção de imagens virtuais vão desde o 3D Estúdio, Maya com várias paletas gráficas, vários points, câmaras digitais de estúdio, até equipamentos como o Hagel, que é um aparelho muito rápido para fazer chamadas e pós- produções de grande resolução e de muita velocidade, além de uma livraria digital.

11. O menosprezo ao som

Até agora o som é menosprezado, principalmente o som ambiente. Somente poucos telediários espanhóis e brasileiros o respeitam. Em Espanha comprovamos unicamente o informativo La 2 Noticias que o utiliza com propriedade, não manipulando a informação, não tampando o som original quer seja em russo, chinês ou qualquer outro idioma. No Brasil o som ambiente sempre foi esquecido, inclusive por questões de censura e repressão. Somente agora a Rede Globo se diz favorável ao som ambiente, mas sempre utilizando-o de forma reticente e não com toda a sua carga informativa, porque todo discurso da emissora é o de ver e não o de ouvir (os slogans de Rede Globo são sempre veja a seguir, a gente se vê por aqui) e refletir como se supõem que deveria ser, uma vez que a televisão está feita de palavra, imagem e som.

Em geral, as palavras dos entrevistados menos importantes, ou seja políticos ou personalidades de pouco interesse político e econômico para estas emissoras são tapadas com um texto off ou com as palavras do apresentador. Além disto somente recebem legendas visíveis os nomes de entrevistados ilustres. Na Rede Globo o povo não fala, como afirmam vários profissionais da emissora. Não obstante, no telediários da extinta Rede Manchete, Rede Bandeirantes, TV Cultura e TV Brasil estes critérios com relação à palavra, imagem e som são tratados de forma mais adequada, mas também não totalmente satisfatória como deveria ser.

12. As cores e o significado da informação

Em relação às cores que são postas na imagem dos informativos se estandardizou a cor azul, que é a cor corporativa dos informativos no mundo inteiro. A cor azul que segundo o desenho dos cenários, dos "platós", se vão conjugando, mesclando com algo mais cálido que é a madeira, os tons amarelos, a frieza do azul com a madeira além de conjugar-se com a imagem tecnológica que podem dar os monitores e as pessoas ao redor do set, como é o caso de Antena 3. Se utilizam também máquinas como a Liberty, que servem para criar fundos, tudo que é composição e textura, e outra que é o Collage que faz todo tipo de legendas, todas as fontes dos caracteres, e o Sala Liberty que é uma combinação de máquinas que oferece a possibilidade de fazer produções e legendas, ou também a Sala VIP que serve para incorporar gráficos às matérias informativas, como as que são utilizadas em Telecinco.

As cores recebem um tratamento por áreas. Por exemplo há um código de cor, as barras onde vão os epígrafes, por assim dizer, do conteúdo do que trata cada matéria, cada reportagem, cada documentário; segundo a área do que se trata, tem um código de cor diferente. Assim, o nacional seria azul, a de economia laranja, a de sociedade amarelo; a de esportes o vermelho; deste modo se diferenciam claramente as temáticas, como faz Telecinco. As cores mate e branco servem para difuminar todos os contrastes a fim de que não incomodem os caracteres, e que todo o texto, que é o que realmente vai dar a informação sobre a imagem, vai incrustado dentro da matéria editada de maneira legível.

Mediante o teste de cores, os telediários utilizam os códigos de cores para diferenciar áreas, acudindo a dois fatores muito elementares: o verde para uma sessão de ecologia. O azul, para uma sessão de nacional, pois se utiliza o vermelho para uma sessão nacional ou internacional se poderia estar denotando críticas, porque esta cor parece que simbolicamente já denota, não só conota, senão que denota uma determinada inclinação

Nos informativos televisivos as cores também estão pensadas a partir do ponto de vista dos personagens políticos que acostumam aparecer na tela na informação diária. Para os artistas e produtores e realizadores de telediários se faz o mesmo de que com os políticos, que nas roupas devem utilizar as cores neutras como os azuis ou como os cinzas, para que não haja uma inclinação simbólica expressa. Na hora de se fixar os critérios de cores para as noticias se dá o mesmo: em temas de greve, se sobe, se usam barras vermelhas; se for o contrário, se utiliza o verde porque se associa á esperança.

