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A
fábrica de espetáculos:
construindo palavras, imagens e sons
As rotinas produtivas dos informativos
televisivos no Brasil e na Espanha
Por
Profa. Dra. Ruth Penha Alves Vianna
Resumo
Esta é uma história escrita por muitas mãos,
falas e impressões ou, melhor, desenhada por profissionais
que diariamente pensam contribuir ao direito básico de
qualquer cidadão: informar-se. Seu afã cotidiano
se desenvolve entre um ir e vir de muitas regras e normas, rotinas
quase sempre, não escritas em lugar algum. Como disse
um sábio jornalista e escritor galego, Manuel Rivas,
em seu livro El lápiz del carpintero... "son pintores
de ideas...". Não importa se o relógio da
estação esteja com as agulhas paradas no mesmo
lugar durante muitos anos. Portanto, que falem os jornalistas
e outros profissionais do meio televisivo, quase sempre sem
tempo para refletir, sobre seu próprio fazer profissional
diariamente.
A
fábrica de espetáculos é um estudo crítico
e profundo sobre as rotinas produtivas dos telejornais brasileiros
e espanhóis, a partir da pesquisa - ação,
onde mostra de que forma os jornalistas constróem diariamente
palavras, imagens e sons como informação televisiva.
Neste
estudo ficou provado que a palavra é a mais importante
por parte do público receptor que participou de nosso
estudo de caso.
Palavras-chave:
palavra/imagem/som
Introdução
Como
nascem as noticias? Quem toma as decisões sobre colocar
esta ou aquela noticia no ar? O que é noticia? Qual noticia
é mais importante? Quais são as fontes e qual
é o seu papel? Como estão organizados os jornalistas
no mercado de trabalho? Como estão organizadas as redações
jornalísticas nas emissoras de televisão? Que
idéia de público têm os jornalistas? Quais
são os estilos e formatos utilizados? O tipo de tecnologia
empregada pelas empresas de comunicação influem
no resultado final da informação, ou seja em seu
conteúdo? Qual o procedimento para se agendarem (se proverem)
os produtores, os editores (os gatekepeers) de noticia televisiva?
Em fim, de quem é a decisão na hora de determinar
a informação que vai ou não ser transmitida?
Como se dão as rotinas de trabalho desde os diretores
até os repórteres de rua e equipes de cinegrafistas?
Qual a tecnologia que estão utilizando? Qual é
a metodologia ou filosofia de trabalho que adotam?
Estas
e muitas outras perguntas, temas polêmicos do jornalismo
eletrônico contemporâneo, principalmente com a atual
globalização dos mass media e com a digitalização
da informação, foram alguns dos pontos mais importantes
de nossa pauta de estudos de campo, ou seja de nossa investigação
sobre os participantes nas redações televisivas
brasileiras e espanholas. Investigação que em
alguns momentos foi participativa (pesquisa - ação)
e em outros não. Para dar conta de ver por dentro esta
verdadeira fábrica de noticias utilizamos nossa percepção
não somente de alguém que já havia trabalhado
regularmente neste mercado de trabalho como editora, produtora,
chefe de reportagem e assistente executiva de programas informativos
de algumas importantes emissoras de televisão brasileiras,
mas também e principalmente, como pesquisadora, cujo
instrumento básico de trabalho (investigação)
foi o da observação ativa e não ativa;
do diário de escuta (caderno de anotações
diárias das experiências vividas); as entrevistas
em profundidade; o estudo da literatura existente sobre o tema;
as entrevistas com os profissionais e catedráticos considerado
"expertos" no assunto como dizem os espanhóis
e no segmento de todas as funções dos jornalistas
do meio televisivo e sempre que possível gravando em
fitas de vídeo BETACAM (sistema profissional) e também
em fita cassete.
As
emissoras pesquisadas na Espanha foram: TV3 Catalunya e Canal
33 (Barcelona) pesquisa que me proporcionou a mais significativa
e rica experiência em um período (de fevereiro
a abril de 1997) de três meses nesta emissora catalán
de televisão. Depois estivemos no Centro de Producción
de Radiotelevisión Española de Sant Cugat (Barcelona)
no mês de junho de 1997; no Centro Territorial de Radiotelevisión
Española, em Oviedo e Televisión Local de Gijón
(Gijón) em Asturias (1997 e 1998); Radiotelevisión
Española (Cadenas 1, 2 e Canal Internacional) em Madri;
Antena 3, em Barcelona (1996/1997) e 1998 em Madri; Telecinco
em 1997 e 1998 em Madrid; TVB (Televisión Barcelona)
em Barcelona (1998) e Canal Plus (1998) em Madri.
No
Brasil, na pesquisa de campo de março a abril de 1998
estivemos na Rede Manchete de Televisão de São
Paulo e Rio de Janeiro; Rede Globo de Televisão (RJ);
RBS e TV Câmara do Rio Grande do Sul; Fundação
Raquette Pinto (Rede de Televisão Educativa) no Rio de
Janeiro; TV Morena (Rede Globo) do Mato Grosso do Sul, além
de estudarmos as emissoras TV Bandeirantes, Record, Rede Globo
e SBT em São Paulo. Para esta pesquisa de campo estivemos
atentos ás seguintes questões:
1
- Estivemos atentos à hipótese da agenda setting,
que implica que "a compreensão que as pessoas têm
de grande parte da realidade social lhes são impostas,
por empréstimo, pelos mass media", conforme assinalou
Shaw" (1979);
2
- Procuramos avaliar o diferente poder de agenda dos diversos
mass media em relação com a televisão na
hora de pautar suas noticias. É sabido que em televisão
"as noticias são muito breves, rápidas, demasiado
fragmentadas para ter um efeito de agenda significativo",
segundo Patterson (1976).
3
- Procuramos examinar os níveis de agenda - público,
mediante a variável centralidade do tema. Se observa
aí, como falou Benton-Frazier (1976), que "a televisão
parece desempenhar um papel secundário, pouco significativo,
na determinação da agenda de temas como desemprego,
inflação, preço elevado das matérias
primas, redução das taxas, etc., ou temas cujas
informações sejam mais específicas, tais
como argumentos favoráveis ou contrárias às
soluções apresentadas por grupos que apoiam ou
favorecem diferentes medidas governamentais, estratégias
econômicas, etc.",
4
- Avaliação da freqüência dos temas
presentes no dia-a-dia e seu frame temporal durante a cobertura
de determinados eventos (acontecimentos), campanhas eleitorais,
feitas pelos jornalistas ou inclusive pelo setor de marketing
das emissoras de TV. (Sempre quando foi possível procuramos
assistir às reuniões de pauta dos informativos
estudados).
5
- Também estivemos atentos à sociologia, por assim
dizer, dos emissores passando pelo newsmaking como conceituam
a teoria dos processos produtivos nas comunicações
dos mass media.
6
- Não obstante, estivemos de forma mais aprofundada preocupados
em esclarecer a lógica dos processos produtivos e o tipo
de organização de trabalho dentro da qual se efetua
a construção da mensagem, por considerar que é
o mais decisivo enquanto produto acabado e no qual os gatekeepers
(selecionadores) têm papel preponderante na avaliação
da noticiabilidade ou não do tema.
7
- Como observadores dos participantes, a pesquisa sobre o newsmaking
foi fundamental. Por isso, mais interessados em responder principalmente
a conhecida e polêmica pergunta quê imagem do mundo
transmitem os noticiários televisivos? Ou como se associa
essa imagem às exigências cotidianas da produção
da noticia nos organismos de rádio- televisão?
Fizemos empenho em conhecer pessoalmente como esses profissionais
constróem a realidade social cotidiana, conforme conceberam
Wolf (1995), Golding-Elliot (1976), Grossi (1983) e Tuchman.
Ou também como se define a noticiabilidade dos acontecimentos
nas redações jornalísticas televisivas?
Quais são seus valores-noticia? Que critérios
utilizam para avaliar critérios substantivos, do produto,
de público? Perguntas nem sempre respondidas verbalmente
pelos profissionais envolvidos no fazer jornalístico
profissional, mas suas práticas observadas diariamente
respondiam melhor que já não se faziam mais necessárias
suas palavras de argumentação.
Nas rotinas produtivas a falta de tempo é questão
sine qua non, o momento da seleção e eleição
dos temas, das matérias jornalísticas necessárias
para formar o noticiário é elemento chave desta
investigação, assim como as fontes que determinam
de forma decisiva a qualidade da informação produzida.
Importantes também neste processo são as agências
de noticias que durante 24 horas do dia alimentam as redações
dos telejornais, seja através de imagens, dados, textos
e sons, constituindo um núcleo de apoio importantíssimo
aos serviços informativos de qualquer televisão
no mundo.
Em
algumas emissoras se observa que ainda está em vigor
o diary-book, ou seja a lista diária dos acontecimentos
que se produziram e cuja noticiabilidade é dada como
certa. Não obstante, a seleção das noticias
em uma televisão é um processo complexo, pois
a seleção e organização do material
que chega à redação constitui a conversão
dos acontecimentos observados em noticia, como sugeriu Golding-Elliot
(1979): material que chega através dos correspondentes;
enviados especiais, repórteres, agencias de noticias
ou inclusive da imprensa escrita ou radiofônica diária,
entre outros.
Fundamental
também é a forma como são apresentadas
as noticias, ou seja qual é o processo de tratamento
que lhes é dado, é importantíssimo. Assim
que estivemos mais preocupados em compreender como são
apresentados os acontecimentos dentro do formato e da duração
dos noticiários, suas estruturas textuais, das imagens
e dos sons e o processo de edição, mais conhecido
como editing. É no editing onde acostuma ocorrer todo
tipo de manipulação da informação
recebida diariamente por nós, os telespectadores.
Sobre
estes e muitos outros temas importantes relativos à informação
televisiva deixaremos agora que falem os jornalistas, produtores,
realizadores, artistas, técnicos e administradores, profissionais
cujas contribuições foram imprescindíveis
para que esta investigação pudesse se concretizar,
e que agora a apresentamos a seguir.
2.
O fazer do telejornalismo brasileiro e espanhol
A
pesquisa acima apresentada nos levou e nos orientou a ter uma
idéia clara de como os meios de comunicação
televisivos vêem trabalhando a construção
da palavra, da imagem e do som para a transmissão dos
noticiários diariamente. A estrutura de construção
destas noticias, a nosso ver, não são de tudo
positiva. Detectamos que são inadequados o uso da linguagem
verbal, o uso abusivo de imagens espetaculares sem nenhum significado
do assunto concreto que se está tratando e constatamos
ainda a não utilização do som ambiente,
manipulando assim significativamente o conteúdo da informação.
A
conclusão básica sobre a linguagem utilizada nos
telediários brasileiros e espanhóis a que chegamos
é a da linguagem de videoclip. Linguagem esta nem sempre
compreendida pelos telespectadores. Em estudo de grupo focal
com receptores de telediários brasileiros e espanhóis
ficou comprovado que o elemento mais importante para eles da
informação televisiva é a palavra.
Não
obstante, passada as incertezas iniciais dos estudos bibliográficos,
que dizem respeito a este tema, devido à escassez de
uma literatura e pesquisas mais específicas sobre o trabalho
que propusemos investigar, acreditamos que os estudos por nós
desenvolvidos chegaram a conclusões bastante esclarecedoras,
e que sintetizamos da seguinte maneira:
1-
A bibliografia existente sobre a palavra, a imagem e o som utilizados
nos telediários brasileiros é ainda bastante reduzida.
2-
As emissoras de televisão no Brasil e na Espanha como
organizações empresariais, tanto as públicas
como as privadas, vivem a fase da tecnologia digital, estão
estruturadas em algum tipo de monopólio e com forte tendência
de penetração em mercados internacionais, como
é o caso de Rede Globo em Portugal, Reino Unido, Itália,
França, EUA, Japão, com forte interesse no mercado
audiovisual dos demais países latino americano e também
nos mercados de Ásia, Oceania e África, como estão
muitas das emissoras de televisão espanholas que já
atuam nestes mercados e principalmente no latino-americano.
3-
As rotinas de produção dos informativos televisivos
nas emissoras de TV do Brasil e da Espanha estão se transformando
devido a revolução da tecnologia digital, que
impõem outra cultura profissional, novos padrões,
formatos e linguagens para a produção de informação
audiovisual.
4-
O conteúdo da linguagem audiovisual dos telediários
brasileiros e espanhóis é vazio de sentido e significado,
há um empobrecimento da linguagem verbal, o discurso
do poder está presente, uso da emoção que
se sobrepõem à razão, à reflexão,
com relato espetacular, melodramático, de ficção.
Palavra, imagem e som são utilizados em velocidade muito
rápidas ao estilo do videoclip, inspirado no modelo norte-americano
de produzir informações.
5-
Em termos comparativos os telediários de Brasil e de
Espanha nos anos 80 e 90 estão no mesmo nível
tecnológico, utilizam a mesma classe de linguagem audiovisual,
os mesmos formatos, as mesmas estruturas que impõem a
tecnologia digital e a globalização da informação
no mundo contemporâneo.
Ao
que se refere ao estudo sobre a forma que estão organizadas
as emissoras de televisão como empresas comunicacionais
e como produtoras de significados através de palavras,
imagens e sons em forma de informação audiovisual
nestes anos 80 e 90 a pesquisa de campo nas emissoras de televisão
brasileiras e espanholas, nos levou a conclusão de que
funcionam como verdadeiras fábricas de espetáculo
devido aos seguintes elementos e características que
apresentamos a continuação.
2.1. Radiotelevisión Española
Radiotelevisión
Española em Madri, em termos de organização
empresarial como meio de comunicação, é
muito ampla e complexa. É a primeira empresa televisiva
espanhola de caráter público estatal, nascida
no ano de 1956, seis anos depois da chegada da televisão
ao Brasil. Sua estrutura empresarial está formada por
três sociedades: Televisión Española, uma
sociedade anônima com capital exclusivamente do Estado,
Radio Nacional de España, também com capital exclusivamente
do Estado, e uma terceira sociedade Ente Público RTV,
matriz das outras duas sociedades.