Está claro que os profissionais têm em conta que em outras culturas estes códigos de cores não coincidiriam com o mundo islâmico ou no mundo Oriental, onde os padrões de medida não são os mesmos que no Ocidente na hora de compor pictoricamente as imagens. A leitura que fazem os meios de comunicação é a clássica do mundo Ocidental, da esquerda para a direita. Por exemplo, si se faz uma entrevista a uma pessoa e essa pessoa aparece na tela, ainda que seja um escorço, mirando da esquerda á direita, a linha que se cria é muito mais dinâmica que é da direita á esquerda, pois isto lhe dá um tom mais natural.

13. A vestimenta é fundamental

Outro elemento importante que influi no resultado final da informação jornalística que chega ao receptor e que dará credibilidade ou não à noticia que se está veiculando, segundo os produtores e realizadores de telejornais brasileiros e espanhóis é o tipo de vestimenta que está vestido o apresentador. Para isto há um tipo de estilistas que se encarrega da roupa dos apresentadores, que se preocupam em saber que tipo de roupas lhe vão ficar melhor ou que tipo de tecidos e de cores são as mais adequadas. Tudo isto, está incluído ao fato de que o apresentador deve inspirar credibilidade e fiabilidade. Credibilidade e fidelidade personificadas e que por tanto manipulam a informação, induzindo o telespectador - que não se dá conta disto -, a formar uma opinião determinada.

14. Planos e movimentos e os cenários físicos e virtuais

Em termos de linguagem utilizada nos telediários ainda é preciso se levar em conta os tipos de planos e movimentos cinematográficos usados na construção das imagens. Os planos mais utilizados, segundo nossa investigação, são os planos curtos, mas não demasiado curtos. Planos mais bem á altura do peito, com a câmara levantada sobre o eixo dos olhos do apresentador, pela composição e pelos enquadramentos das madeiras do cenário, enquadramento dos bastante fechados para que fique bem. Não obstante, cada emissora de televisão apresenta um cenário diferenciado, de acordo com o seu estilo, com sua filosofia de trabalho; mas sempre manejando os mesmos conceitos que lhes impõe a tecnologia moderna.

Os cenários pesquisados estavam quase sempre inspirados na imagem da CNN, BBC ou CBS. Somente TV 3 Catalunya procura dar um ar mediterrâneo e deixar registrado o traço do desenho catalão que é muito sutil, denotando sobriedade.

15. Gêneros informativos

Com relação ao tipo de informação nos informativos de Rede Globo - diferentemente do que ocorre nos informativos espanhóis - a política está presente, mas somente aparecem os que realmente estão no poder, os demais partidos raramente têm espaço. Do ponto de vista dos receptores brasileiros e espanhóis as noticias econômicas e políticas quase ninguém consegue compreendê-las. As noticias têm um caráter mais pitoresco, anedótico ou têm ar de drama e emoção, sucessos, crimes, o mundo "rosa".

Rede Globo dá muita importância ás noticias internacionais, às científicas com grandes êxitos conquistados pelos norte-americanos, e também tudo que se refere a sonhos inimagináveis, um paraíso muito distante do viver cotidiano da maioria dos brasileiros.

O esporte também tem espaço significativo na informação televisiva do Brasil. Não obstante, a informação esportiva, no caso brasileiro, ganha espaço em programas independentes, em cada emissora, que em geral antecedem aos telediários das diferentes faixas horárias da programação informativa, como por exemplo Globo Esporte, Show de Gools, Placar Eletrônico e outros que funcionam como um informativo esportivo que tem espaço para a noticia esportiva nacional, regional e internacional, onde entra o telediários de cada estado brasileiro, tratando de todo tipo de esportes e não só de futebol.

Em relação á informação meteorológica, informações sobre o tempo climático de cada região, à diferença do que ocorre nos informativos espanhóis, é um tema que só agora passa ter mais relevância no Brasil. Em 1998 era uma informação quase nula dentro dos telediários ou em alguns casos se lhes concede um espaço sumamente reduzido. Segundo nossa investigação, o telespectador da zona rural ou o pantaneiro e que é uma audiência considerável, tem especial interesse por este tipo de informação, devido ás diferenças climáticas de cada região e do tipo de atividade na qual estão inseridos em seu trabalho diário.

Na Espanha este gênero de informação é valorizado dentro do informativo ou em espaço adequado a ele e de forma separada. Observamos que muitos telespectadores mantém o televisor ligado em determinado telejornal somente para esperar a hora da informação referente ao tempo. Além disto as características climáticas européias impõem uma importância fundamental a essa classe de informação.