TVE
possui três Centros de Produção de Programas
que estão situados em Madri, Cataluña e Canarias,
e mantém Centros Territoriais de Produção
nas demais comunidades autónomas: Asturias, Galícia,
Valência, Aragón, País Basco, etc. Em total,
Televisión Española têm sete canais de TV:
TVE-1, TVE-2, Canal 24 Horas e outros quatro de caráter
internacional emitidos por satélite, como são
os canais internacionais de Hispanoamérica, para Europa
e Ásia.
Com
a plataforma digital, TVE começou o projeto de digitalização
ao colocar em funcionamento o Canal 24 Horas, que na época
era uma experiência nova, a programação
era toda a base de noticias. Com este novo canal a emissora
está em condições de competir no mercado
latino-americano. Em temos de plataforma digital, TVE vinha
atuando com Vía Digital e Telefónica, mas aconteceram
várias brigas e polêmicas, acabando em ruptura
entre eles e agora cada plataforma emite através de seu
próprio canal. TVE, tecnologicamente, está igual
as demais emissoras, utilizando o que há de mais sofisticado.
2.1.1.1. Centro de Producción de Sant Cugat del Vallés
- TVE
O
Centro de Producción de Sant Gugat del Vallés
de TVE também apresenta amplas estruturas organizacionais
em nível de empresa, e é considerado como um dos
centros mais importantes na área de produção
de musicais, esportes, concurso e infantis para toda Espanha.
Na produção de informativos, este centro de Televisión
Española em Cataluña também tem uma produção
ativa e atuante tanto no que se refere ao âmbito local
com programas informativos em catalão como também
colabora significativamente e a diário na produção
de todos os programas informativos, documentais e outros de
nível cultura que são realizados pela matriz de
TVE em Madri, além de participar na produção
de canais internacionais da emissora.
A
tecnologia utilizada também é ponta. Em 1997 o
Centro de Producción de TVE em Cataluña se encontrava
em uma fase intermediária entre o BETACAM e a tecnologia
digital, com cenários virtuais inclusive, além
de possuir câmaras conduzidas por robôs e também
manter equipes de ENG.
2.1.1.2. Centro Territorial de Asturias -TVE
No
Centro Territorial de Asturias de TVE, situado em Oviedo observamos
um certo isolamento e falta de propostas para uma produção
mais local, enquanto se valoriza somente a produção
regional de uma forma mais global e fragmentada. O Centro é
regido por um diretor que responde diretamente à TVE
matriz em Madri, dependendo financeiramente do Ente Público,
como depende também a linha editorial da programação
estabelecida pelos diretores dos serviços informativos
de Televisión Española em nível nacional.
A
produção local não existe e a regional
é mínima, contando somente com uma hora diária
de programas informativos, 30 minutos pela tarde ( de 13.55
horas às 14.25 horas) e 30 minutos à noite (de
20 horas às 20.30 horas). Apesar de o Centro ter o compromisso
de realizar produções em nível local para
qualquer uma das produções dos programas de TVE
em Madri, sejam elas de gênero informativo, cultural ou
documentários que se façam necessários,
além de produzir para o Canal Hispanoamericano ou para
os demais canais internacionais de Televisión Española.
Tecnologicamente
o Centro Territorial de Asturias está em fase de transição,
fase intermediária entre o sistema BETACAM para a implantação
do sistema digital, não obstante, a redação
ainda não estava informatizada, continuava em plena vapor
a velha máquina de escrever.
3.
Antena 3
Antena
3 surge no cenário audiovisual espanhol em virtude da
Lei de 1988, que instituiu a televisão privada no território
espanhol. Quanto a sua organização empresarial,
é uma emissora com grandes infra-estruturas, amplas e
modernas instalações, com várias sucursais
por toda Espanha. Tecnologicamente está em fase de transição
do formato Betacam ao formato digital, e atua também
em conjunto com Telefónica em plataforma digital. Constituiu
um Canal 24 Horas de noticias e internacional e tem na América
do Sul um mercado importante para a distribuição
de seus produtos.
Com
a implantação de uma nova equipe de trabalho nos
serviços informativos, Antena 3 tentou em 1999 revolucionar
seu telejornalismo. Equipe esta formada por antigos profissionais
recém saídos de Televisión Española
que na Antena 3 tem como missão implantar o novo projeto
de tecnologia digital e transformar os informativos como ponto
de referência e na coluna vertebral jornalística
de Antena 3.
Com
a digitalização da informação da
emissora se produz uma mudança total no âmbito
da produção dos informativos, assim como na profissão
e funções jornalísticas, bem como na rotina
de produção do jornalismo.
Sua constituição enquanto empresa se dá
através de grupos de acionistas. Inicialmente teve o
Grupo Goddó (Barcelona), depois se produziu uma mudança
de acionários que está representado agora pelo
Banco Español de Crédito, Banco Central Hispano,
Renvir, Prensa Regional, sendo a empresa operadora o Grupo Z,
atuando desde 1998 com Telefónica na Plataforma Digital.
4.
Telecinco pioneira na digitalização
Telecinco,
a segunda cadeia de televisão privada da Espanha, também
surgiu em virtude da Lei de 1988. Foi criada inicialmente por
três organizações: Berlusconi (Grupo empresarial
italiano); Organización Nacional de los Ciegos de Espaaña
(ONCE) e Grupo Editorial Anaya. A empresa atualmente, depois
de muitas mudanças em seu acionariado, está constituída
pelo Grupo Berlusconi, que segundo a direção de
Marketing da emissora possui a maior parte dos títulos
através do Grupo Finivest-, além de outros acionistas
como o Grupo Correo, Leo Kirch, Bil RTL, ONCE, Banco Español
de Crédito.
Em
termos de produção, Telecinco tem um alto índice
de produção própria, mas também
mantém um alto índice de importação
de outros países estrangeiros, principalmente desenhos
animados japoneses e norte-americanos, assim como filmes e seriados.
Na produção de jornalismo tem sido a pioneira
no tratamento digital da informação, revolucionando
totalmente o conceito de jornalismo eletrônico na Espanha,
mudando completamente a forma do fazer dos profissionais jornalistas.
Tele 5 além de manter a sede de sua matriz em Madri tem
sucursais distribuída por toda Espanha. Inicialmente
criaram as sucursais de Cataluña, País Vasco e
Galícia. Em 1998 estava em formação as
sucursais de Andaluzia e Baleare, ao mesmo tempo que se projetava
montar as surcusais com correspondentes em Bruxelas e Washington.
Além da emissora começar a criar a empresa Atlas,
que é uma agência de noticias.
5.
TV3 Catalunya e Canal 33
TV3 Catalunya é uma organização comunicacional
pública regida pelas leis do governo catalão através
do Parlamento e com uma linha política de atuação
bem definida, cujos objetivos são os de produzir uma
programação televisiva de âmbito regional
dirigida à comunidade auttônoma de Catalunya. Além
disto, cuida tanto da informação local como da
internacional através de muitas sucursais existentes
em toda a Catalunya e em países estrangeiros, como Bruxelas,
Paris, Washington.
Não
obstante, há prioridade ao que diz respeito aos interesses
de Catalunya.
Em
termos de estrutura, TV 3 Catalunya, possui amplas e modernas
instalações; utiliza tecnologia de ponta, ou seja
faz uma mescla entre o formato Betacam, câmaras robotizadas
e tecnologia digital. Além disto, foi a pioneira, inovando
ao implantar em seus serviços informativos equipes de
ENG (Electronic News Gathering) em suas reportagens com o sistema
videotape, possibilitando a transmissão dos acontecimentos
no momento em que ele estava ocorrendo. Há uma mistura
do estilo francês e norte-americano, mantendo logicamente
traços profundos do estilo catalão mediterrâneo
na forma de captar, produzir e emitir informações.
A
televisão catalana tem também uma significativa
produção própria em todos os gêneros,
com muita força na programação jornalística,
além de produzir ficção, séries,
novelas, musicais, concursos, infantis, esportes, não
obstante, há um alto índice de importação
de filmes, seriados, documentários e principalmente desenhos
animados. Seu Canal 33, que é temático com propostas
mais dinâmicas e culturais para um público exigente
e mais jovem. A informação jornalística
é muito reduzida, mas de muita qualidade, diferenciando-se
dos demais telejornais produzidos em Espanha, através
de uma linguagem moderna, onde a palavra, a imagem e do som
são explorados a fim de conquistar um público
mais culto e atuante na sociedade. Aqui também a imagem
e o som são os mais potencializados com imagens virtuais,
bonitas e um som artístico, mas o som ambiente ainda
não é utilizado e valorizado como deveria ser.
6.
Canal Plus
Canal
Plus, outro canal de TV privado em Espanha é emitido
pelo sistema analógico e codificado em transição
para o digital e em 1998 existia um milhão e meio de
assinantes. Um dos grupos mais fortes de acionista era a Socecable.
Não obstante, as participações estavam
divididas, entre os seguintes acionistas: 50% com Socecable
e CNN e o outro 50% com Canal de Satélite Digital. Socecable
engloba o Canal Plus de França, Grupo Prisa e alguns
bancos.
Os
informativos televisivos estavam organizados de forma ainda
provisional com apenas 25 minutos de duração.
Em Madri trabalhavam 70 pessoas e 150 mais na Compañía
de Indústria de Noticias de Televisión que atende
a duas linhas de produção: uma de informativos
de canal Plus e outra para as 24 horas de noticias de CNN. Programava-se
constituir sucursais independentes em Bilbao, Valência,
Andaluzia e Catalunya.
A
concepção de trabalho de Canal Plus, segundo um
de seus diretores era o de um grande debate das equipes de ENG,
cujo objetivo era o de dar a informação antes
que os demais telejornais espanhóis e estrangeiros. A
informação deveria ser fria sem nenhuma opinião
nas 24 horas de transmissão. Outro objetivo deste canal
era o da regionalização da informação,
cujo público pretendido seria o de todos os âmbitos
que se interessasse por informação. A informação
de Canal Plus deveria ter claridade, rigor, objetivo e ordem.
Canal
Plus é um canal privado captado mediante um decodificador
e sem publicidade. Inicialmente seus acionistas eram Prisa (25%),
Grupo March (15'29%), Banco Bilbao Vizcaya (15'79%), Caja de
Ahorros de Madrid (5'26%). A programação estava
então orientada mais ao cinema, o esporte e a arte. Em
1998 a informação ganha nova dimensão e
maior importância.
7.
Organização empresarial das TVs brasileiras
As
empresas de comunicação televisivas brasileiras,
por outro lado, como organizações produtoras de
palavras, imagens e sons na informação audiovisual
até 1998 persistiam o tipo de sociedade empresarial de
grandes monopólios de emissoras privadas, em mãos
de poucas pessoas com características familiares, como
são as Organizações Rede Globo de Televisão,
RBS, Record, SBT, Rede Bandeirantes e extinta Rede Manchete
de Televisão entre outras. Mantém outros ramos
de atividades como com o setor editorial com publicações
de revistas, jornais, livros; o setor fonográfico, de
shows, informático, além de atividades distintas
da indústria cultural como a de gado, construção
civil, de eletrodomésticos, empresas de papel, etc.
Há
ainda a implementação e otimização
das organizações televisivas estatais, federais
e municipais; as TVs Cultura; Educativas, Universitárias
e comunitárias, da Câmara, do Senado; as das diversas
Ongs e com a nova legislação das telecomunicações
brasileiras surgem em 1994 os canais por assinatura com diferentes
empresas operadoras como Multicanal, Sky, etc; com canais como
Canal 21, Rede Mulher, Rede Vida, CBI, TNT, HBO, ESPN Brasil,
Telecine 1, Eurochannel, SPORTV, GNT, Multishow, USA, Fox, Bravo
Brasil, Warner Brasil, Sony, Cartoon Network, Globo News entre
outros incluídos em seus pacotes de assinatura por cabo
ou via satélite. Como se pode ver todos estes canais
são pertencentes a grandes empresas multimídia
com distintas vocações mercadológicas.
8. O espaço dos telediários brasileiros e espanhóis
Em relação ao espaço dedicado aos telediários
nas emissoras de TV brasileiras e espanholas se observa, que
tanto no Brasil como na Espanha, as empresas de comunicação
televisivas passaram a investir de forma mais arrojada neste
gênero (informação). A implantação
sistemática dos canais 24 horas é prova concreta
disto, ou seja a criação de canais temáticos
com segmentos na informação.
A tecnologia digital provocou mudanças profundas na profissão
dos jornalistas do meio eletrônico.
Hoje em dia o perfil do jornalista exigido pelas emissoras de
televisão brasileiras e espanholas é o de um profissional
completo, chamado de jornalista total. Em outras palavras, este
profissional tem como missão realizar todo o processo
de informação em uma redação televisiva
digital informatizada: pensar o tema que deverá ser noticia;
captar a informação no lugar dos acontecimentos;
gravar em câmara digital; voltar à redação,
escrever o texto, gravar o off em seu próprio computador,
editar a matéria com imagens e sons e efeitos de arte
videográfico, também em seu próprio terminal
e colocar em condições de emissão, a noticia,
reportagem ou documentário realizado, e tudo isto sem
sair de seu terminal de computador que está em sua mesa
de trabalho, além de operar a câmara na hora de
captar a informação.
Com
todas estas mudanças trazidas pela tecnologia digital
morrem funções consagradas dentro do telejornalismo
e nascem outras mais modernas e sofisticadas como a de ser um
mediomanager (que tem a função de arbitragem e
ponte entre os diversos profissionais e o sistema digitalizado)
ou um producer que é um diretor executivo de planificação
da informação dentro sistema digital.
Desta
forma a tecnologia digital revolucionou o conceito de produzir
palavras, imagens e sons nos telejornais brasileiros e espanhóis.
O departamento de artes ganhou uma nova dimensão e importância
dentro deste processo produtivo de informação.