16. Rotinas de produção

A fábrica de espetáculos da construção da noticia (palavras, imagens e som) ocorre nas rotinas de produção dos telejornais brasileiros e espanhóis, se tornando a realização de um grande acontecimento a cada dia. O procedimento igual aqui no Brasil e lá na Espanha. Dependendo da estrutura organizacional de cada empresa de comunicação televisiva, ou seja, se é pública ou privada, de âmbito local, regional, nacional ou internacional, haverá algumas formas de proceder diferentes, ou segundo a linha política e o formato tecnológico, a rotina de fazer jornalístico se dará de uma forma ou de outra, mas em linhas gerais o processo é o clássico:

1- Primeiramente há um departamento específico para os serviços informativos formados por uma redação que poderá ter ou não a redação de esportes incorporada. Neste departamento, centro ou núcleo informativo poderá haver divisões por tipos de programas informativos, os diários, os semanais, os especiais, os de "sucessos" ou outro gênero. Existe sempre um corpo diretor de dois ou três diretores para todo o complexo informativo, que em geral é o apresentador de telediários.

Tanto no Brasil como na Espanha o apresentador ou apresentadores participam de todo o processo da informação, desde pensar o tema, escrever sobre ele, editá-lo, até apresentá-lo na hora da emissão do telejornal.

O corpo de diretores dos telejornais espanhóis têm mais poderes do que os diretores de telejornais brasileiros e ocupam um escalão mais alto dentro da hierarquia da empresa em que atuam que os brasileiros, cuja função é a de serem somente os editores - chefe, mas não diretores dos informativos. Não obstante, dentro desta escala no Brasil se observa que trabalham mais em equipe. Há, no Brasil, entretanto, casos específicos em que a responsabilidade dos telediários está em seu editor - apresentador, como é o caso de Boris Casoy, Paulo Henrique Amorim, Hermano Hennenging, Luliam Wite Fibe, que têm total responsabilidade e tomam as decisões sobre a informação transmitidas em seus noticiários, fazendo o papel de anchorman ao estilo norte-americano. Os apresentadores brasileiros ganham maior importância nos anos 90, como é o caso do casal William Boner e Fátima Bernardes.

Também os apresentadores brasileiros são considerados verdadeiras estrelas, grandes estrelas. Tanto no Brasil como na Espanha há um grande protagonismo dos apresentadores, entretanto no Brasil, este protagonismo é ainda maior. Também os repórteres brasileiros têm grande protagonismo ao apresentar suas matérias nos telejornais o que não ocorre na Espanha. No Brasil, cada matéria está montada como um grande show, um grande teatro, principalmente na Rede Globo. Na rede Bandeirantes, ex - Rede Manchete, TV Cultura este tipo de protagonismo não ocorre, os jornalistas dão mais protagonismo á informação. Não obstante o discurso utilizado é um discurso culto e crítico, com uma linguagem em nível de compressão para poucos.

17. A estrutura das redações

A estrutura e organização das redações se dão mais ou menos segundo o número de funcionários; a tecnologia utilizada, os recursos e estruturas materiais são de acordo com o porte de cada empresa de comunicação televisiva. Em geral as emissoras que estudamos são de grande porte, menos as regionais ou de caráter local como as de Gijón e o Centro Territorial Asturiano de TVE, em Asturias, mas as demais emissoras possuem amplas redações informatizadas, estúdios de gravação e edição, vários estúdios com cenários e sets para gravação de programas diferentes ou de chamadas dos telejornais, estúdios para a gravação do tempo e grande estúdio com cenário especial para a gravação do telejornal de horário nobre da emissora, montados com a personalidade e identificação característica de cada informativo.

Não obstante, se observou que estes grandes espaços vão sendo eliminados nas emissoras onde o processo de digitalização está avançado como é o caso de Telecinco em Madri e Rede Globo no Rio de Janeiro, uma vez que com a tecnologia digital todo o processo de elaboração da informação se realiza praticamente no terminal do computador, não sendo necessário que se tenha cabinas de gravação de off, equipamentos de montagem de texto e imagem e mixadores de áudio tão volumosos e que ocupe muito espaço. O controle é total por meio de computadores sofisticados, onde texto, vídeo e áudio estão completamente integrados em uma só máquina, que permite escrever a matéria, cobri-la com as imagens e o som, fazendo todo o processo de edição de uma só vez.

Os realizadores também estão integrados neste processo através do computador. Na Telecinco os editores de texto e editores de imagem e áudio foram todos recolocados em funções de auxiliares de realização ou de produção.