Os cenários virtuais, antes físicos, ganham maior
importância, apresentando milhares de janelas através
do uso do videoworld que se abrem por trás, ao lado e
pela frente do apresentador, além da informação
que o mesmo apresentador oferece ao sujeito- espectador, constituindo-se
em um volume de informação nunca antes imaginável
e tudo em poucos frames de tempo.
Esta
linguagem de videoclip, de videogame, é a que está
presente hoje na informação diária dos
telejornais, uma linguagem fragmentada que tenta captar o espectador
mais pela emoção do que pela razão, a compreensão
de se estar informado não existe. A linguagem do cinema,
dos planos e movimentos em fricção são
as que comandam o discurso da ação, do drama e
da ficção em que se transformou os informativos
televisivos.
9.
A palavra, o mais importante
Neste aspecto, a construção da informação
televisiva em relação à palavra, o uso
é cada vez mais reduzido conforme afirmaram vários
dos jornalistas brasileiros e espanhóis por nós
entrevistados: "é cada vez mais simples, mais telegráfico",
como se pôde constatar nos roteiros e scripts dos telejornais
por nós estudados. São roteiros de uma historieta
breve, de um drama, de uma ficção.
Os
manuais de estilo das redações de TV brasileiras
e espanholas trazem normas importantes para o tipo de linguagem
exigido por essa mídia, mas que ninguém as utiliza,
por serem "conceitos profissionais", já incorporados
em qualquer fazer jornalístico, são, segundo eles,
"critérios de sentido comum" em qualquer redação
do mundo. A linguagem coloquial que é a que se deve usar
na mídia televisiva, embora seja rica de expressividade
como são os idiomas português e espanhol não
é valorizada. O texto coloquial dos telejornais dá
lugar a um texto pobre de significados chegando a cair no vazio.
Não
obstante, tanto no Brasil como na Espanha os jornalistas afirmam
ser este texto o de uma "linguagem amena, mais popular
possível, uma linguagem didática", o que
mostra claramente que os jornalistas não têm idéia
para quem escrevem, pois tanto os receptores de telejornais
brasileiros e espanhóis que estudamos quase 100% afirmaram
não compreender o que assistem nos telejornais e, segundo
estes telespectadores, "a palavra é o elemento mais
importante da informação".
No
caso brasileiro notou-se um empobrecimento do texto ainda maior,
enquanto se valoriza cada vez mais a utilização
de imagens mirabolantes, cuja qualidade é a de exportação,
diferente dos telediários espanhóis que utilizam
uma linguagem também coloquial e simples, mas que com
todos os problemas que se pode ter neste tipo de texto, o consideramos
de melhor nível do que os nossos textos brasileiros.
Não obstante, não é em todos os telediários
espanhóis que a sua linguagem verbal é satisfatória.
Apontamos somente dois noticiários em Espanha que utilizam
com toda a expressão e claridade sua linguagem, que é
o de La 2 Noticias y os Informativos de Antena 3.
O
Telediario de TVE-1 é um texto correto, mas sumamente
enfadonho, distante, neutro, pesado, que mesmo com as mudanças
tecnológicas e visuais realizados por Radiotelevisión
Española, em setembro de 1999 a estrutura do texto se
manteve. Telecinco oferece um texto excessivamente coloquial
como é o de Rede Globo de Televisão no Brasil.
O telejornal de Boris Casoy na Record prima por uma linguagem
correta, mas personalista, com um grande perigo de cair na manipulação
pela personificação da informação.
Igual ao que disse William Boner, apresentador do Jornal Nacional:
"o som de Rede Globo é a minha voz".
A
linguagem dos informativos de TV3 Catalunya e Canal 33 são
extremamente corretos e sombrios. Existe um grupo de lingüistas
que velam para que isto ocorra e qualquer deslize é detectado
imediatamente não só pela Comissão de Serviços
Lingüísticos mas também pelo próprio
telespectador catalão, que está vinte quatro horas
do dia atento a cada palavra falada na tela catalana.
10.
O poder da imagem
A imagem ganha mais dimensões, mais poderes, é
cada vez mais espetacular e para isto os cenários, os
set, se revestem de toda tecnologia, são milhares de
janelas, vários monitores digitais, de plasma ou totalmente
virtuais. Atualmente tanto as redações dos telejornais
brasileiros e espanhóis são totalmente digitais,
como é o da Telecinco (Madri). Nela como na Redação
da Globo, da Record, da Bandeirantes, da Cultura e outras TVs
públicas e estatais utilizam o videoworld para fazer
fundos específicos que exigem uma textura e um tratamento
de imagem específicos com os caracteres de luminância,
de inconominância, inclusive de contraste com cores e
iluminação fria ou quente, dando mais volumes,
mais tons significativos, para valorizar ainda mais a imagem.
A
tecnologia e os softwares para a produção de imagens
virtuais vão desde o 3D Estúdio, Maya com várias
paletas gráficas, vários points, câmaras
digitais de estúdio, até equipamentos como o Hagel,
que é um aparelho muito rápido para fazer chamadas
e pós- produções de grande resolução
e de muita velocidade, além de uma livraria digital.
11.
O menosprezo ao som
Até agora o som é menosprezado, principalmente
o som ambiente. Somente poucos telediários espanhóis
e brasileiros o respeitam. Em Espanha comprovamos unicamente
o informativo La 2 Noticias que o utiliza com propriedade, não
manipulando a informação, não tampando
o som original quer seja em russo, chinês ou qualquer
outro idioma. No Brasil o som ambiente sempre foi esquecido,
inclusive por questões de censura e repressão.
Somente agora a Rede Globo se diz favorável ao som ambiente,
mas sempre utilizando-o de forma reticente e não com
toda a sua carga informativa, porque todo discurso da emissora
é o de ver e não o de ouvir (os slogans de Rede
Globo são sempre veja a seguir, a gente se vê por
aqui) e refletir como se supõem que deveria ser, uma
vez que a televisão está feita de palavra, imagem
e som.
Em
geral, as palavras dos entrevistados menos importantes, ou seja
políticos ou personalidades de pouco interesse político
e econômico para estas emissoras são tapadas com
um texto off ou com as palavras do apresentador. Além
disto somente recebem legendas visíveis os nomes de entrevistados
ilustres. Na Rede Globo o povo não fala, como afirmam
vários profissionais da emissora. Não obstante,
no telediários da extinta Rede Manchete, Rede Bandeirantes,
TV Cultura e TV Brasil estes critérios com relação
à palavra, imagem e som são tratados de forma
mais adequada, mas também não totalmente satisfatória
como deveria ser.
12.
As cores e o significado da informação
Em relação às cores que são postas
na imagem dos informativos se estandardizou a cor azul, que
é a cor corporativa dos informativos no mundo inteiro.
A cor azul que segundo o desenho dos cenários, dos "platós",
se vão conjugando, mesclando com algo mais cálido
que é a madeira, os tons amarelos, a frieza do azul com
a madeira além de conjugar-se com a imagem tecnológica
que podem dar os monitores e as pessoas ao redor do set, como
é o caso de Antena 3. Se utilizam também máquinas
como a Liberty, que servem para criar fundos, tudo que é
composição e textura, e outra que é o Collage
que faz todo tipo de legendas, todas as fontes dos caracteres,
e o Sala Liberty que é uma combinação de
máquinas que oferece a possibilidade de fazer produções
e legendas, ou também a Sala VIP que serve para incorporar
gráficos às matérias informativas, como
as que são utilizadas em Telecinco.
As
cores recebem um tratamento por áreas. Por exemplo há
um código de cor, as barras onde vão os epígrafes,
por assim dizer, do conteúdo do que trata cada matéria,
cada reportagem, cada documentário; segundo a área
do que se trata, tem um código de cor diferente. Assim,
o nacional seria azul, a de economia laranja, a de sociedade
amarelo; a de esportes o vermelho; deste modo se diferenciam
claramente as temáticas, como faz Telecinco. As cores
mate e branco servem para difuminar todos os contrastes a fim
de que não incomodem os caracteres, e que todo o texto,
que é o que realmente vai dar a informação
sobre a imagem, vai incrustado dentro da matéria editada
de maneira legível.
Mediante
o teste de cores, os telediários utilizam os códigos
de cores para diferenciar áreas, acudindo a dois fatores
muito elementares: o verde para uma sessão de ecologia.
O azul, para uma sessão de nacional, pois se utiliza
o vermelho para uma sessão nacional ou internacional
se poderia estar denotando críticas, porque esta cor
parece que simbolicamente já denota, não só
conota, senão que denota uma determinada inclinação
Nos
informativos televisivos as cores também estão
pensadas a partir do ponto de vista dos personagens políticos
que acostumam aparecer na tela na informação diária.
Para os artistas e produtores e realizadores de telediários
se faz o mesmo de que com os políticos, que nas roupas
devem utilizar as cores neutras como os azuis ou como os cinzas,
para que não haja uma inclinação simbólica
expressa. Na hora de se fixar os critérios de cores para
as noticias se dá o mesmo: em temas de greve, se sobe,
se usam barras vermelhas; se for o contrário, se utiliza
o verde porque se associa á esperança.
Está
claro que os profissionais têm em conta que em outras
culturas estes códigos de cores não coincidiriam
com o mundo islâmico ou no mundo Oriental, onde os padrões
de medida não são os mesmos que no Ocidente na
hora de compor pictoricamente as imagens. A leitura que fazem
os meios de comunicação é a clássica
do mundo Ocidental, da esquerda para a direita. Por exemplo,
si se faz uma entrevista a uma pessoa e essa pessoa aparece
na tela, ainda que seja um escorço, mirando da esquerda
á direita, a linha que se cria é muito mais dinâmica
que é da direita á esquerda, pois isto lhe dá
um tom mais natural.
13.
A vestimenta é fundamental
Outro elemento importante que influi no resultado final da informação
jornalística que chega ao receptor e que dará
credibilidade ou não à noticia que se está
veiculando, segundo os produtores e realizadores de telejornais
brasileiros e espanhóis é o tipo de vestimenta
que está vestido o apresentador. Para isto há
um tipo de estilistas que se encarrega da roupa dos apresentadores,
que se preocupam em saber que tipo de roupas lhe vão
ficar melhor ou que tipo de tecidos e de cores são as
mais adequadas. Tudo isto, está incluído ao fato
de que o apresentador deve inspirar credibilidade e fiabilidade.
Credibilidade e fidelidade personificadas e que por tanto manipulam
a informação, induzindo o telespectador - que
não se dá conta disto -, a formar uma opinião
determinada.
14.
Planos e movimentos e os cenários físicos e virtuais
Em termos de linguagem utilizada nos telediários ainda
é preciso se levar em conta os tipos de planos e movimentos
cinematográficos usados na construção das
imagens. Os planos mais utilizados, segundo nossa investigação,
são os planos curtos, mas não demasiado curtos.
Planos mais bem á altura do peito, com a câmara
levantada sobre o eixo dos olhos do apresentador, pela composição
e pelos enquadramentos das madeiras do cenário, enquadramento
dos bastante fechados para que fique bem. Não obstante,
cada emissora de televisão apresenta um cenário
diferenciado, de acordo com o seu estilo, com sua filosofia
de trabalho; mas sempre manejando os mesmos conceitos que lhes
impõe a tecnologia moderna.
Os
cenários pesquisados estavam quase sempre inspirados
na imagem da CNN, BBC ou CBS. Somente TV 3 Catalunya procura
dar um ar mediterrâneo e deixar registrado o traço
do desenho catalão que é muito sutil, denotando
sobriedade.
15.
Gêneros informativos
Com relação ao tipo de informação
nos informativos de Rede Globo - diferentemente do que ocorre
nos informativos espanhóis - a política está
presente, mas somente aparecem os que realmente estão
no poder, os demais partidos raramente têm espaço.
Do ponto de vista dos receptores brasileiros e espanhóis
as noticias econômicas e políticas quase ninguém
consegue compreendê-las. As noticias têm um caráter
mais pitoresco, anedótico ou têm ar de drama e
emoção, sucessos, crimes, o mundo "rosa".
Rede Globo dá muita importância ás noticias
internacionais, às científicas com grandes êxitos
conquistados pelos norte-americanos, e também tudo que
se refere a sonhos inimagináveis, um paraíso muito
distante do viver cotidiano da maioria dos brasileiros.
O
esporte também tem espaço significativo na informação
televisiva do Brasil. Não obstante, a informação
esportiva, no caso brasileiro, ganha espaço em programas
independentes, em cada emissora, que em geral antecedem aos
telediários das diferentes faixas horárias da
programação informativa, como por exemplo Globo
Esporte, Show de Gools, Placar Eletrônico e outros que
funcionam como um informativo esportivo que tem espaço
para a noticia esportiva nacional, regional e internacional,
onde entra o telediários de cada estado brasileiro, tratando
de todo tipo de esportes e não só de futebol.
Em
relação á informação meteorológica,
informações sobre o tempo climático de
cada região, à diferença do que ocorre
nos informativos espanhóis, é um tema que só
agora passa ter mais relevância no Brasil. Em 1998 era
uma informação quase nula dentro dos telediários
ou em alguns casos se lhes concede um espaço sumamente
reduzido. Segundo nossa investigação, o telespectador
da zona rural ou o pantaneiro e que é uma audiência
considerável, tem especial interesse por este tipo de
informação, devido ás diferenças
climáticas de cada região e do tipo de atividade
na qual estão inseridos em seu trabalho diário.
Na
Espanha este gênero de informação é
valorizado dentro do informativo ou em espaço adequado
a ele e de forma separada. Observamos que muitos telespectadores
mantém o televisor ligado em determinado telejornal somente
para esperar a hora da informação referente ao
tempo. Além disto as características climáticas
européias impõem uma importância fundamental
a essa classe de informação.
16.
Rotinas de produção
A fábrica de espetáculos da construção
da noticia (palavras, imagens e som) ocorre nas rotinas de produção
dos telejornais brasileiros e espanhóis, se tornando
a realização de um grande acontecimento a cada
dia. O procedimento igual aqui no Brasil e lá na Espanha.