18. A noticia e a não-noticia: prevalece o sentido comum

Com a informatização, a digitalização ou não das redações televisivas, se observou que as noticias, a seleção dos temas que serão noticia ou não se dá da mesma forma em todas as partes, tanto no Brasil como na Espanha. Existem as reuniões de pauta (reuniões das diversas editorias) pelas manhas, nas quais participam os principais editores e diretores dos telejornais e ainda os chefes de editorias, realizadores, produtores, apresentadores, alguns repórteres especiais, assim como os designers e artistas videográficos. Participam também via teleconferencia ou radio escuta os correspondentes, editores e diretores das sucursais internacionais seja da Europa, nos Estados Unidos ou em outro lugar onde estejam sediados.

Os temas são expostos um a um por editoria para o debate e apreciação de todos. Depois somente os diretores e editores gerais decidem exatamente quais os temas serão trabalhados e formarão parte do espelho ou "escaleta" (como dizem os espanhóis) que se transformará no telejornal do dia. O critério adotado por estes diretores e editores, segundo eles mesmo faz parte do sentido comum do jornalista, critérios estes que não se encontram escritos em lugar nenhum, dado que o limite para este critério no caso espanhol, segundo os diretores e editores entrevistados, é o que marca a Constituição de Espanha ou a que marca o próprio chefe.

No Brasil a situação é ainda mais complexa: os critérios são os que marcam a direção administrativa das empresas de comunicação, a lei do mercado e os acertos políticos. Segundo entrevistas que realizei na Espanha, ficou claro que o Governo ainda tem um controle muito grande na informação veiculada, principalmente a televisiva, e na Radiotelevisión Española esta situação é muito visível. O que é noticia e o que não é noticia passa por uns critérios de proximidade, que no caso espanhol devem ser de interesse dos espanhóis, seja em nível nacional ou internacional; de espetacularidade da imagem, de número de mortos, inundações como as da América Central, desastres, eleições norte-americanas; quando o Governo espanhol afirme que inicia contatos com o ETA; já para alguns telediários um tema de violação não é noticia.

No caso de selecionar o que vai ser noticia ou não se observou que depende muito do estilo, do formato e da linha editorial que segue cada telejornal. No La 2 Noticias (RTVE), por exemplo, se recortam as informações políticas de temas saturados ou difíceis como os econômicos para dar como noticias, umas histórias que segundo seu editor - chefe e apresentador do telejornal, Lorenzo Milá "nem sequer são noticias", ou seja, "suavizam a informação árida contando-a de uma forma mais compreensível", em contraste com o Telediário de TVE-1, que se estende em demasia em todo tipo de noticia, principalmente as governamentais, de política, internacional, econômica, esportiva, que em geral não são compreendidas pela maior parte dos telespectadores.
Por outro lado, como ocorre no Brasil, os temas urbanos são mais valorizados com um total menosprezo pelos temas locais, do campo, das zonas rurais. Este tipo de público simplesmente não é público para os quais vão destinados os telejornais, segundo vários diretores e editores entrevistados tanto no Brasil como na Espanha.

19. As fontes de informação

As fontes de informação também são as tradicionais: rádio, impressa escrita, outras emissoras de TV; agências de noticias nacionais e internacionais como a EFE, France -Presse, Europa Press, Reuters; as fontes oficiais do governo, coletivas; as fontes pessoais dos jornalistas e ainda a CNN, Eurovisión, Retevisión e Forta (no caso espanhol). No Brasil o procedimento é o mesmo; destacamos o desequilíbrio existente entre Norte-Sul-Sul-Norte enquanto a difusão de informações referentes aos países latino-americanos, africanos, asiáticos, ou seja terceiromundistas em relação aos países primeiromundistas. A desigualdade de acesso e difusão de informação ficou patente, principalmente ao grau de manipulação. Se observa que as noticias que se emitem sobre América Latina ou África são menosprezadas, de conflitos, de miséria como se nada acontecesse de maior importância nestes países, enquanto todo gênero de noticia internacional enchem os espaços de todos os informativos brasileiros.

20. Conteúdo: eficácia da comunicação televisiva

Os noticiários de horário nobre que estudamos no Brasil e na Espanha, um total de 40 informativos, constatou-se que a comunicação estabelecida por eles não conseguem obter a eficácia entre uma parte significativa de seus receptores: no caso estudado, os trabalhadores rurais pontoneiros (Pantanal) e os trabalhadores rurais de Gijón, Asturias. Se detecta que o público desses informativos são os da cidade, urbano, com um certo nível de escolaridade e faixa etária entre os 20 a 45 anos, constituído de profissionais liberais, executivos, intelectuais e empresários bem - sucedidos, que em geral não se utilizam apenas dos telejornais para se informarem.