Dependendo da estrutura organizacional de cada empresa de comunicação
televisiva, ou seja, se é pública ou privada,
de âmbito local, regional, nacional ou internacional,
haverá algumas formas de proceder diferentes, ou segundo
a linha política e o formato tecnológico, a rotina
de fazer jornalístico se dará de uma forma ou
de outra, mas em linhas gerais o processo é o clássico:
1-
Primeiramente há um departamento específico para
os serviços informativos formados por uma redação
que poderá ter ou não a redação
de esportes incorporada. Neste departamento, centro ou núcleo
informativo poderá haver divisões por tipos de
programas informativos, os diários, os semanais, os especiais,
os de "sucessos" ou outro gênero. Existe sempre
um corpo diretor de dois ou três diretores para todo o
complexo informativo, que em geral é o apresentador de
telediários.
Tanto
no Brasil como na Espanha o apresentador ou apresentadores participam
de todo o processo da informação, desde pensar
o tema, escrever sobre ele, editá-lo, até apresentá-lo
na hora da emissão do telejornal.
O
corpo de diretores dos telejornais espanhóis têm
mais poderes do que os diretores de telejornais brasileiros
e ocupam um escalão mais alto dentro da hierarquia da
empresa em que atuam que os brasileiros, cuja função
é a de serem somente os editores - chefe, mas não
diretores dos informativos. Não obstante, dentro desta
escala no Brasil se observa que trabalham mais em equipe. Há,
no Brasil, entretanto, casos específicos em que a responsabilidade
dos telediários está em seu editor - apresentador,
como é o caso de Boris Casoy, Paulo Henrique Amorim,
Hermano Hennenging, Luliam Wite Fibe, que têm total responsabilidade
e tomam as decisões sobre a informação
transmitidas em seus noticiários, fazendo o papel de
anchorman ao estilo norte-americano. Os apresentadores brasileiros
ganham maior importância nos anos 90, como é o
caso do casal William Boner e Fátima Bernardes.
Também
os apresentadores brasileiros são considerados verdadeiras
estrelas, grandes estrelas. Tanto no Brasil como na Espanha
há um grande protagonismo dos apresentadores, entretanto
no Brasil, este protagonismo é ainda maior. Também
os repórteres brasileiros têm grande protagonismo
ao apresentar suas matérias nos telejornais o que não
ocorre na Espanha. No Brasil, cada matéria está
montada como um grande show, um grande teatro, principalmente
na Rede Globo. Na rede Bandeirantes, ex - Rede Manchete, TV
Cultura este tipo de protagonismo não ocorre, os jornalistas
dão mais protagonismo á informação.
Não obstante o discurso utilizado é um discurso
culto e crítico, com uma linguagem em nível de
compressão para poucos.
17.
A estrutura das redações
A estrutura e organização das redações
se dão mais ou menos segundo o número de funcionários;
a tecnologia utilizada, os recursos e estruturas materiais são
de acordo com o porte de cada empresa de comunicação
televisiva. Em geral as emissoras que estudamos são de
grande porte, menos as regionais ou de caráter local
como as de Gijón e o Centro Territorial Asturiano de
TVE, em Asturias, mas as demais emissoras possuem amplas redações
informatizadas, estúdios de gravação e
edição, vários estúdios com cenários
e sets para gravação de programas diferentes ou
de chamadas dos telejornais, estúdios para a gravação
do tempo e grande estúdio com cenário especial
para a gravação do telejornal de horário
nobre da emissora, montados com a personalidade e identificação
característica de cada informativo.
Não
obstante, se observou que estes grandes espaços vão
sendo eliminados nas emissoras onde o processo de digitalização
está avançado como é o caso de Telecinco
em Madri e Rede Globo no Rio de Janeiro, uma vez que com a tecnologia
digital todo o processo de elaboração da informação
se realiza praticamente no terminal do computador, não
sendo necessário que se tenha cabinas de gravação
de off, equipamentos de montagem de texto e imagem e mixadores
de áudio tão volumosos e que ocupe muito espaço.
O controle é total por meio de computadores sofisticados,
onde texto, vídeo e áudio estão completamente
integrados em uma só máquina, que permite escrever
a matéria, cobri-la com as imagens e o som, fazendo todo
o processo de edição de uma só vez.
Os
realizadores também estão integrados neste processo
através do computador. Na Telecinco os editores de texto
e editores de imagem e áudio foram todos recolocados
em funções de auxiliares de realização
ou de produção.
18.
A noticia e a não-noticia: prevalece o sentido comum
Com a informatização, a digitalização
ou não das redações televisivas, se observou
que as noticias, a seleção dos temas que serão
noticia ou não se dá da mesma forma em todas as
partes, tanto no Brasil como na Espanha. Existem as reuniões
de pauta (reuniões das diversas editorias) pelas manhas,
nas quais participam os principais editores e diretores dos
telejornais e ainda os chefes de editorias, realizadores, produtores,
apresentadores, alguns repórteres especiais, assim como
os designers e artistas videográficos. Participam também
via teleconferencia ou radio escuta os correspondentes, editores
e diretores das sucursais internacionais seja da Europa, nos
Estados Unidos ou em outro lugar onde estejam sediados.
Os
temas são expostos um a um por editoria para o debate
e apreciação de todos. Depois somente os diretores
e editores gerais decidem exatamente quais os temas serão
trabalhados e formarão parte do espelho ou "escaleta"
(como dizem os espanhóis) que se transformará
no telejornal do dia. O critério adotado por estes diretores
e editores, segundo eles mesmo faz parte do sentido comum do
jornalista, critérios estes que não se encontram
escritos em lugar nenhum, dado que o limite para este critério
no caso espanhol, segundo os diretores e editores entrevistados,
é o que marca a Constituição de Espanha
ou a que marca o próprio chefe.
No Brasil a situação é ainda mais complexa:
os critérios são os que marcam a direção
administrativa das empresas de comunicação, a
lei do mercado e os acertos políticos. Segundo entrevistas
que realizei na Espanha, ficou claro que o Governo ainda tem
um controle muito grande na informação veiculada,
principalmente a televisiva, e na Radiotelevisión Española
esta situação é muito visível. O
que é noticia e o que não é noticia passa
por uns critérios de proximidade, que no caso espanhol
devem ser de interesse dos espanhóis, seja em nível
nacional ou internacional; de espetacularidade da imagem, de
número de mortos, inundações como as da
América Central, desastres, eleições norte-americanas;
quando o Governo espanhol afirme que inicia contatos com o ETA;
já para alguns telediários um tema de violação
não é noticia.
No
caso de selecionar o que vai ser noticia ou não se observou
que depende muito do estilo, do formato e da linha editorial
que segue cada telejornal. No La 2 Noticias (RTVE), por exemplo,
se recortam as informações políticas de
temas saturados ou difíceis como os econômicos
para dar como noticias, umas histórias que segundo seu
editor - chefe e apresentador do telejornal, Lorenzo Milá
"nem sequer são noticias", ou seja, "suavizam
a informação árida contando-a de uma forma
mais compreensível", em contraste com o Telediário
de TVE-1, que se estende em demasia em todo tipo de noticia,
principalmente as governamentais, de política, internacional,
econômica, esportiva, que em geral não são
compreendidas pela maior parte dos telespectadores.