21. Estudo das variáveis do formato estrutural dos programas informativos brasileiros e espanhóis

Estudados o espaço onde são produzidos os telejornais brasileiros e espanhóis, as rotinas de produção e os profissionais jornalistas no ambiente televisivo; a forma de emissão e recepção, analisamos o formato estrutural destes informativos referentes a sua narratividade da imagem, do som , da palavra, dos planos e movimentos; do uso da publicidade; do tempo de duração de cada noticia; do número de noticias, do gênero da informação; do tipo de apresentação das noticias; dos elementos de composição internos e externos da noticia; dos aspectos cronológicos das imagens e dos acontecimentos; do conteúdo das noticias; do âmbito da temática de cada noticia; da tipologia dos enunciadores; da valorização do informador ao apresentar a noticia; da ênfase verbal, gestual e imagética; da relação da locução em relação á imagem entre outros aspectos.

Os telejornais estudados de Brasil e Espanha se deu em correspondente período igual para ambos os países, emitidos nos dias 19 a 23 de outubro de 1998, onde foram analisados elementos de narratividade segundo propõem Francis Vanoye e Anne Goliot-Lété. Apenas para ilustramos esta exposição demonstraremos três variáveis: os da palavra, da imagem e do som. A noticia que apresentaremos é a referente ao acordo de paz proposto pelos EEUU entre Israel e a Palestina, do dia 23 de outubro de 1998. O espaço - forma das imagens desta noticia foi assim analisado:

O espaço - forma das imagens desta noticia teve apresentação de locução pelo apresentador ou por um locutor especial em off, com imagens das agências de noticias, principalmente da CNN. Os telediários espanhóis, devido a diferença de fuso horário, não deram a noticia de acordo de paz como um fato confirmado e ocorrido. Suas imagens eram anteriores ao fato ocorrido, eram imagens de arquivo, e houve uma utilização indiscriminada de fotografias para ilustrar o texto - locução, que não confirmaram e nem completaram a informação pretendida.

Os telediários brasileiros deram a noticia do fato concreto, mas houve abuso também de utilização de fotografias e somente Rede Globo ofereceu informação desde o lugar dos acontecimentos. No caso espanhol, somente a televisão catalã, TV3 Catalunya, apresentou a noticia através de correspondentes em Washigton, cidade onde foi assinado o acordo de paz. O problema com o som ambiente continuou o mesmo da noticia veiculada no dia 18 de outubro de 1998: o tapavam por completo com locução em off ou o mesclavam de forma a torná-lo totalmente incompreensível (Ver gráfico abaixo).

Vejamos também esta mesma noticia quanto a sua narratividade em relação às imagens.

A noticia Acordo de Paz mostrou claramente que as imagens narradas não respondiam praticamente a nenhuma das perguntas clássicas da informação. A narração da imagem foi de total predomínio do QUEM?, isto é colocando em evidência aos políticos como sujeitos da ação, com maior protagonismo para a figura de Bill Clinton. Neste caso os telediários brasileiros responderam um número maior de perguntas, mas o QUANDO?, o COMO? e o POR QUÊ? Tampouco foram respondidos, revelando que as imagens não informaram adequadamente sobre o desenrolar dos fatos realmente ocorridos. Ver gráfico abaixo:

Em relação aos elementos verbais do tempo e desenvolvimento cronológico da noticia estudada, os aspectos cronológicos do texto, ou locução dos fatos a análise desta mesma noticia nos dias 19 e 23 de outubro de 1998 foi a seguinte:

A leitura dos dados obtidos na análise das noticias estudas dos dias 19 (Atentado) e 23 (Acordo de Paz) de outubro de 1998 nos telediários brasileiros e espanhóis pelo que se refere aos aspectos cronológicos do texto - locução e da narração em tempos verbais estiveram misturados em passado, presente e futuro com predomínio do tempo verbal no passado no dia 19 de outubro e no futuro no dia 23 de outubro de 1998. Ver gráficos abaixo:

Com relação á narratividade do som desta notícia estudada nos telejornais brasileiros e espanhóis, constatou-se que:

As mensagens veiculadas responderam as perguntas que constituem a narrativa do som, não obstante, esta narrativa estava na voz dos enunciadores e dos protagonistas (políticos, especialistas no assunto, fontes especiais, comentaristas) das ações. Também uma grande maioria fez uma mescla das perguntas em sentido inverso ao processo normal da informação: sujeito - verbo - complemento, dificultando a compreensão global da informação. Ver gráfico abaixo:

22. Bibliografia Geral

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