Por outro lado, como ocorre no Brasil, os temas urbanos são
mais valorizados com um total menosprezo pelos temas locais,
do campo, das zonas rurais. Este tipo de público simplesmente
não é público para os quais vão
destinados os telejornais, segundo vários diretores e
editores entrevistados tanto no Brasil como na Espanha.
19.
As fontes de informação
As fontes de informação também são
as tradicionais: rádio, impressa escrita, outras emissoras
de TV; agências de noticias nacionais e internacionais
como a EFE, France -Presse, Europa Press, Reuters; as fontes
oficiais do governo, coletivas; as fontes pessoais dos jornalistas
e ainda a CNN, Eurovisión, Retevisión e Forta
(no caso espanhol). No Brasil o procedimento é o mesmo;
destacamos o desequilíbrio existente entre Norte-Sul-Sul-Norte
enquanto a difusão de informações referentes
aos países latino-americanos, africanos, asiáticos,
ou seja terceiromundistas em relação aos países
primeiromundistas. A desigualdade de acesso e difusão
de informação ficou patente, principalmente ao
grau de manipulação. Se observa que as noticias
que se emitem sobre América Latina ou África são
menosprezadas, de conflitos, de miséria como se nada
acontecesse de maior importância nestes países,
enquanto todo gênero de noticia internacional enchem os
espaços de todos os informativos brasileiros.
20.
Conteúdo: eficácia da comunicação
televisiva
Os noticiários de horário nobre que estudamos
no Brasil e na Espanha, um total de 40 informativos, constatou-se
que a comunicação estabelecida por eles não
conseguem obter a eficácia entre uma parte significativa
de seus receptores: no caso estudado, os trabalhadores rurais
pontoneiros (Pantanal) e os trabalhadores rurais de Gijón,
Asturias. Se detecta que o público desses informativos
são os da cidade, urbano, com um certo nível de
escolaridade e faixa etária entre os 20 a 45 anos, constituído
de profissionais liberais, executivos, intelectuais e empresários
bem - sucedidos, que em geral não se utilizam apenas
dos telejornais para se informarem.
21. Estudo das variáveis do formato estrutural dos programas
informativos brasileiros e espanhóis
Estudados o espaço onde são produzidos os telejornais
brasileiros e espanhóis, as rotinas de produção
e os profissionais jornalistas no ambiente televisivo; a forma
de emissão e recepção, analisamos o formato
estrutural destes informativos referentes a sua narratividade
da imagem, do som , da palavra, dos planos e movimentos; do
uso da publicidade; do tempo de duração de cada
noticia; do número de noticias, do gênero da informação;
do tipo de apresentação das noticias; dos elementos
de composição internos e externos da noticia;
dos aspectos cronológicos das imagens e dos acontecimentos;
do conteúdo das noticias; do âmbito da temática
de cada noticia; da tipologia dos enunciadores; da valorização
do informador ao apresentar a noticia; da ênfase verbal,
gestual e imagética; da relação da locução
em relação á imagem entre outros aspectos.
Os
telejornais estudados de Brasil e Espanha se deu em correspondente
período igual para ambos os países, emitidos nos
dias 19 a 23 de outubro de 1998, onde foram analisados elementos
de narratividade segundo propõem Francis Vanoye e Anne
Goliot-Lété. Apenas para ilustramos esta exposição
demonstraremos três variáveis: os da palavra, da
imagem e do som. A noticia que apresentaremos é a referente
ao acordo de paz proposto pelos EEUU entre Israel e a Palestina,
do dia 23 de outubro de 1998. O espaço - forma das imagens
desta noticia foi assim analisado:
O
espaço - forma das imagens desta noticia teve apresentação
de locução pelo apresentador ou por um locutor
especial em off, com imagens das agências de noticias,
principalmente da CNN. Os telediários espanhóis,
devido a diferença de fuso horário, não
deram a noticia de acordo de paz como um fato confirmado e ocorrido.
Suas imagens eram anteriores ao fato ocorrido, eram imagens
de arquivo, e houve uma utilização indiscriminada
de fotografias para ilustrar o texto - locução,
que não confirmaram e nem completaram a informação
pretendida.
Os
telediários brasileiros deram a noticia do fato concreto,
mas houve abuso também de utilização de
fotografias e somente Rede Globo ofereceu informação
desde o lugar dos acontecimentos. No caso espanhol, somente
a televisão catalã, TV3 Catalunya, apresentou
a noticia através de correspondentes em Washigton, cidade
onde foi assinado o acordo de paz. O problema com o som ambiente
continuou o mesmo da noticia veiculada no dia 18 de outubro
de 1998: o tapavam por completo com locução em
off ou o mesclavam de forma a torná-lo totalmente incompreensível
(Ver gráfico abaixo).
Vejamos também esta mesma noticia quanto a sua narratividade
em relação às imagens.
A
noticia Acordo de Paz mostrou claramente que as imagens narradas
não respondiam praticamente a nenhuma das perguntas clássicas
da informação. A narração da imagem
foi de total predomínio do QUEM?, isto é colocando
em evidência aos políticos como sujeitos da ação,
com maior protagonismo para a figura de Bill Clinton. Neste
caso os telediários brasileiros responderam um número
maior de perguntas, mas o QUANDO?, o COMO? e o POR QUÊ?
Tampouco foram respondidos, revelando que as imagens não
informaram adequadamente sobre o desenrolar dos fatos realmente
ocorridos. Ver gráfico abaixo:
Em
relação aos elementos verbais do tempo e desenvolvimento
cronológico da noticia estudada, os aspectos cronológicos
do texto, ou locução dos fatos a análise
desta mesma noticia nos dias 19 e 23 de outubro de 1998 foi
a seguinte:
A
leitura dos dados obtidos na análise das noticias estudas
dos dias 19 (Atentado) e 23 (Acordo de Paz) de outubro de 1998
nos telediários brasileiros e espanhóis pelo que
se refere aos aspectos cronológicos do texto - locução
e da narração em tempos verbais estiveram misturados
em passado, presente e futuro com predomínio do tempo
verbal no passado no dia 19 de outubro e no futuro no dia 23
de outubro de 1998. Ver gráficos abaixo:
Com
relação á narratividade do som desta notícia
estudada nos telejornais brasileiros e espanhóis, constatou-se
que:
As mensagens veiculadas responderam as perguntas que constituem
a narrativa do som, não obstante, esta narrativa estava
na voz dos enunciadores e dos protagonistas (políticos,
especialistas no assunto, fontes especiais, comentaristas) das
ações. Também uma grande maioria fez uma
mescla das perguntas em sentido inverso ao processo normal da
informação: sujeito - verbo - complemento, dificultando
a compreensão global da informação. Ver
gráfico abaixo:
22.
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